2. BEIJOS E PULSEIRAS

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Gaby morava mais afastada da Praia, Victor e eu fomos caminhando, embora eu tivesse muitas perguntas sobre a França (e o povo francês) ficamos conversando sobre coisas aleatórias. Séries, filmes, livros.... Tudo foi agradável, até que cheguei na casa da Gaby.
Gaby morava em São Paulo no começo do ano, porém no meio do ano ela se mudou para Mongaguá, ela estudava na mesma escola que eu, mantivemos contato e era ela uma das melhores pessoas que já conheci. Um pouco manipuladora, mas eu me saía bem em seus jogos.
O portão da casa dela era baixo, marrom e do lado direito havia flores rosas, eram muito bonitas.
-Gaby! -Chamei, batendo palma. A mãe dela apareceu na porta da frente, e veio caminhando com um sorriso no rosto.
-Pietro!- Disse a mulher, abrindo o portão. -Gaby está lá dentro.
-Obrigado, dona Genina! -falei. - Esse é Victor, um amigo.
****
Gaby estava sentada no sofá azul da mãe dela, deslumbrante como sempre. Seu cabelo loiro comprido, era liso ao extremo, e assim que ela levantou pude ver seus olhos azuis.
-Pietro! -Ela gritou, e correu pra me abraçar. -Uau, você está lindo!
-Olho só quem fala! -Digo, e por um momento me esqueço de Victor. -Esse é Victor, um amigo.
-Olá, Victor! -Gaby disse com um sorriso malicioso no rosto. - você também é bem lindinho.
-Obrig...ado- Victor corou, e não sei exatamente o motivo, mas achei fofo.
-Vamos lá pro jardim lanchar! -Gaby propôs, e aceitamos.
******

Nos fundos da casa dela havia uma imensa piscina, e uma mesa redonda gigantesca, com todo tipo de comida que se podia imaginar, a família de Gaby era muito rica, donos de várias lanchonetes, quiosques e pizzaria. Sentei ao lado dela, e Victor e dona Genina na nossa frente.
-Victor, me fala um pouco de você. -Disse Gaby, comendo um pão com salsicha.
-Bem, meus pais se mudarão pra França quando eu tinha 10 anos, 6 anos se passarão e eu ainda moro lá, vim passar férias com minha tia, meus pais são executivos.
-Uau, sabe que eu já morei na Escócia? Mas foi quando eu era muito jovem, amo muito o Brasil! -Disse dona Genina. Gaby revirou os olhos, entediada.
-Bem, se eu pudesse eu moraria no Brasil também. -Victor respondeu, e o sol apareceu, clareando metade de seu rosto, e eu fiquei admirado com o brilho castanho de seus olhos.
-É, Pietro, vamos lá pro meu quarto, quero te mostrar algo. -Gaby se meteu, levantando da mesa. -Victor, se importa de ficar aqui com minha mãe?
-N... Não. -Victor respondeu. E eu pude notar que ele ficou sem jeito, e eu não queria deixá-lo sozinho, mas seria rápido.

****
O quarto de Gaby era imenso, uma parede inteira era dourada, e a do canto havia pôster da Demi Lovato, 1D, Justin Bieber...
-Então, o que você queria me mostrar? -Perguntei para Gaby.
-Nada! -Ela respondeu sentando na cama. - Esse Victor, você gosta dele? -Ela perguntou, e eu sentei ao lado dela na cama.
-Gosto-respondi-Ele é bem legal!
-Não Pietro, não desse jeito... Sabe... gostar!
-Como assim? -Eu tinha uma ideia do que ela estava me dizendo, mas era melhor não falar nada.
-Ai Pietro, você é muito inocente. -Isso era uma grande mentira, eu sabia exatamente o que ela estava insinuando, mas não queria contar nada pra ninguém, além do mais, eu mesmo não sabia nada dos meus sentimentos.
-Sabe, você é tão bonito, você.... já beijou, Pietro?
-É.... Gaby, o que você tem? - Fui interrompido nesse momento, Gaby se jogou em cima de mim, e seus lábios tocarão os meus, depois nossa língua se encontrou, e o beijou saiu, babado, e sem sincronia, eu mordi a língua da garota umas duas vezes.
-Pietro -Foi o que ouvi, mas continuei beijando, a porta se abriu, e eu me afastei da Gaby. -Des...Desculpas! -Era o Victor, que tinha entrado no quarto e visto tudo. -Eu só queria dizer que estava indo embora.
-Ok, eu vou também! Tchau, Gaby! -Disse, me levantando rapidamente e puxando a mão de Victor pra saída. Foi uma das piores experiências da minha vida, e se beijar fosse aquilo, eu não quero mais, obrigado!
****

Os coqueiros sacudiam com a ventania, assim como meu cabelo e o de Victor, ele estava calado o caminho todo, e eu puxei assunto.
-Sabe, aquilo que você viu foi o meu primeiro beijo. -Falei, triste.
-Sério? -Victor sorriu. -E como foi?
-Foi... foi péssimo! Tudo estava péssimo, a pessoa, o lugar, o clima.
-Sei como é... -Ele respondeu. -O meu primeiro beijo, com treze anos foi um desastre também! Mas, depois veio melhores, NÃO excelentes, mas melhores.
-Nossa! -Falei, puxando um cartaz de um coqueiro enquanto caminhávamos. "LUAU MARÉ ALTA, HOJE AS 22 HORAS, NA COSTA." -Vamos? -Mostrei o cartaz ao Victor, que sorriu.
-Eu topo!

****
Victor interfonou pro meu apartamento as 21 horas, pedindo para que eu subisse ao último andar, aonde fica um sacada muito linda, que dava uma vista para toda a cidade. Ele estava segurando o parapeito quando cheguei, usava uma bermuda colorida e uma regata azul, eu estava com um short branco e uma regata preta.
-Olá! -falei.
-Oi! Que bom que você veio.
-Ué, por que? - perguntei.
-Sabe, você é muito legal, e eu vi isso em uma lojinha e comprei pra você! -Ele me entregou uma caixinha embrulhada e eu abri, dentro havia uma pulseira grossa branca, com um tritão no meio, era incrivelmente linda!
-Uau, obrigado, é linda! Não precisava... eu não, não comprei nada para você. -Falei sem jeito.
-Sem problemas, só achei bonita, e por isso combina com você. -Senti minhas bochechas ficarem vermelhas, e sorri, colocando a pulseira no pulso.
-Victor, você é.....
-Sou o que? -Victor perguntou, e eu corei mais ainda.
-Muito legal! E.... posso te perguntar?
-Claro!
-Victor, você é gay?
-Não! Você é?
-Não.... -Respondi. -Não sei. -Sorri de lado.
-Bem Pietro, eu gosto de pessoas, sou bissexual. E você vai se encontrar também! -Victor respondeu, e parecia que eu estava flutuando para outra dimensão, não acredito que perguntei aquilo!
Sorri forçadamente, deixando escapar um "RÃM" como risada.
-Bem, vamos pro luau? -Perguntei.
-Vamos nessa! -Victor respondeu.
Eu não sabia o que estava por vir, mas a sensação de queda que meu cérebro mandava para minha barriga sabia.

O VERÃO DA MINHA VIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora