O Colosso

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"Assim que senti o cheiro de tabaco tomar o ar, me prontifiquei, sabia que havia chegado a hora de, mais uma vez, escrever aquilo que me diziam.Além das manifestações de cada um, reparo também que são espíritos singulares. Obscurus venera e corteja a morte de forma ímpar, além de ser nitidamente de outras paragens, insanas e lúgubres. Pipo, aquele cujo qual será meu guia agora, retrata mais como um cronista, como se ele tivesse vivido ou visto tais situações, dando cada mísero detalhe da tortura ou da forma como aconteceu cada repugnante cena como se fosse algo do cotidiano. Obscurus corteja o morte... Já Pipo, diz como ela vem"


Havia a fortaleza, e dentro dela, o tesouro. Uma construção simples, porém aterradora,um grande cubo, com paredes rústicas marrons, cheia de veios e trincas, manchadas com os mais diferentes tons de vermelho, vermelho sangue... Aquela construção geométrica e imensa havia apenas uma entrada e uma saída. Uma enorme porta de ferro em formato triangular, branca e brilhante, quase hipnotizante.

A paisagem diante daquela fortaleza era mórbida, diversos corpos em vários graus de decomposição e máquinas quebradas, um verdadeiro cemitério sem covas, com mortos expostos a céu aberto dando ao lugar um ar pútrido e sombrio. Não havia vida ali, animais, arvores, grama... nada.Todos aqueles cadáveres orgânicos e mecânicos pertenciam à aqueles que tentaram pegar o tesouro dentro daquele cubo impenetrável e pagaram sua ganância com a vida.

Na frente da fortaleza,havia uma figura negra que contrastava com os portões alvos. Uma armadura colossal, fosca, com duas esferas verdes na face representando seus olhos, uma grande máquina, de aparência desajeitada, com inúmeros tubos em seus ombros expelindo uma fumaça amarelada. Nas juntas dos membros superiores e inferiores, emanava uma luz de dentro da besta metálica, a energia que o mantinha vivo, além das manchas rubras e escuras, havia uma pequena porta circular no centro de seu peito. Foi colocado ali pelo seu antigo mestre e dono do tesouro, para proteger a fortuna de qualquer um que não fosse ele próprio.

Bjorn e Crawler,vagavam pelas bibliotecas de todo o mundo, colhendo informações e conhecimentos para encarar o desafio do colosso. Bjorn era um ser truculento e careca, alto, com ombros largos e músculo visivelmente definidos, uma grande criatura humanoide, dotado de força e vigor,porém, de intelecto limitado. Já Crawler era magro e esguio, sua pele era quase albina e de um aspecto doentio, as veias de seu braço e pescoço eram nítidas, como pequenos fios verdes e opacos pulsando por debaixo da fina e alva pele.

Juntos trabalharam por um longo tempo em uma máquina, uma forma geométrica de vinte faces,azulada e cristalina de onde uma pequena luz avermelhada pulsava. O Cérebro Eletrônico era um projeto de Crawler para armazenar toda e qualquer forma de conhecimento, uma inteligência artificial com informação sobre os mais diversos assuntos do universo.

Depois de anos e mais anos colhendo e guardando informações, eles decidiram então encarar o abissal colosso que guardava os portões da fortaleza. O desafio era simples, ele fazia uma pergunta e esperava uma resposta,se não respondesse rapidamente, o intruso ia fazer parte daquela paisagem morta e nefasta.

Durante a viagem dentro da nave em direção às terras da fortaleza, os dois se olhavam,tensos e nitidamente apreensivos:

- Quem irá lá encarar o monstro? - Perguntou Bjorn com uma voz baixa porém titânica.

- E isso difere? Com o Moira nada vai dar errado, aquelas portas irão se abrir num piscar de olhos após responder as perguntas. - Respondeu ironicamente Crawler.

- Ok, então eu irei...- Bjorn suspirou e como quem quer tirar uma angústia do peito, se dirige ao seu amigo - Crawler, somos parceiros a tanto tempo... quero te pedir uma coisa...

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⏰ Última atualização: Oct 20, 2016 ⏰

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Cartas da Hora Morta - Psicografias de uma alma atormentadaOnde histórias criam vida. Descubra agora