Minha mãe foi o caminho todo reclamando de uma nova ruga no seu rosto. Eu não via nada. Minha mãe é loira natural, magra, alta, com quase cinquenta e cara de 25 (claro que algumas cirurgias plásticas ajudaram ela a ter este corpo de hoje).
Já eu sou mais parecida com meu pai. Baixinha, morena, olhos mel e cabelos castanhos. Com umas poucas curvas e seios fartos, o que fazia minha mãe me considerar gorda.
-Será que dá pra você prestar atenção em mim? Que mal eu fiz ao mundo pra ter uma filha tão desatenta como você? Chegamos bonequinha. Desce por favor. Eu tenho que ir na Matriz hoje ainda.
Descemos em silêncio e fomos direto para a sala da Dra Julia, minha médica desde sempre. Minha mãe não gostava muito dela, minha mãe não gosta de ninguém na verdade. Julia, como sempre, nos recebeu com um sorriso.
-Oi Liah, Sra Albuquerque. É um prazer vê - las. Já deixei tudo pronto pra recebê - la Liah.
Entrei pegando direto o pote de jujubas que tinha na sala dela. Qual foi? Ela é clínica geral, minha médica desde sempre e eu me recusei a deixá - la .
-Então Liah, qual seu problema?
-Eu tenho me sentido muito indisposta ultimamente, enjoada e um pouquinho tonta.-Respondi entre uma jujuba e outro enquanto mina mãe olhava tudo com ar de superior.
-Qual a frequência desses sintomas?
-Não tem uma frequência exata. Tem dias que é insuportável e outros que eu não sinto nada. Tirando os enjoos, estes me brindam todas as manhãs.
Dra Julia deu uma olhada em minha mãe e assumiu um olhar preocupado.
-Vá ao laboratório e tire uma amostra de sangue, eles sabem o que é pra fazer. Em meia hora no máximo teremos o resultado. Talvez menos porque pedirei urgência.
-Você acha que é algo grave?-minha mãe perguntou.-Afinal você tem que está em Boston semana que vem.
-Não, só quero eliminar algumas dúvidas. A urgência é porque a filha do patrão não pode esperar.-falou sorrindo.
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Se passaram quinze minutos mas pareciam uma eternidade. Eu já estava começando a ficar nervosa. Não queria que nada atrapalha - se minha ida pra Boston. Eu queria recomeçar lá, fingir que sou outra pessoa e esquecer dos momentos ruins que passei aqui e do Guilherme.-Oi bonequinha.-meu pai falou beijando minha cabeça.
Sorri para ele.
-Então Lídia, é muito grave?
-Não sabemos ainda, mas se fosse e ela precisasse de você para viver já tinha morrido.
-Eu vim o mais rápido que pude- falou envergonhado- Não podia abandonar meus pacientes.
-Mas podia abandonar sua família.
Antes que meu pai tivesse a chance de responder, o que eu duvido que faria visto que ele é muito good vibes pra isso, Julia me chamou.
Não gostei nada do olhar na cara de Julia, ela parecia preocupada.
-Então Julia, o que a Liah tem?- mamãe perguntou impaciente.
-Bem... a Liah está grávida.- ela falou baixo.
-O QUE?-minha mãe gritou.
-Liah está grávida, de cinco a seis semanas pra ser exata.
Minha mãe tomou o exame das mãos dela bruscamente.
-Isso aqui só pode estar errado.
-Sinto muito Sra Albuquerque, o exame de sangue nos dá 99,9% de certeza.
-Mas a Liah é virgem, não é Liah?- meu pai perguntou, saindo da inércia.
Não respondi, só olhei pra baixo chorando sem parar.
-COMO VOCÊ PODE SUA VAGABUNDA? COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO COMIGO? COM A NOSSA FAMÍLIA?
-Eu vou sair pra vocês converarem-Julia falou, mas antes disso apertou meu ombro, como se para me passar conforto.
Levantei meu olhos pra encarar a ira nos olhos de minha mãe e o desapontamento nos do meu pai.
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Tudo Por Você
ChickLitLiah tinha uma vida perfeita, ou pelo menos era o que sua mãe e todas as pessoas ao seu redor repetiam. Há um plano para ela, para sua vida que foi traçado desde o seu nascimento e tudo estava indo bem até o dia no qual o "príncipe" encantado final...