Capítulo 4

35.1K 2.9K 46
                                    

Levei quase 15 minutos rodando de taxi até eu decidi meu destino e agora eu estava parada em frente a minha última opção. Não que ela fosse menos importante em minha vida, não era. Mas se as duas pessoas mais importantes da minha vida tinham me virado as costas eu estava meio descrente no mundo.

A reação da minha mãe, apesar de me machucar, não me surpreendeu muito. Essa era Lídia Albuquerque, a mulher que se preocupava mais com o que os seus amiguinhas da alta sociedade iriam pensar do que com o bem estar das pessoas ao seu redor. O que estava me magoando de verdade era a reação de meu pai.

Eu sei que ele sempre tomava partido de minha mãe, evitava confusões e discussões ao máximo,  mas eu esperava outro comportamento dele. A iludida aqui esperava que ele mandasse dona Lídia calar a boca e me abraçasse e falasse que tudo iria ficar bem. Eu criei uma imagem de meu pai como um super herói, porém quando eu mais precisei ele se negou a me salvar.

Você deve estar se perguntando agora o porque de eu ter deixada o Guilherme sair ileso de toda a história. E a resposta é simples.

Porque eu sou uma idiota e quis defender o carinha que eu gosto. Meu motivo foi ridículo porém foi o melhor. Nesses quinze minutos eu pensei ben na situação e vi que caso eu o entregasse duas coisas básicas iriam acontecer:

1- Eu iria deixar minha mãe ainda mais irritada, já que eu "seduzir" um dos filhinhos de uma de suas amigas. Garoto esse que não era qualquer garoto, mas O garoto, o menino de seus olhos.

2-Tendo em vista seu comportamento nos últimos dias duvido que ele me apoiasse, pelo contrário,  iria me expulsar de sua casa e de sua vida também.

Quanto ao bebê, não posso dizer que já o amo ou gosto dele e muito menos que estou feliz. Eu não queria bebê nenhum nesse momento da minha vida. Mas ele tá aqui, nada posso fazer a não ser aprender  a viver com as consequências de meus atos. Foi assim que fui ensinada. Felizmente ou não.

Respirei fundo e paguei o taxi, que deu uma pequena fortuna  (exagero meu, admito) o que me lembrou que eu tenho que economizar todo dinheiro que eu puder pra sustentar um bebê agora que já não tenho papai e mamãe pra me dar dinheiro .

Criança custa caro. E quando ele entrar na escola? Não quero nem imaginar. Mas não vou pensar nisso agora, a coisa de cada vez.

Paguei ao taxista com um dos cartões de crédito que meus pais pagavam e adicionei até um bônus. Não era só pra se vingar de meus pais, eles não iriam falar por causa daquele bônus, é  que de certa forma o taxista me ofereceu conforto.

O porteiro me cumprimentou e me deu passe livre, só avisando que ela tinha acabado de chegar. Tentei sorrir pra ele mas saiu mais como uma careta, nem pra atuar tinha forças hoje.

Escolhi subir de escadas, afinal era só o terceiro andar e eu tinha que tomar coragem. Não sei o que faria se a terceira pessoa mais importante da minha vida me abandonasse também.

Respirei fundo e toquei na porta. Fui recebida por um sorriso cativante.
-Bonequinha, não sabia que você estava vindo.

Quando olhei pra tia Lília, uma cópia menos plastificada e mais nova da minha mãe, não pude mais segurar as lágrimas.

-Hey bonequinha, aconteceu alguma coisa?- como só consegui responder com mais lágrimas ela me puxou pra dentro e me abraçou- Liah você tá me deixando preocupada. Não fica assim não. Me conta o que aconteceu.

Tentei abri a boca pra explicar a ela o que estava acontecendo. Aposto que ela não me trataria tão bem depois que eu contasse a verdade.

-Vem aqui bonequinha- ela falou sentando no sofá e me puxando pra deitar com a cabeça apoiada  no seu colo- Não precisa falar nada agora. Chore tudo que tem pra chorar e depois a gente conversa. E então eu visto minha armadura reluzente pra resolver tudo.

Abri um sorriso minúsculo.

Acho que meu super herói e na verdade uma super heroina.

Tia Lília começou a cantar pra mim, como fazia quando eu era criança.
E com seu carinho chorei expulsando toda dor de dentro de mim.

Tudo Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora