Capítulo 5

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Acordei rezando para que tudo não passasse de um pesadelo. Mas não era. Eu estava no sofá da tia Lília, que estava na poltrona, assistindo televisão com uma xícara de café na mão.

-Que bom que você acordou bonequinha.

-Que horas são?

-16:30 - ela falou olhando o relógio.

-Você não foi trabalhar?

-Não. Expliquei que estava com problemas pessoais e eles me liberaram.

-Desculpas tia. Não queria te atrapalhar.

-Você não atrapalha bonequinha. Tá se sentindo melhor?

-Sim. Muito obrigado.

Ela voltou a atenção para a televisão. Respirei fundo. Não podia enganá - lá.

-Tia eu preciso te contar uma coisa e...

-Eu já sei de tudo.-ela falou me olhando seria.

-Sabe como?

-Eu liguei pro seu pai. Desculpa bonequinha, mais eu fiquei preocupada. E mesmo que eles não soubessem nada achei que seu pai iria querer te ajudar. Acho que estava enganada.-ela lá falou essa última parte como se doesse.

Ficamos em silêncio nos encarando por uns segundos.

-Eu não vou te atrapalhar mais. Eu já tô indo e...

-Indo pra onde Liah? Pelo amor de Deus.

-Meus pais te contaram que eu tô grávida?

-Claro que sim. Mas não é porque você tá grávida com 18 anos que deixou de ser minha sobrinha e muito menos minha bonequinha. Você vai ficar aqui e não se fala mais nisso.

Comecei a chorar de novo.

-Obrigada tia.

-Nossa, você ainda duvidou que eu iria querer que você ficasse aqui. Tá achando que eu sou a cobra da Lídia é? Falando nisso quero matar aqueles dois. Acho q fui expulsa da família também, coisa que sua mãe já queria fazer a muito tempo. Gritei horas com seu pai e quando ele desligou em minha cara liguei pra sua mãe e gritei com ela também.

-Eu não esperava isso de meu pai tia.-falei entre lágrimas.

-Nem eu meu amor. Me desculpa falar, mas seu pai é um banana. Ele tá sofrendo, não queria que você saísse de casa. Mas por incrível que pareça ele parece gostar da sua mãe. Isso ou ela desenvolveu uma tecnologia pra controlar ele. Acho essa última opção mais viável já que é impossível que alguém goste daquela lá.

-Tia...

-Desculpas bonequinha. Você aí sofrendo e eu enfiando o dedo na ferida. Eu tô no seu lado. Vou te ajudar com tudo. Pode contar comigo.

-Tia eu quero te contar tudo. Preciso contar pra alguém.

Ela confirmou com a cabeça.
Então comecei a contar. Desde a idéia idiota de minha mãe de fazer a festa, ao jeito que o Guilherme me olhou até o dia de hoje onde eu descobri a gravidez.

Tia Lília acompanhou cada detalhe com atenção. Eu vi sua expressão de raiva quando contei do Guilherme e ela chorou junto comigo pela reação de meus pais e pelos sonhos que tive que abandonar. Quando eu terminei ela me abraçou forte e choramos juntas.

-Eu te amo bonequinha e não vou a lugar nenhum. O Guilherme...- fiz um sinal como se pra deixar pra lá. Não quero falar dele. Nunca mais.- Eu sei que você teve que abandonar seus sonhos mas você pode seguir novos. Eu apoio sua decisão de ficar com o bebê. Agora você tem que tirar forças dele pra seguir com sua vida. Seja forte por vocês dois.

Íamos começar mais uma seção de fofura quando o interfone nos impediu.

Tia Lília levantou a contra gosto e atendeu.

-Oi seu Josias... uhum... Diz a ele que hoje eu não vou poder não...

-Quem é?-Perguntei curiosa.

-Só um minuto seu Josias. É só um carinha com que eu brinco as vezes.- Então ela deu uma gargalhada.- Você não é mais criança, que besteira a minha. Brincar - outra gargalhada - Você tá grávida, já sabe umas coisinhas. Ele é um carinha com quem eu faço um sexo quente e gostoso.

-Eca tia.-falei com um meio sorriso- Então porque tá dispensando ele?

-Quero passar a noite só com você.

-Mais eu tô tão cansada tia. Vou só comer algo, tomar um banho e dormir. Vou ser uma péssima companhia e você vai acabar a noite inteira sozinha. Não dispense seu homem não.

-Ele é meu amigo. Tem certeza?

-Claro.

-Tá bom então. Mas a gente vai assistir um filme por aqui mesmo, pra não te deixar sozinha.

-Só sejam silenciosos, por favor.

Ela deu outra gargalhada e eu sai sorrindo.

-Manda ele subir Josias.

Esse era um dos motivos pelo qual eu amo minha tia. A cinco minutos atrás achei que minha vida tinha acabado e agora estava aqui sorrindo e com esperança de que tudo daria certo.

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