Pov – Ryan
Os médicos estão envolvidos em todo tipo de atendimentos quando finalmente coloco a mulher sobre uma cama improvisada. Tudo aqui é improviso.
―Gary começa o atendimento ao bebê. – Peço enquanto eu mesmo vou colocando a mulher no soro e medindo sua pressão, batimentos. – Como ele está? – A adrenalina dos primeiros procedimentos sempre me deixam completamente desperto. Mil coisas acontecem na cabeça de um médico nesse momento, desde as primeiras aulas de biologia no colégio até as difíceis primeiras semanas de residência. Decisões precisam ser tomadas. Tem todas as possibilidades que precisam ser descartadas e as precauções e tudo em segundos.
―Ele está estável. Apenas fraco. – Continuo minha luta. Aparentemente não é nada além da fraqueza e suas consequências. Ideal seria um exame de sangue ao menos para um diagnóstico mais preciso.
―Ryan. – David entra na sala. – Precisamos de você na outra sala. Ferido a bala. Região do abdômen. Continuo daqui.
Olho para a mulher um longo momento, depois para o bebê. Quero ficar, quero terminar isso. Mesmo assim preciso me colocar como um dos poucos cirurgiões e deixo a sala.
Perder é sempre difícil. Retiro as luvas e a máscara depois de anunciar a hora da morte. A bala perfurou muitos órgãos, fez um grande estrago e mesmo que estivesse em uma sala de cirurgia com tudo que fosse necessário ainda assim não teríamos vencido.
―Vou avisar o grupo dele. Soldados. Eles odeiam essas notícias. – Richard é o chefe de todo nosso trabalho aqui como médicos sem fronteiras. Vez por outra tem que administrar esse tipo de estresse, soldados que eles acham que temos que salvar seja lá como. Dos dois lados. Milicianos vez por outra exigem o mesmo. Soube de histórias de médicos que tiveram que fazer cirurgias com armas apontadas para eles ou seus pacientes.
Dou a volta no prédio pequeno. Uma antiga construção caindo aos pedaços que foi adaptada. Vou até meu pequeno alojamento, troco o avental ensanguentado, lavo o rosto e me sento um longo momento.
O rosto da mulher e seu bebê me voltam a mente. Penso que ela poderia estar morta assim como o bebê se eu não tivesse insistido em continuar as buscas.
Passo pela nossa pequena cozinha. Tomo uma xicara de café forte e depois vou saber da minha paciente e seu bebê. Quando entro na sala ela dorme. O bebê também. Sinto seu pulso. Confiro o soro. Faço o mesmo com o bebê.
―Eles estão bem. – Tracy me sorri. Os rostos dos dois perecem mesmo mais tranquilos. Ele usa fraldas descartáveis e ela um avental limpo. – Banhamos os dois. Ele acordou, respondeu aos estímulos básicos, ela ainda dormindo. Esgotamento. Demos sedativos para descansar, estão se hidratando. Amanhã devem estar mais despertos.
―Que bom. Ela não acordou nenhuma vez? – Não consigo me desprender deles. Uma coisa me aproxima e não sei o que é. Talvez o modo como os encontrei, ou o fato de ser um bebê e sua mãe.
―Não. – Tracy me comunica talvez achando meu interesse desmedido. Olho um longo momento para a mulher. Os dois pés estão enfaixados.
―O que tem os pés?
―Feridos. Um deles completamente aberto. O outro com bolhas. Vai demorar uns dias para poder pisar.
―Feridos? – Aquilo intriga um pouco. – Estranho.
―Por que? – Ela questiona e dou de ombros. ― Imagino que ela caminhou muito.
―Todos eles Tracy. Todos que estão aqui. Já viu isso? – Ela pensa um momento e depois nega. – Por que o que vemos são calos de uma vida disso. – Tracy fica mais um momento em silencio.
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Paixões Gregas - Amor sem fronteiras (Degustação)
RomanceRyan Stefanos e Giovanna Stefanos nasceram na família mais unida que existe, Os dois tem a mesma idade, criados tão próximos que podiam ser irmãos, personalidades distintas que os completa como amigos. Cada um deles segue em busca de seus sonhos. ...