Uns dias se passaram e eu estava me sentindo bem melhor. Não tive mais febre, nem surtos. Meus pesadelos ainda me assombram nas madrugadas, me impedem de dormir e sonhar e de principalmente fingir ser normal nesse mundo caótico. A convivência com as pessoas tem sido bem melhor, eles me toleram mais agora do que antes. Nesses últimos dias, eu me reaproximei da Carol e da pequena Judith, que não está tão pequena assim. Eu voltei a cuidar dela durante o dia, para assim, deixar a Carol livre para fazer suas tarefas. Carl ainda está em casa a maior parte do tempo, depois do acidente, sua auto estima ficou abalada, e sua insegurança também. Eu passo o dia com eles, bom mais com ela do que com ele, acho que ficar trancado no quarto o dia todo é mais divertido.
O dia está lindo, o sol brilha e o céu sem nenhuma nuvem, um dia que eu costumava glorificar, mas agora só aproveito. Já estou na casa do Rick, Michonne e Rick já sairam e a pequena Judith, que de novo, não é tão pequena assim, está brincando no tapete.
Me sento com ela no chão, e brinco com alguns brinquedos. Ela está calma e serena, uma coisa normal para ela.
"Você é sempre assim ou eu que não te via a muito tempo?"- pergunto a ela sabendo que não irá me responder.
Ela nem me olha, continua a explorar com suas mãos curiosas e seu olhar atencioso.
"Você é um bebê muito calmo, você precisa gargalhar um pouquinho."- pego ela no colo e a levanto do ar, como se ela fosse um pequeno avião.
Ela de início não sorriu, mas depois abriu a boca e começou a gargalhar. Meus braços cansaram de levantá-la, e a desci com cuidado, apoiando seu corpo em minhas pernas. Ela se recupera da adrenalina e logo fica inquieta
"O que foi? Você quer mais?"- faço cócegas em sua barriga, seus olhinhos acompanham alguém atrás de mim.
Eu estava deitada no tapete, quando alguém tapa minha visão.
"Oi."- digo atrapalhada. Me levanto e ponho o bebê no tapete.- " Precisa de alguma coisa? Nós te atrapalhamos, desculpa."- ele balança a cabeça negando.
"Só vim vê-la."- ele aponta para a irmã que está mordendo um pote de plástico.
Eu olho para ele, mas ele não me olha de volta. Ele está se escondendo das pessoas, especialmente de mim.
"Carl?"- o chamo, mas ele não olha para mim.-" Olha para mim!"- puxo delicadamente seu queixo para mim.
"Não! Não me olha."- ele desviou seu rosto do meu toque.
Me senti ofendida por sua reação, como se eu fosse fazer mal a ele, ou como se ele não merecesse que eu admirase sua beleza.
Ele sobe para o quarto e me deixa sozinha.
Me sento no sofá e fico pensando. Ele é uma pessoal irritante e grossa, mas eu vejo nele algo que ninguém vê. Ele é apenas um garoto que carrega um fardo muito grande, ele sente medo e tristeza, sente solidão como qualquer um. Eu sei que o Rick cuida da comunidade e como líder tem suas obrigações e prioridades, mas ele também é pai, precisa atender as necessidades dos filhos. Carl tem muita bondade, mas se ela não for usufruída, ela vai se perder no meio do rancor e da solidão.
"Oi bebê!"- desperto de meus pensamentos com Judith se apoiando nos meus joelhos. -" Você está com fome? Vamos comer?"
Pego ela e a levo para a cozinha, enquanto preparo sua papinha, observo a movimentação do lado de fora. Algumas pessoas passam com crianças, outras com algum tipo de material de construção.
Lhe dou a papinha, enquanto converso aleatoriamente com ela. O dia passa, e agora ela está dormindo, bem ela está dormindo no tapete da sala. Não sei como ou porque, mas ela do nada fechou os olhos e dormiu no meio dos brinquedos.
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The Walking Dead:Um novo mundo.
Fiksi PenggemarO que você faria se o mundo que você conhece, fosse brutalmente mudado? Como reageria se visse sua família andando atrás de você, tentando arrancar suas entranhas? Como se sentiria tendo que vê-los morrerem novamente? Como iria encarar esse novo mu...