Eleven

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      Esse capítulo pode ser considerado um bônus. Ele é narrado pelo ponto de vista de Fernando e vem para começar a esclarecer umas coisas do livro que eu acho que vocês já sacaram. Se ainda não deu para perceber, não tem problema porque muita água vai rolar embaixo dessa ponte!

Aproveitem a leitura!

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Fernando's point of view.

Mais uma vez eu deixei ela ir, como o belo babaca que sou.

Depois de umas 2 ou 12 doses de vodca uma pessoa tende a começar uma reflexão sobre a vida e tentar encontrar uma resolução para tudo.

Beber para esquecer sempre foi uma das estratégias mais usadas que surpreendentemente surtem o efeito contrário, comigo é assim. E agora é um exemplo claro disso, porque eu só conseguia pensar uma certa mulher.

Eu sabia que era dia 3 e que Katrina ficava mexida nesses dias, por mais que ela não fosse admitir. Era meu papel de homem adivinhar o que ela tava sentindo, mesmo que ela não tivesse ideia disso. Não é?

Fiquei monitorando o que ela estava fazendo o dia inteiro, olhei todas as redes sociais e ficava abrindo a conversa com o contato dela do whatsapp a cada 10 minutos para saber se ela estava online.

Ela nem sabia que eu tinha seu número salvo porque não houve tempo para que eu pudesse pedi-lo no nosso primeiro encontro.

Primeiro encontro, até parece que foi assim. A Katrina fez o que quis comigo e depois foi embora sem nem me deixar pegar seu número.

Mas se eu o tivesse pedido ela não me daria de qualquer jeito, como fez questão de deixar bem claro. Só que eu tinha meu próprio jeito de conseguir e agora eu estava mais fodido do que antes.

Desde que Anna me passou o contato de Katrina eu fiquei me coçando para ligar. Inventar uma desculpa qualquer e chamá-la pra sair. Mas eu tinha medo dela fugir de novo. Eu esperei cinco anos por essa mulher, posso esperar mais um pouco. Não posso?

Não achem que eu esqueci tudo o que aconteceu naquela noite, porque eu não esqueço. Principalmente as partes que envolvem nós dois sem roupas.

E eu tinha prometido para mim mesmo, no momento em que a vi de novo, que não ia fazer nenhuma cagada a ponto de estragar tudo. Que eu ia fazer com que ela me quisesse tanto quanto eu a queria. Posso até jurar que minhas mãos tremeram quando eu a beijei.

É por isso que apesar de toda a humilhação eu estava louco para apertar um ícone verde e colocar para chamar.

Só que eu não faria isso. Por mais que eu quisesse engolir meu orgulho e ouvir a voz dela e aquelas respostas espertas eu não ligaria, a menos que fosse extremamente necessário.

Quando acordei sozinho naquela cama xinguei meio mundo e jurei pelo meu próprio pau que nunca mais olharia na cara daquela mulher de novo.

Mas aí eu encontrei com ela naquele churrasco no dia seguinte e ela tinha um olhar tão perdido por baixo daquela pose de gostosa, o que ela é muito, que só um observador muito atento poderia perceber que tinha algo errado com ela. E eu era, um puto observador desde que ela tinha 17 anos.

Eu a vi, ela estava tão triste. Cercada de pessoas e com a mente voando pelo mundo. Eu pude perceber o quanto ela tinha mudado pelo modo como fingia prestar atenção na conversa da mesa enquanto pensava em qualquer outra coisa.

Com um sorriso forçado ela respondia as outras pessoas ou levava um gole do seu refrigerante a boca. Enquanto todos bebiam ela pensava em um a maneira de voltar pra casa e voltar a dormir.

Eu sabia disso porque a estava examinando faz tempo. Kate me olhava com cara de quem estava achando tudo engraçado, mas Katrina não olhou sequer uma vez na minha direção.

"Essa conversa não deveria nem ter começado", ela havia dito. Mas eu sabia que ela queria dizer que na verdade a gente nunca deveria ter acontecido.

E isso me fazia querer virar mais uma dose para rasgar a garganta e fazer minha mente não conseguir mais pensar em nada. Não conseguir mais pensar nela.

Essa mulher me fazia passar de paixão, raiva e decepção a desejo em segundos. Era impressionante! E quanto mais eu bebia, mais o meu dedo coçava para ligar.

Duas semanas já haviam se passado desde a nossa noite. Quanto mais seria necessário para eu fingir um encontro casual com ela na universidade? Eu sabia tudo sobre ela, estar no mesmo lugar ao mesmo tempo não seria difícil.

Eu só esperava que ela não estivesse puta da vida comigo a ponto de virar a cara ou me xingar de filho da puta. Porque eu queria muito tentar de novo.

Se Katrina apareceu de novo na minha vida era um sinal, eu não iria desperdiçar. E eu bem que poderia dar uma ajuda para o destino não é mesmo?

Com a cabeça ainda rodando em um claro sinal de embriaguez eu procurei minha carteira e retirei de lá uma foto que guardava sempre comigo.

- Cara, você tem que me ajudar a entender essa mulher. - falei olhando para aquele pedaço de papel. - Me dá essa força Kaíque, que eu prometo cuidar dela.

Depois daquela noite que ficamos juntos eu só conseguia dormir com umas doses e uma conversa com meu melhor amigo.

Isso já estava virando um ritual. Encher a cara, tomar um banho gelado e dormir para sonhar com Katrina. Pelos menos nos meus sonhos ela não me deixava sozinho.

Sóbrio ou completamente bêbado eu sabia que precisava fazer alguma coisa ou ela iria escapar entre meus dedos mais uma vez. Então decidi qual seria o meu próximo passo, eu iria até a porta da sala dela e faria com que ela se apaixonasse por mim.

Porque eu já sou fudido e louco por ela.

Red Lips (Em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora