Capítulo 1 de 12

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O Beijo da Morte

Talvez o beijo de ontem não tenha valido a pena. Talvez nós dois já não sejamos os mesmo e estamos tentando fazer algo acontecer por ser apenas medo. Medo de ficar só. Medo dessa solidão que nos invade e faz nos pensar que tudo o que há em nossa volta não valha tanto assim. Ou, até mesmo, que tudo o que pensamos e sentimos não seja nada, pois há um pressentimento de que você é a única forma de sobrevivência. Bom, estamos enganados.
Depois de ontem, pude pensar que não há mais sentimento. Que toda aquela atração foi apenas ilusão, algo que pode até não ter existido. Mas, eu e você, fizemos existir. Fizemos ser o nosso tudo. O nosso ar, fogo, terra e água. Fizemos ser nosso meio de sobrevivência. Mas, aquilo que nos incendiava, hoje, não acende um fósforo.
Sinto que lhe deixar partir é uma das melhores coisas que farei para mim mesma. Soa como egoísmo. Se você ousar pensar que é, talvez esteja certo. Talvez, eu precise de amor próprio. Não de migalhas que meu eu ousava pegar, para lhe satisfazer. Satisfazer teu ego, tua ambição.
Desde muito tempo, sempre pensei que o amor era meu oxigênio, então, qualquer sinal de afeição eu pensava que era amor. Até chegar você. Você, sim, invadiu meu eu por dias, semanas, séculos. Até eu descobrir que aquilo não me preenchia. Que, você, não era mesmo. Ou melhor, você não era quem eu achava ser. E, quer saber? Está tudo bem, pois sinto que um dia você não fará mais parte de mim e cada pedaço do meu coração se tornará pó de estrela e meu eu explodirá como o Big Bang e, nesse dia, finalmente renascerei.

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