free kindness

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"Bem-vinda, Lauren, ao meu coração." Um sorriso brincava nos lábios de Vero.

As meninas pareciam todas perplexas, encarando a cena com estranheza e curiosidade, inclusive Camila. Eu tentei disfarçar o tom pálido que minha pele tomou e balbuciei algo ininteligível.

"Quero dizer," ela continuou, "eu cresci nesse lugar, em contato com o campo, animais, natureza... Foi aqui que nasceu o meu amor pelo natural e pelo sobrenatural. Esse lugar é, definitivamente, o meu coração."

Soltei o ar, aliviada, deixando meus ombros caírem. Camila riu de mim.

"Então, obrigada por me receber." Deixei escapar um riso nervoso. "Estávamos realmente fugindo de toda a loucura de Miami."

"Não se preocupem, aqui não existe nada além de paz."

Veronica deu as costas e nos guiou ao interior do local. A casa era charmosa, sem ser muito modesta nem muito luxuosa, a medida certa para deixar qualquer pessoa confortável. O quintal era amplo e espaçoso, a vista era agradável e o silêncio como uma orquestra divina.

Para quem pensou que Veronica era apenas uma hippie, maluca e sem muita higiene, todas nós estávamos nos surpreendendo, afinal, Vero tinha uma profissão, um iate, uma casa de campo, um trabalho voluntário com seus espíritos, boas intenções e um calor contagiante. Era realmente difícil ficar perto dela e não se sentir imediatamente acolhida. Sua energia era daquelas que fazem qualquer pessoa, até a mais mau humorada delas, sorrir.

Depositei a pouca bagagem que carregava no quarto de hóspedes reservado a mim, enquanto as meninas vestiam seus biquínis para experimentar a piscina. Camila lançou-se sobre a cama, exausta.

"Piscina?" Ergui as sobrancelhas, mesmo sabendo que a resposta provavelmente seria um não, por motivos de água.

Ela bufou, "Vá lá, se divirta com as meninas. Eu irei descansar um pouco por aqui."

"Descansar?" Ocupei o lugar ao seu lado, varrendo os seus cabelos para longe do rosto. "Alguém me disse que espíritos não tem fadiga."

"Esse mesmo alguém precisa concentrar sua energia." Camila riu, selando meus lábios. "Não se preocupe! Vamos, eu ficarei observando sua nudez pela janela."

Dei de ombros, deixando-me convencer, "Tudo bem. Eu te amo." Depositei um beijo na sua testa, antes de abandonar o cômodo.

Como não havia trazido um biquini, apenas vesti um short qualquer e um sutiã menos pornográfico, dirigindo-me até a grande banheira d'água, que Vero modestamente chamava de piscina. Normani, Dinah e Ally banhavam-se elegantemente, bebericando um drink colorido e tomando cuidado para não molharem os cabelos e desfazerem os penteados.

Parei na borda da piscina, observando-as silenciosamente.

"Não vai entrar?" Normani desviou o olhar para mim.

"Estou repensando a ideia." Cruzei os braços sobre o abdômen. "Imaginei que vocês estariam fazendo bagunça."

"Oh, por Deus, meu bem." Dinah levou a mão ao peito, fingindo-se de ofendida. "Somos adultas. Junte-se a nós e vamos fofocar sobre aquele penteado ultrapassado da Ariana Grande ou sobre a careca do Michael Clifford."

Eu ri, negando com a cabeça. Realmente, parecia mais divertido quando éramos adolescentes idiotas e fazíamos guerras de travesseiro na cama. Ou inundávamos o quintal com nossos saltos ornamentais. Ainda que eu soubesse, existiam aquelas pessoas dentro de nós, havia algo, talvez as normas da sociedade, que nos obrigava a agir assim, duras.

"Eu sempre soube que Mike ficaria careca... Quero dizer, ele usava muita química naquilo."

Acabei por entrar no seu jogo, afinal, eu não era capaz de mudar toda a nossa atual situação de forma tão drástica. Eventualmente, eu esperava, nós voltaríamos a ser melhores amigas.

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