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Lua


  Abro os meus olhos e vejo os primeiros raios de sol entrando pela janela, sorrio, hoje é meu aniversário, finalmente, pulo da cama contente. Desço as escadas ainda de pijama e vou para a cozinha, assim que entro encontro minha irmã Aya com um bolo pequeno de chocolate coberto de bolinhas pretas e brancas.

- Feliz aniversário minha Lua - ela me parabeniza sorrindo.

- Não precisava Aya - dou lhe um abraço apertado.

- Claro que precisava, não é todo dia que uma moça linda como você faz 18 anos.

- Onde está papai? Ele ainda não chegou de viagem? - pergunto arqueando uma sobrancelha.

- Não meu anjo, mas ele já deve estar a caminho - diz sem me olhar nos olhos.

Moramos em Dobbiaco, uma comuna localizada no Trentino-Alto Ádige, província de Bolzano, um estado da Itália. Eu e minha irmã nascemos em Roma, mas papai decidiu se mudar para um lugar mais afastado depois que minha mãe morreu me dando a luz.

Meu pai só vem em casa uma vez no mês, fica apenas uns 3 dias e vai embora, pelo o que sei, ele vai trabalhar um mês em Nápoles e outro em Roma, sempre quis saber como é Roma, mas papai mal fala comigo, muito menos me leva para sair, nunca saio de Bolzano.

- Estou vendo uma menina que está ficando velhinha hoje - Julia entra com várias sacolas na mão - Comprei uns presentes - diz, Julia é nossa "babá", cuida de nós desde quando minha mãe morreu, é como uma mãe para mim e Aya.

- Não precisava - digo enquanto abro as sacolas, encontro várias roupas em tons claros, sorrio, eu gostei, mas pensei que esse ano ganharia roupas como as da minha irmã, mais escuras e... ousadas, acho a cor preta tão linda, assim como azul, todos os tons de azul, amo essa cor.

- Claro que precisa princesa, essas roupas ficam lindas em você - diz Julia.

- São lindas Julia, mas eu pensei que como estou fazendo 18 anos ia poder ter roupas como as de Aya - falo.

- Lua, eu tenho 26 e já trabalho, terminei a faculdade, você só acabou o colegial minha querida e só porque é bem inteligente, mas você é muito nova ainda, inocente, pura, não se apresse  a perder isso, o mundo é perverso - fala Aya, apenas balanço a cabeça concordando, nunca entendi isso.

Como  o meu bolo e subo para tomar banho, assim que acabo ando até minha cama onde vejo as sacolas com minhas roupas novas, pego uma calcinha rendada bege e um vestido rodado na cor pérola, calço uma sapatilha na mesma cor, vou para o espelho e penteio meu cabelo preto que passa da bunda, olho como estou, ainda bem que não sou branca, caso contrário sumiria nesse vestido,  minha mãe era brasileira, Aya disse que sou a copia dela, só que com heterocromia, possuo um olho verde como os do meu pai e minha irmã, e outro dourado, por mais impossível que pareça eu realmente tenho um olho dourado, ele chega a meio que brilhar no escuro, uma anomalia dentro de uma anomalia, estranho, fora isso sou completamente normal, tenho pele morena, 1,58 de altura, seios e bunda volumosos, sou muito diferente de minha irmã, ela se parece demais com meu pai, tem cabelos loiros , 1,80 de altura, olhos verdes e bem magrinha, enquanto eu já sou bem cheinha, mesmo ela comendo muito mais que eu.

Escuto um barulho de carro, corro e olho pela janela, vejo um carro grande e preto parando, meu coração acelera e saio correndo do meu quarto indo em direção às escadas, "ele lembrou do meu aniversário" penso enquanto desço, no meio dela vejo a porta, Aya está abraçando meu pai, quando ia chamar por ele repado que um homem entra, um homem extremamente lindo, de pele clara porém bronzeada, usando um terno todo preto, uma barba rala, sobrancelhas grossas, cabelos em um corte que deixa uns fios caindo sobre sua testa, ele olha em minha direção e fico sem ar, seus olhos são extremamente negros, me dão medo, meu coração se acelera, nunca vi uma beleza assim.

PerversoOnde histórias criam vida. Descubra agora