–Tenho que o encontrar! - Exclamou Lily correndo desenfreadamente pelo agradável jardim de portentosas árvores verdejantes.
À direita, num banco, Amy e Kurt conversavam calmamente. Mais à frente, estendido no meio do relvado, estava Lennon sorridente a deliciar-se com os raios de sol que lhe aqueciam o rosto. Não muito longe daí, num pequeno pedestal, estava Jimi a tocar a sua Fender Stratocaster enquanto Michael e Janis dançavam animados na plateia.
Lily abrandou o passo e continuou a caminhar até encontrar Jim, sozinho e mais afastado dos outros e que preferiu antes aproveitar a sombra refrescante de uma macieira.
–Ele está ali à frente com o Bowie. - Respondeu Jim como se não precisasse de perguntar quem é que Lily procurava.
Olhou para o seu lado esquerdo e topou de imediato não só os dois, como também Eric. Ainda permaneceu estática uns segundos mas depressa ganhou coragem e aproximou-se do trio.
–Freddie! - Chamou Lily. Este virou-se para trás e olhou para a jovem rapariga de cabelos escuros e olhos verdes.
–O que fazes aqui, querida? - Perguntou Freddie curioso.
–Tenho saudades tuas. Tens que voltar. - Pediu Lily assertiva.
–Andas muito concorrido hoje! - Notou Eric com algum humor, causando uma ligeira gargalhada entre os três.
–Estou a falar a sério! - Exclamou Lily desagradada.
–Pronto, agora a sério. Porque é que queres que eu volte? - Perguntou Freddie. Todos os dias lhe apareciam admiradores fanáticos à frente a pedir que voltasse para o mundo terreno. Mas a inocência e ingenuidade de Lily tocou Freddie de uma maneira que o demovia de tomar qualquer tipo atitude menos simpática.
–Porque as boas pessoas deviam viver para sempre. - Respondeu Lily deixando Freddie uns instantes a olhar para Bowie e Eric sem saber o que dizer.
Freddie decide então aproximar-se da rapariga. Ajoelhou-se à sua altura e falou:–Querida... eu sei que vocês sentem a minha falta lá em baixo. E eu gostava imenso de voltar e continuar a dar alegria às vossas vidas mas... não posso!
–E não podes porquê? - Perguntou Lily desanimada.
–Porque é assim que tem de ser! Não posso fazer nada. Aliás, ninguém pode. - Explicou Freddie igualmente desanimado. Lily baixou o rosto e afastou-se virando as costas.
–Não vale a pena ficares assim. - Confortou Bowie dando uma festinha no ombro de Lily.
–Exato, o Bowie tem razão. - Apoiou Eric que também se ajoelhou ao lado de Freddie. - Além disso, ainda tens a vida inteira pela frente. De certeza que ainda vais conhecer imensas pessoas na tua vida que te vão fazer feliz.
–Ouve o que o Eric diz, querida. - Insistiu Freddie.
–Não há mesmo maneira de voltares? - Perguntou Lily uma última vez.
–Por muito que fosse a minha vontade... não. Não posso mesmo voltar. - Respondeu Freddie acenando negativamente com a cabeça e vendo o olhar conformado de Lily. - Mas vou estar sempre num sítio especial que é o sítio para onde vão as pessoas de quem gostamos. E esse sítio é aqui! - Revelou apontando para o local onde se encontrava o coração de Lily.
Lily sorriu, por fim.
–Posso ao menos dar-te um abraço? - Pediu.
–Claro que podes! - E foi então que Lily e Freddie se abraçaram prolongadamente como se fossem pai e filha, a que Bowie e Eric se decidiram juntar também.
*******
–Lily! Lily!! Acorda! - Abriu lentamente os olhos e levantou a cabeça da secretária onde tinha adormecido sem querer. - Adormeceste outra vez a meio do estudo, filha? - Lily esfregou os olhos e observou em volta. Havia livros e apontamentos espalhados por toda a sua área de estudo.
–Que horas são? Tenho um relatório para entregar amanhã sem falta. - Perguntou Lily tentando organizar-se no meio daquela desordem toda.
–Filha, são quase horas de jantar. Não achas que é melhor fazeres uma pausa? Estás tão cansada! - Aconselhou a mãe preocupada. Lily tinha estado a tarde inteira no quarto a estudar sem fazer qualquer pausa.
–Sim, se calhar é melhor. - Lily acatou a sugestão da progenitora e levantou-se mas não sem antes reparar em algo.
Uma moldura amarela com dois gatos de madeira a enfeitá-la ostentando o retrato de Freddie Mercury havia-lhe chamado a atenção. Pegou nela e olhou-a com detalhe.
Don't cry because it's over. Smile because it happened.
Era a dedicatória que se podia ler na foto, finalizada com o autógrafo de Freddie. Lily sorriu nostálgica, poisou a moldura no lugar e abandonou o quarto.
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Don't Try So Hard
Short StoryUm pequeno conto que nos mostra como nem sempre aquilo que mais queremos é possível e que as pessoas que mais amamos estarão sempre presentes num lugar muito especial. Best Ranks: #155 Espiritual {17.07.18} #159 Conto {29.10.16} #647 Ficção {17.07.1...