Andamos por vários lugares.
Vaida me mostrou seus lugares preferidos na cidade, e eu mostrei os meus.
No fim do dia, apenas decidimos parar em um parque que enfeitava o centro da cidade.
— Mora sozinha desde os quinze. Por quê?
— Meus pais se separaram quando eu tinha treze. Quando eu completei quatorze minha mãe se juntou com um idiota. Ele era um cretino, se é que me entende. Minha mãe estava cega por ele, e eu lhe intimei a escolher entre ele ou eu. — ela sorriu fraco. — ela o escolheu.
— Mas e seu pai?
— Depois da separação nunca mais ouvimos nada sobre ele. Ele se mandou.
— E desde então você tem se mantido sozinha?
— Mais ou menos. A gente arranja bons amigos na vida, certo? — ela ri. — Malcom foi um. A gente se conheceu num bar, onde eu trabalhei por alguns anos. Viramos amigos e dividimos um apartamento. Depois que eu consegui uma boa grana, me mudei e estou naquele apartamento até hoje. Não é grande, mas é perfeito para mim.
— Uh, parece que temos uma sobrevivente aqui.
— Me fale sobre você agora. — ela morde o lábio inferior.
— Ah, não há muito o que falar. — gargalho fraco. — sou o cara que mora com os pais, transa com uma garota diferente a cada noite, sonha em viajar o mundo e... Ser médico, talvez, um dia.
— Médico? Você não tem medo de hospital?
— Não é medo. É... — rolo os olhos. — Eu sempre quis medicina, Vaida. Já fiz tantos vestibulares que perdi a conta. Nunca consegui. — suspiro. — visitar o lugar que eu deveria estar cansado de tanto ver é uma merda. Eu deveria ser o médico da família... Deveria ser um médico para salvar a vida do meu melhor amigo.
Engulo seco.
— Seu melhor amigo?
— É uma longa história. Mas pretendo te contar um dia desses.
— Ótimo. — ela sorri. — Eu gosto de histórias longas.
Abro um sorriso largo. Depois apenas fico apreciando Vaida Collins.
— O que foi?
— Só estou te olhando.
— Você pode me beijar, se quiser.
— Eu quero. Acredite, quero mesmo. Mas antes eu quero ir... — Corro até a fila da montanha russa. — Quero vir aqui. Vamos?
Vaida gargalha e corre até mim.
Depois fomos em uma série de outros brinquedos. E, o último deles, foi a roda gigante.
Vaida não sentou-se na cadeira da frente, sentou-se ao meu lado e eu aproveitei cada minuto naquela roda gigante, agarrado a ela. Podia escutar as batidas controladas de seu coração.
Fora ali, naquela última rodada que a roda gigante estava pronta para dar que eu percebi que o que doutor Nills havia dito fazia todo sentindo mundo.
Agora tudo estava claro para mim.
— Eu adorei nosso dia. — ela disse, deixando o silêncio de lado. — Me senti uma criança, mas isso foi ótimo.
— Foi sim. — sorrio.
— Eu tenho que ir agora. — ela rola os olhos.
— Vaida, antes de ir... Eu preciso que escute uma coisa.
Ela assente e fica sem entender.
Retiro um pedaço de papel de dentro do bolso de minha jaqueta.
— Eu fui ao psiquiátra... — começo.
— Você o que?
— Fui ao psiquiatra porque tô maluco por você. — olho no fundo de seus olhos. — Acho que aconteceu... no momento em que seus olhos verdes fisgaram os meus. Você me olhou, mas diferente das outras mulheres, me enxergou. Me disse coisas que nenhuma delas diria. Me sorriu de maneira sexy, mas não para tentar me conquistar, e sim porque ser sexy é algo natural de você. Acho que me apaixonei por você no momento em que você roncou baixinho, no meio da nossa primeira transa. Você roncou e pouco se importou se eu estava lá. Você nunca quis me impressionar, e foi isso que me impressionou. Me apaixonei por você no momento em que você disse seu nome e disse segura, assim como disse todas aquelas coisas no hospital. E tem uma coisa que você disse enquanto estava grog que é a mais pura verdade. Estava e estou caidinho por você. Caído, não. Estou jogado, literalmente, devastado, assustado, abismado e todas as outras palavras sofisticadas que lhe vier a mente. Procurei um psiquiátra porque estou maluco por você. Ele me disse que escrever a forma como me apaixonei por você me faria aceitar, e eu aceitei. Aceitei que as pessoas mudam todos os dias, todas as horas, e que mudanças podem ser boas. Não acredito em para sempre, mas acredito em agora. E tudo que eu quero agora é ter você. Tocar você. Beijar você. E dizer que eu vou ficar aqui até quando me mandar embora, porque... Porque tô apaixonado por esse tipo certo de mulher dos sonhos. Você era o meu sonho, mas preciso que seja minha realidade. — dou uma pausa, quase sem ar por todas as coisas que falei tão rápido, sem pausa, sem nada. Apenas disse e disse de verdade. — Seja minha realidade, Vaida Collins. Eu suplico. Seja minha realidade.
Quando, finalmente, olho para Vaida, ela está com os olhos cheio de lágrimas.
— Não precisa dizer nada agora, tudo bem? Eu falei tudo isso e eu sei que foi muita coisa para você digerir. Mas estou seguro de si, então... — sorrio. — Não diga nada agora, Collins.
Vaida não diz nada mesmo, apenas fica parada enquanto eu vou embora de consciência limpa e tranquila.
Estou apaixonado. E estou certo disso como dois e dois são quatro.
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Sfanne ❤️
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O Tipo Certo de Mulher dos Sonhos.
Short Story#23 categoria Conto em 13/06/18. #67 categoria Conto em 16/05/17. Nicolas é o típico galinha. Ele faz a linha do pega, mas não se apega. Essa é sua filosofia de vida e ele se julga muito bem, obrigado. Entretanto, ao conhecer Vaida Collins em mais u...