CAP. 3 - Lembranças

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O cara das flores amaçadas. Eu o conheço. Reconheci ele por um sinal que só ele tem.

Minha mãe me viu com as flores e chocolates amaçados e perguntou:

- O que é isso filha?

- Mãe. A senhora não vai acreditar. Quero que adivinhe quem me deu isso!

- Ah, para de graça Heloísa! Fala logo!

- Mãe. Eu vi o Mike, mãe! Ele que me deu isso!

- Mike, Mike, Mike... Ah, o sobrinho de dona Marina?

- Sim mãe. Ele mesmo.

- Como foi que aconteceu isso? É por que ele te deu esses trem tudo amassado?

Daí expliquei a ela o que aconteceu e como o reconheci.

O Mike não me reconheceu e devia achar que eu estava dando em cima dele. Mas eu queria resgatar nossa velha amizade. Bem, amizade muito amorosa.

Nos conhecemos desde os três anos e fomos vizinhos até os nossos treze. Era meu único amiguinho. Ele foi também meu primeiro namorado. Mas nunca nos beijamos.

Era a coisa mais fofa. Andávamos de mãos dadas na escola, abraço pra lá e pra cá e rolava até ciúmes. Quando não nos víamos, o dia ficava péssimo, o tempo parava, o coração chorava.

Um dia na escola, um fotógrafo passou nas salas de aula oferecendo seus serviços para que as crianças tirem fotos com fantasias. Dentre princesa e exercito, fiquei com a segunda opção. Mike escolheu marinheiro. Ficou uma gracinha.

Saudades daquela época, de tudo que vivemos. O meu pai serviu o exército junto ao pai dele. Era o único que o conhecia bem. Eram amigos. Mike sempre perguntava a meu pai sobre o pai dele. E sempre sonhou em seguir os seus passos.

Um dia, ele me veio com duas pulseiras que sua tia fez para nós dois. A dele tinha meu nome e a minha o nome dele. Nunca senti na vida uma alegria tão grande. Era simples, era inocente...

Ele disse pra mim:

- Isso é pra nunca se esquecer de mim. Tá?

- Sim, claro. Respondi cheia de vergonha.

Ele a colocou em meu pulso e eu perguntei ironicamente:

- Mas se um de nós for embora, você acha que o destino e a sorte vão juntar a gente de novo?

- Tia fala sempre pra mim que o destino e a sorte são apenas anjos. Só tem um que manda nessa parada toda. Respondeu Mike apontando para o céu.

Aquilo me marcou. E por isso nunca o esqueci.

Um mês antes do meu aniversário, combinamos de comemorar com um piquenique. Ele disse que me daria o melhor presente da minha vida. Porém, seis dias antes fui embora para o Amazonas, papai foi servir o exército lá.

Desde então, nunca mais o vi...

Até hoje. Está lindo. Alto, louro, olhos claros. Já parecia um anjinho, agora... é um arcanjo.

Dias se passam depois que o vi. Resolvi mandar uma mensagem pra ele. Será que eu devo? Será que ele vai me responder? Ah, fala sério! Não custa tentar.

As oito da manhã, ainda deitada mandei uma mensagem de testo pra ele. Levantei, escovei os dentes, tomei banho, tomei meu café da manhã e nada de ele me responder. Você acha que ele vai me responder? Bom, eu tenho fé que sim. Horas se passam e nada. Mas quando chega ao meio dia, vejo uma mensagem de resposta. Estava escrito:

- Oi senhorita da floricultura que não me disse seu nome ainda. Eu gostaria de sair pra jantar contigo no sábado a noite. Pode ser? Preciso de uns conselhos. E não sei por que, mas você parece ser a pessoa certa.

Respondi:

- Tá bom senhor acidentado. Só dizer o local e a hora que vou. Se você merecer te falo meu nome.

É, ele não mudou nada. Até o jeito de falar é o mesmo. O mesmo irônico de sempre.

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