CAP. 2 - Dia Cinza

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Meses se passam e chego ao último semestre. Com dinheiro guardado em minha conta que juntei trabalhando, mais uma boa ajuda do Robert, ja tenho mais que o suficiente pra noivar e me formar.

Nesse intervalo de tempo eu me informei sobre o CFO (Curso de Formação de Oficiais) da Marinha do Brasil. Então decidi estudar pra essa causa. Até então eu me informava e estudava as escondidas. Até então...

-Amor, o que é isso aqui? Perguntou Jhennifer ao mexer em meu e-mail que estava aberto. E por acaso justo na conversa que eu estava tendo com um sargento da Marinha.

- Olha, primeiro respira.

- Respira nada! Que historia é essa de largar tudo e ir pro Rio de Janeiro?

- Eu vou explicar, senta aqui.

Ela sentou na cama comigo com lágrimas nos olhos. E eu comecei a falar:

- Meu amor, é o seguinte; Eu não vou largar você, a gente estava conversando sobe o concurso da Marinha. Eu tava pensando em fazer. Se eu passar, vou ficar um tempo no Rio.

- Quanto tempo?

- Ah. Uns três meses.

- O quê?!

Eu nunca vi a Jhenny tão nervosa assim. Para uma garota meiga, ela mudou da água pro vinho.

- Olha, isso é só se eu passar...

- Você não está nem aí pra mim! Essa que é a verdade! Sempre está ocupado de mais! Gritou Jhennifer furiosa e triste.

Não aguentei, fiquei furioso e respondi.

- Você é uma ingrata! Eu trabalho pra te dar um noivado digno! Estudo pra termos um futuro promissor! A gente se vê todo dia na faculdade, você quase sempre vem aqui em casa! Você quer mais o que?!

Então ela saiu correndo e chorando pra sua casa. Tia logo percebeu e veio em direção ao meu quarto. Bateu na porta. Mas não respondi e então ela voltou.

Sabe quando discutimos com a pessoa que amamos e depois bate o arrependimento? Pois é, eu estava desse jeito.

No outro dia mandei mensagem perguntando como ela estava. Não me respondeu, então não insisti durante três dias. Foram os três dias mais longos que já vivi. Eu não tinha ânimo pra nada.

Decidi fazer algo para reconciliar com ela. Algo que nunca imaginaria fazer na minha vida. Uma poesia.

Você deve está me achando um brega agora né? Mas quando a pessoa vale a pena, a gente faz muita coisa por ela. Então foquei somente nessa tal poesia. No mar pensava nisso, em casa escrevia isso e na faculdade também.

Dois dias foram o suficiente pra terminar. Coloquei num envelope e parti...

No meio do caminho, paro pra comprar um buquê de gardênias. E na loja me atende uma ruiva dos cabelos longos com um rosto que não me parecia estranho. Seus olhos escuros como a noite me hipnotizavam de forma inexplicável. Eu só conheci uma pessoa assim há muito tempo atrás. Enquanto eu escolhia o buquê ela me olhava estranhamente. Confesso que fiquei até com medo. Foi estranho.

Quando eu saí, ela me gritou:

- Ei!

- Oi.

- É...

Olhei para ela, balancei os ombros e gesticulei com sinal de interrogação. E ela respondeu:

- É... Pega aqui o nosso cartão. Da próxima vez vou te dar um desconto especial. Volte sempre.

- Ah sim, obrigado. Volto sim.

Montei na moto e fui ao meu destino. Antes de chegar, comprei chocolates pra ela e enfim cheguei. Parei a moto, toquei o interfone. Uma casa grande, com piscina. Seus pais são advogados renomados com escritório próprio.

Quem veio me atender foi a mãe da Jhenny que disse:

- Oi Mike. Tudo bem? Você sumiu menino!

- Oi dona Rita. To bem e a senhora?

- To bem querido. Você veio falar com a Jhennifer?

- Sim.

- Ela não está aqui. Você ligou pra ela?

- Não, eu vim fazer uma surpresa pra ela.

- Por acaso seria aquelas coisas na moto?

- Sim.

- Se quiser eu entrego pra ela.

Alguns segundos de pensamentos e...

- A não, você prefere entregar pessoalmente né? Perguntou dona Rita.

- Sim, seria melhor. Outra hora venho aqui. É que ela não atende o telefone.

- Tá bom, eu digo pra ela te ligar assim que chegar tá?

- Está bem, obrigado.

Após a conversa, vou em rumo a minha casa. Pensativo sobre aquela situação, não percebo um cachorro em minha frente. Desviei, mas bati na traseira de uma van. Não me machuquei muito, mas a moto sofreu danos sérios. O dono da van saiu do local. Tive que levar andando a moto até uma oficina. Depois peguei um ônibus, com as flores, chocolates e a carta nas mãos. Sujo e machucado passando vergonha e pra piorar, em pé.

No caminho, vejo a Jhenny saindo de um bar com amigos e amigas. Saiu de lá carregada por dois caras e uma amiga atrás e entraram num carro branco, um sedan. Uma sensação horrível, não sabia o que era aquilo. Mas doía. Doeu muito. Mas não chorei.

Decidi descer na Floricultura.

- O que aconteceu? Perguntou aquela moça ruiva.

- É uma longa história...

- Resume.

- Tá. A minha namorada me esqueceu, bati a moto. E vim trazer pra você essas coisas. Aceita?

- Ah, aceito né. Obrigada, eu acho.

- Desculpa. É que eu não queria jogar fora. Mas se tiver tudo amassado, pode jogar.

- Tá bom. Eu vou ficar.

- Então é isso, vou embora.

- Espera. Eu te levo pra casa.

- Não, eu vou andando mesmo.

- Tem certeza?

- Sim.

- Tá...

E quando eu estava indo andando e mancando ela grita novamente:

- Espera!

- Oi... Respondi meio irritado.

- Desculpa. É que... Me passa seu número. É que... talvez você queira conversar. Sei lá, desabafar.

- Ah sim, anota aí.

Passei meu número pra ela e fui embora. Atordoado, eu só queria tomar banho e dormir. Mas não sei se conseguiria...

...dormir, claro!

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