Maite
Levantei com cuidado da cama e fui em direção ao banheiro do meu quarto.Olhei- me no espelho e nem acreditei que aquela garota era eu.Olhos vermelhos,nariz vermelho,rosto inchado,e completamente vazia por dentro.Uma vez me disseram que a pessoa mais brincalhona,é a que mais sofre.E é verdade,eu sempre fiz minhas brincadeiras no internato,sempre demostrando ser uma pessoa divertida,que rir por tudo e que nunca chora.Que nunca está triste.Quando na verdade,tristeza é a principal palavra no meu dicionário.A única que realmente me viu assim,foi Jéssica.Eu tinha aguentado coisas demais e na hora,eu não pensei em nada,simplesmente deitei minha cabeça em seu ombro e chorei.Ela sim me entendeu,me deu conselhos e até me aconselhou a parar de me cortar.Sim,eu me cortava.Estou tentando parar.Mas sabe quando você está tentando algo com todas suas forças,mas parece que a vida quer que você nunca pare.Que você continue se cortando,se ferindo cada vez mais.E a cada corte,uma lágrima.E a cada lágrima,uma dor.E a cada dor,uma lâmina.E agora estou aqui.Em frente ao espelho não me reconhecendo mais.Um dia largo tudo,viro as costas e vou embora.E hoje,bem que podia ser um dia desses.Mas não posso.Apesar de não ter mãe,eu tenho uma família.Tenho amigos,gente que se preocupa.Eu não posso sumir.Mas dói.Eu queria poder gritar,desabar no colo da minha mãe e depois ela falar que tudo não passou de um sonho.Dizer que ela me ama,e que sempre me amou.Por que apesar de tudo,eu a amo.
Saio do banheiro e pego uma gilete na minha mochila que prometi a Jéssica que iria jogar fora.Mas não consigo,não agora.Volto para o banheiro e fico encarando aquele pequeno objeto em minhas mãos.E como um filme se passasse em minha mente.Lembro dos olhares da minha mãe,suas palavras de nojo,seu ódio e desprezo por mim.Fecho os olhos com força e está feito.O primeiro corte já foi.Não dói,não arde.Não sinto nada.Simplismente por que a dor interior fala mais alto que a exterior.Fecho os olhos de novo,e dessa vez,lembro do seu olhar quando cheguei,das suas poucas palavras proferidas pra mim.O segundo cortejá foi também.O sangue escorre por minha pele pingando no chão.E a cada lembrança,um novo corte.E assim prosseguir.Chorando,me cortando e lamentando pela minha vida.Uma pessoa como eu,nada daria certo.Se não está dando agora,quem dirá daqui a 5,10,20 anos.
Assim que terminei,admirei o estrago feito em minha pele.Uns cortes ralos e outros fundos.Uns pigando sangue e outros,nem sangravam.
Limpei toda aquela bagunça no banheiro antes que alguém entrasse.Guardei a gilete mais uma vez,caso necessita-se.Limpei meu braço e entrei no box.Tirei minha roupa e liguei o chuveiro.A água gelada bateu na minha pele e eu fechei os olhos aproveitando um pouco daquela sensação.Era bom. Saí do box quando meus dedos começaram a enrugar.Vesti meu roupão e saí.
_Tava divertido ficar aí dentro?
Thiago me perguntou.Eu já devia imaginar que ele estaria aqui.Afinal,eu não contei pra ele onde realmente passei a noite.Eu diria a verdade,mas sei que ele iria dizer ao papai.Então,ocultarei a parte principal.
_Sim,estava.Demorei muito?
Ele me analisou por alguns segundos e depois veio em minha direção.Pegou meu rosto com as duas mãos e olhou bem no fundo dos meus olhos.
_Seus olhos.Estão vermelhos.Andou chorando?
Ele disse ignorando totalmente a minha pergunta.Diria a verdade,ou mentiria?
_Não,claro que não.Estão assim por que caiu shampoo neles.Sabe como sou desastrada,né.
Me esquivei dele saindo de seus braços e abri o guarda roupa fingindo pegar algo.Eu não conseguia mentir pra ele olhando em seus olhos.Logo pra ele,que sempre foi meu confidente.
_Okay.Mas enfim,você ainda não me disse onde a senhorita passou a noite.Anda.Quero respostas.
Ele disse se jogando na minha cama como se fosse dele.Cruzou os braços e pernas e ficou me olhando esperando eu dizer alguma coisa.
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De Volta Ao Passado
Любовные романыSinopse Olá! Sou Maite Perroni e tenho 20 anos, sempre fui uma adolescente rebelde. Meus pais já não me aguentaram mais e decidiram me colocar num internato fora do país,mais n adiantou de nada, todas as noites fugia pra ir às baladas até altas hor...