Sandálias e acendalhas

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Falas que gelam na brasa e que queimam na neve

     Que pesam no ar e pairam nas pedras,

     Na luz e nas sombras

     - palavras surdas e silêncios alto-falantes.


Vamos palavrear, assentados no abrigo

     Juntar as acendalhas e faiscar fogo no atrito

     E rápido, feito o clarão dos raios no céu negroso

     Domar as ideias que lhe saem

     Os medos que lhe tolhem

Asar nos ventos que carregam

     Remar nos rumos que tracejam

     Escrever as palavras que sopram e chamam.


Vamos palavrear por que

     Quem é bom de luz não arremeda fogo

     Nem pula dos vidros

Quem é bom riso não esconde os dentes

     Nem cosqueia dementes

Quem é bom de sonho não arremenda o sono

     Nem vagueia sonâmbulo.


Vamos falar do imediato e do porvir, do antes e do porém

     Ter olhos de sol e visão de luz

     Ter sensibilidade de vento e sentimento de pluma

     Ter esperança de chuva e vontade de raio.


Vamos abrir as portas, os livros, as mentes

     Fechar amizades, fechar os olhos ao beijo

     Fechar os braços aos abraços

     Fechar os passos ao rumo

Abrir os pensamentos e abrigar a imaginação

     Frestear luz no céu fechado e na chuva regalada

     Remover as pedras marcado caminhos

     Estender pontes juntar os mundos.


Vamos falar

     Ter sonhos estrelados de amor

     A Imaginação fogueada de ternura

     A ilusão faiscada de verdades

     As fantasias esmaltadas de contentes - de gente.

Ventos Menineiros - Poesias e meditaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora