Quando eu te conheci

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Lá estava eu saindo daquela festa cheia de pessoas parecendo as mais felizes do mundo, com aquela música mais animada, no último volume e todos dançando como se não houvesse o amanhã. Mas quem diria que dentro daqueles corpos dançantes havias almas tão vazias?

Ainda com aquele zumbido no ouvido das músicas altíssimas da festa, eu andava sozinho e arrependido de ter aceitado a ideia ''tão brilhante'' dos meus amigos de me levarem para uma balada, mesmo eles sabendo de que eu odiava aquele tipo de lugar. Eu estava com medo, já que era de madrugada e bom... eu morava em São Paulo, então teria de ter muito cuidado. Durante o meu percurso até minha casa eu vejo uma pessoa em cima de uma ponte de um rio, mas eu não conseguia enxergar direito já que estava com uma forte neblina devido ao frio, então só conseguia enxergar sob a luz do poste que estava próximo onde ela estava. Confesso que senti um pouco de medo, ainda mais quando se tratava de uma pessoa estranha, então eu fiquei a encarando, pude notar um som de choro e aquilo me deixou comovido, porém eu realmente não sabia se deveria ou não ajuda-lá.

Cuidadosamente fui me aproximando,  vi que era um garoto que aparentava ser mais novo do que eu, olhei para o braço dele e notei que ele estava com a pulseira da mesma festa que eu estava e só assim pude ficar mais tranquilo. Quando eu cheguei do lado dele, mesmo não olhando para mim, virou em minha direção e eu com um tom de insegurança perguntei o que havia acontecido, assim com uma voz de choro e super baixa ele disse:

- Acabou para mim. Eu desisto.

Assim que ele disse, olhou para baixo como se fosse se jogar daquela ponte. Entrei em desespero e segurei o braço dele e puxei próximo a mim e o abracei. Quando eu o abracei pude sentir aquele cheiro de bebida alcoólica forte que eu odiava, mas eu também pude sentir a dor que ele estava passando e, mesmo sabendo que era uma coisa brega que todos falavam, disse para ele relaxar e que eu estava com ele. E foi aí que ele começou chorar até soluçar e eu sem saber o que fazer me senti muito mal por ele e decidi que eu realmente queria e precisava ajuda-lo.

E com essa certeza, coloquei o braço dele apoiado ao meu pescoço e resolvi leva-lo até o hotel mais próximo que tinha perto do local onde estávamos. E chegando lá o recepcionista que nos atendeu nos encarava e falava de uma forma bem seca e estranha como se fossemos algum tipo de delinquentes, mas eu realmente não me importava com aquilo, eu só me importava com aquele garoto que eu sequer conhecia. Então assim que consegui preencher todos aqueles formulários do hotel, fomos indo até o quarto. 

Chegando no quarto o garoto perguntava, num tom meio bêbado, onde estávamos e o que eu queria com ele. Eu nem o respondi, porque sabia que não adiantaria ficar respondendo já que ele iria perguntar de novo. Então levei o até a cama, tirei seu tênis e o coloquei deitado na cama, e ele simplesmente depois de alguns minutos ficou quieto e dormiu. Eu realmente naquele momento nem sabia o que estava acontecendo, não sabia se estava fazendo a coisa certa. Então enquanto ele dormia, só fiquei o encarando e prestando atenção em cada detalhe do seu rosto.

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