Eu prometo

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   No restaurante convidei Lucas para ir ao meu apartamento já que ele nunca tinha ido antes.

   Como o céu estava nublado e ventando bastante, fomos indo a pé até meu prédio, que era mais ou menos umas meia hora andando. 

    Eu havia proposto a ideia de ir andando para que pudéssemos ir conversando um com outro, para irmos observando as paisagens. Mas não foi bem assim, eu notei algo diferente em Lucas. Ele estava mais quieto que o normal, como se ele fosse culpado de alguma coisa. Achei aquilo estranho e como não queria incomoda-lo,  fiquei quieto.

     Após alguns minutos caminhando em silêncio, eu disse:

   - Temos que andar um pouco mais rápido, se você não se incomodar, porque acho que irá começar chover.

    Lucas apenas concordou com a cabeça e deu um leve sorriso. 

   Dito e feito. Não havia passado nem cinco minutos que eu disse e começou a chover. Ainda estávamos na metade do caminho e aquela chuva só aumentava e Lucas estava, de uma forma engraçada, desesperado tentando proteger o celular da água. 

   - Se essa coisa estragar, meu pai vai me matar! - disse rindo com uma expressão de preocupado. 

    - Calma! - Disse apontando a um mercado do outro lado da rua. - Vamos ficar naquele mercado até que essa chuva pare.

    Entramos no mercado encharcados. Os funcionários nos olhava com um olhar de pena. Eu me senti envergonhado com aquela situação, então para disfarçar eu disse a Lucas para irmos até as prateleiras no fim do mercado. 

    Aquela chuva parecia não ter fim e a cada minuto que passava só aumentava. Os trovões ficavam cada vez mais altos. 

   - Acho melhor chamarmos um táxi, essa chuva não vai parar tão cedo - disse Lucas.

     Fiz um sinal concordando com a cabeça. Lucas então desbloqueou a tela do celular, chamou um táxi por um aplicativo e disse que ele chegaria alguns minutos depois.

   - Deveríamos esperar lá fora - disse Lucas. 

    - Sim. Tudo bem - concordei. - Só vou pegar alguma coisa para não sairmos sem nada daqui. 

     Peguei um champanhe que estava próximo a nós e fomos ao caixa.

   - Se molharam muito? - perguntou a mulher do caixa.

   - É... - respondi com um riso forçado e entregando o dinheiro.

    Eu a agradeci, peguei a garrafa e fomos esperar o carro em frente ao mercado. 

    O táxi chegou. Assim abrimos a porta de trás do carro o taxista nos olhou com uma cara de desaprovação do tipo: não acredito que vocês vão entrar molhado aqui. 

   - Desculpa pela bagunça - disse Lucas.

   O taxista não respondeu, apenas estava com uma cara de mau humorado. Então eu só expliquei o caminho para ele e seguimos a rota.

   Assim que chegamos em frente ao prédio, Lucas desculpou-se novamente, saímos do carro e subimos até meu apartamento. 

   - Apartamento legal - disse Lucas tremendo de frio. 

   - Valeu - respondi indo até meu quarto para pegar toalhas. - Você pode tomar banho, eu te empresto algumas roupas. 

   Lucas aceitou a ideia mais rápido que eu pensei e foi até o banheiro em que eu havia lhe mostrado e eu fui no outro tomar banho também.

                                                                           ... 

   Assim que terminei o banho notei que Lucas ainda estava no banheiro. Então peguei o champanhe que eu havia comprado no mercado e sentei no sofá da sala.

   Dez minutos depois, Lucas terminou o banho. Ele saiu do banheiro e veio em minha direção com aquela pele avermelhada da água quente, cabelo molhado e com as roupas largas que eu havia emprestado a ele.

   - Ah... não ficou tão mal vai - eu disse rindo.

    Lucas retribuiu a risada e sentou do meu lado.

   - Você quer beber? - perguntei abrindo a garrafa.

   - Pode ser.

   - Pode beber direto da garrafa mesmo, não tem ninguém olhando - brinquei. 

   - Se você não se incomoda... - disse Lucas pegando a garrafa da minha mão.

    Enquanto bebíamos, eu liguei a TV num programa que passava algumas músicas aleatórias.

   - O que está achando de tudo isso? - perguntei.

   - Legal, eu acho... tirando o fato de eu ter me molhado inteiro.

   Depois de alguns goles de champanhe e conversação, ficamos vendo os clipes que passava na TV. E naquela hora, por ironia do destino, começou a tocar Kiss me do Ed Sheeran.

   - Eu amo essa música! - disse Lucas animado. 

   Assim que ele terminou de dizer fui me aproximando de seu rosto. Confesso que meu coração naquela hora acelerava e minhas mãos suavam. Cerquei-o com um braço em sua cintura, e com o outro coloquei minha mão sobre seu pescoço e o beijei. 

   Naquele momento eu pude sentir o gosto do seu beijo. Pude sentir os seus lábios nos meus. Pude sentir o amor que estava dentro de mim. Eu pude sentir ele. Eu tive a total certeza de que era com ele que queria ficar.

   Depois de um tempo Lucas parou de me beijar. Ele deu um suspiro. Eu olhei em seus olhos e sorri. Ele olhava para mim com a mesma expressão em que estava enquanto caminhávamos até meu apartamento. Estava com um olhar culpado. 

   - Por que está assim? Parece não estar gostando - perguntei olhando em seus olhos. 

   - Eu não posso Adam - respondeu desviando o olhar dos meus. - Eu não quero mentir para você. Eu não quero faze-lo pensar que eu tenho sentimentos por você. Aliás, eu não consigo sentir isso. Eu não falo um eu te amo nem mesmo para minha mãe, sendo que ela é uma das pessoas mais importantes para mim. Eu sou um cara cheio de problemas. Eu sou um cara cheio de defeitos. Você não iria me querer... desculpa.

   - Lucas.... desde a primeira vez que eu te vi eu senti algo diferente. Eu não ligo sobre isso que você disse. Você pode resolver todos esses problemas e esses ''defeitos'', que acha que tem, comigo. Eu quero vê-lo feliz. Eu posso e vou mudar isso, eu prometo. 


   


A Droga do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora