❁ ❝The Truth 》Lolla❞ ❁

Capítulo Três

Eu não fiz nada demais depois daquilo e então a aula começou. Artes, geografia, matemática e ciências — as mesmas de toda sexta feira. Depois de ter passado algumas horas, o sinal toca.

— Estão dispensados alunos, saiam em fila por favor. — a professora de ciências disse.

Já ouviram-se murmúrios dos alunos no qual diziam: "Por que a gente tem que sair assim?" "Não somos mais do 6° ano" "pra que essa professora lerda manda a gente fazer fila?" "ela é idiota?". Revirei fortemente os meus olhos. Nossa, aquelas pessoas não se tocam não? Elas não respeitam uma simples ordem que por acaso, acontecia toda sexta feira porque os alunos literalmente saiam correndo das salas para chegar logo em casa, ou ficar na rua de "pegação".

Era plena sexta feira, eu não tinha planejado nada pra fazer. Então eu comecei a conversar com meu "amigo" virtual pelo WhatsApp.

~Mensagem on~

Lolla: E aí? Quanto tempo que a gente não se fala não é? Estou com saudades.

Rick : Oi, quanto tempo mesmo. É, eu senti a sua falta também.

Lolla: Nossa, parece que você me esqueceu. Você era mais doce comigo.

Rick: Doce? Aonde? Até parece que eu seria doce com uma menina que eu nunca vi na minha vida.

Lolla: Sério? Então toma no cu mal agradecido.

Rick: Nossa, eu estava só brincando.

Lolla: Ata.

Rick: Não pode brincar com você?

Lolla: Não.

Rick: Grossa...

Lolla: Você é um chato, e eu só estava forçando a amizade que eu sei que não vai dar certo.

Lolla: Ultimamente você só tem sido um vacilão comigo!

Rick: Você... Err, mereceu.

Lolla: MERECI? Você vai ver o que VOCÊ merece.

~Mensagem off~

Eu não me importei muito com o que ele disse. Afinal, eu já estava acostumada com amigos que estão lá só para ver fotos suas. Já que eu nunca fui de ser aquela garota super feia. Eu me achava sendo que era um lixo humano.

Eu prometi a mim mesma que ia acabar com aquele merda. Ele era só mais um. Acabei de chegar à conclusão que eu tentava inutilmente conhecer garotos que apenas existiam nos filmes, livros ou séries. Eu prefiro não gostar mais de ninguém. Mais ninguém.

Peguei meu notebook e comecei o trabalho. Eu ia hackear o Facebook, Instagram e Twitter dele e fazer uma comédia pessoal. Comecei primeiro anotando tudo o que iria fazer.

Entrei na conta dele. Eu realmente não mexia muito no Facebook, então eu não percebi que o traste namorava aquela piranha. Parei pra refletir um pouco.

Por isso que o "Rick" havia falado comigo daquele jeito. Era a piranha da Roberta que estava conversando comigo.

Como ele teve a coragem de mentir sobre onde ele mora para mim? Caramba! Ele mora na minha cidade!

Continuei todo o trabalho, invadi cada rede social dele e postei os nudes que ele recebeu. Eu acredito que aquele babaca nunca mais vai mexer com alguma menina por aí ingênua e trouxa. Tentei acreditar naquilo, não fazia sentido, porque se ele já namorava uma piranha, consequentemente ele namoraria outra logo depois. Ele só tinha 15 anos. Ou o que ele quis que eu acreditasse. Para a Roberta querer namorar com ele, o inútil deveria ter 17 ou 18.

Eu já cansei de me decepcionar com as pessoas, eu me iludia mais e mais até não poder suportar mais aquilo. “As meninas são muito diferentes dos meninos elas não pensam em o quanto você é gostosa, elas se tornam suas amigas porque sabem que elas precisam uma das outras sem depender do corpo, apenas da alma e do caráter”. Me lembrei disso, Jisoo havia me dito naquela tarde.

Eu comecei a pensar sobre o porquê de Jisoo sempre falar coisas sem sentido, odiando os garotos de todas as formas. Naquele momento eu estava ouvindo “Girls Like Girls” e eu me toquei. Jisoo é lésbica?

[...]

Sábado, 9:00.

Eu estava sozinha em casa, meu pai não tinha chegado do trabalho e minha mãe foi para a casa de minha avó em outra cidade. Eu adoro as manhãs por isso. Estar sozinha quando o sol entra dentro de casa, em um absoluto silêncio exceto pelo canto dos pássaros, era maravilhoso.
Enquanto estou tomando café da manhã, — leite com achocolatado e torradas com margarina, nunca fui fã daquele banquete logo cedo. Vejo o meu celular como de costume, tinha uma mensagem nele avisando que haveria uma excursão para o parque aquático pela escola. Eu não precisava pedir aos meus pais, apenas avisar e entregar a autorização para um deles assinar.

É, já vi que os meninos babacas iriam olhar para o meu corpo. Um corpo de nerd esquisita. Na verdade, eu gosto do meu corpo, pena que não corresponde com o padrão de beleza brasileiro inútil. Eu não queria ir de jeito nenhum, não queria que aquelas meninas ficassem olhando para o meu corpo e analisassem cada centímetro dele procurando por uma celulite, ou algo do tipo. Eu não queria que achassem algo de errado no meu corpo. Não queria os garotos olhando para mim com segundas intenções...