Um Bandido Guardião Capítulo 5

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Acordei impressionada com o sonho que tivera essa noite. Sonhei com o meu ex aluno Charles. A noite ,saí da reunião do partido lembrando do sonho e com a cena gravada na minha lembrança. Era muito forte a saudade que eu sentia dele depois de todos esses anos.

Voltei para casa cabisbaixa, triste, imaginando como deveria ser o rapaz agora, pois já é um homem adulto beirando os trinta anos.

Onde estaria, como estaria. Será que ainda estava preso? Vivo? Casado?

Entrei no portão do meu condomínio com a cabeça cheias de porquês numa noite tão fria , quando uma voz rouca e suave me chamou:

-Professora. A senhora lembra de mim?

-Olhei para trás .-Fiquei tonta.

-Sou eu professora, o Charles. Eu não disse que eu te procuraria quando eu fosse um homem?

Fiquei catatônica, não conseguia falar nada. Ele colocou o braço sobre o meu ombro e saímos caminhando em direção de uma praça perto de minha casa.

Charles fechou um cigarro de maconha e eu fumei como se ainda fosse comum para mim.

Me disse que na noite passada, estava na prisão de Charqueadas. Lembrou-se fortemente de mim e então pela manhã fugiu da cadeia e decidiu vir ao meu encontro.

Eu continuava catatônica sem saber o que estava acontecendo comigo. Não sabia se era realidade ou sonho, quando então, me levando de volta até minha casa, Charles se despediu de mim .A partir desse dia, nos encontrávamos na praça todos os dias. Charles me buscava no trabalho, ficávamos muitas horas juntos. Fumávamos maconha.Grandes amigos.

Charles estava foragido da justiça. Me contava muito pouco da sua vida. Sabia que a mãe, o padrasto e a irmã estavam na cadeia.

Charles era um rapaz estranho. Vivia sempre chapado ,olhar triste e distante. Me tratava com respeito e reservas.

Um dia subimos no morro do osso. Charles agia como um bom índio no seu habitat natural.

Caminhamos pelas trilhas no mato, me mostrava cavernas de pedra onde costumava ficar quando em liberdade. Charles conhecia cada metro de mata, cada pedra do caminho.

Me levou até uma caverna onde tinha o seu apelido pichado na rocha.

Certo dia ,Charles decidiu me apresentar para uma de suas irmãs.

Fomos passar o Domingo na casa dela. Esta recentemente tinha ganho bebê, seu terceiro filho. Morava no alto do morro da Serraria onde tinha uma vista muito linda do rio Guaíba. Sua irmã me contou todo o sofrimento que passaram na infância pois a mãe presidiaria e eles se criando em instituições.. Na adolescência Charles esteve preso na FEBEM, época em que ele era meu aluno e havia sumido.

Passamos um dia muito legal, havia muito sol, as crianças brincavam em nossa volta e Charles conversava com o seu cunhado enquanto bebiam um engradado de cerveja, com um vidro de guaraná cerebral.

Charles fumou vários cigarros de maconha e eu não quis fumar. Gostava de fumar sozinha ou com ele. E ele por sua vez não gostava de me expor , dizia que eu era uma professora e que eu não deveria prejudicar minha imagem.

Ao anoitecer, Charles sumiu pela vila e quando voltou já bem mais tarde , eu aborrecida pedi que ele me levasse embora, porém ele voltou estranho com os olhos arregalados e muito agressivo. Perguntei se ele havia cheirado e ele começou a me agredir com palavras. A irmã tentou intervir e acabou sendo espetada no braço por um canivete que Charles possuía em seguida, Charles se atirou sobre o cunhado desferindo vários golpes de canivete e com um tijolo nas mãos abriu a cabeça do cunhado deixando-o estirado no chão. Fiquei apavorada e fugi morro abaixo. Charles corria atrás de mim e dizia para eu não Ter medo. Tive uma crise de nervos mas continuei fugindo dele.

Abusada,drogada e prostituidaOnde histórias criam vida. Descubra agora