Capitulo 01 - A dor

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Olá meus amores, cheguei com mais um projeto.

Esse é um pequeno conto, que escrevi ainda a pouco (quando a inspiração vem, essa danada vem com tudo...rs) é algo que me veio de repente e espero que vocês apreciem, ele vai ter 5 capítulos apenas, em sua maioria em formato de carta. Espero que aproveitem...




"Querida Megg,

Estivemos tão pouco tempo juntas mas acho que dezenove meses são suficientes para criar um vínculo de amor tão forte capaz de deixar que possamos nos tratar pelo primeiro nome.

Mal posso acreditar que você realmente se foi. Sinto sua falta a cada minuto que passa, a cada momento que você não está mais perto de mim. Apenas o que me sobrou foram suas lembranças, as poucas roupas que você usou durante seus quase dez meses de vida e as milhares de fotos que fiz questão de tirar todos os dias que estive ao seu lado. Contudo, isso não é suficiente para aplacar a dor que sinto.

Você foi tão esperada meu amor, tão esperada. E quando finalmente descobri que você viria foi o maior motivo de felicidade para mim e para seu pai. Nem sabíamos se você seria menino ou menina e sua avó já estava tricotando sapatinhos e mantas da cor amarela, ''assim, não importa o sexo, ele ou ela poderá usar tudo que eu fizer' ela dizia.

Quero lhe contar tudo que aconteceu desde o fatídico dia 03 de novembro. O dia em que você me deixou.

Os primeiros dias foram os piores, me lembro claramente de quando Roberto, o seu papai, e eu chegamos ao hospital, levávamos o seu presente de dez meses de vida, um vestido vermelho com sapatinhos de crochê da mesma cor que foram tecidos por sua avó Camila. Eu já imaginava o quão linda você ficaria nele, sua pele branca e frágil ficaria ainda mais perfeita com aquela roupa comprada com tanto carinho. Mas assim que chegamos, antes de sermos levados a sala onde iriamos nos trocar pelas roupas médicas necessárias para entrar na UTI, o médico nos chamou até um canto afastado. Ele não parecia agradável e naquele momento eu soube que tinha acontecido o que eu mais temia.

Todos os dias desde que você nasceu eu pedi a Deus que não te tirasse de mim, minha pequena flor, mas Ele tem planos diferentes e decidiu fazê-lo do mesmo jeito. Assim que o médico falou as tão temíveis palavras que tornavam realidade a sua partida eu caí, desmaiei por que não consegui manter minhas forças. Perder você foi a pior dor de todas que um dia eu poderia imaginar sentir. Algum problema respiratório muito grave foi o que te aconteceu. Não tenho completa certeza por que não fiquei consciente o suficiente para ouvir tudo.

Eu chorei muito, passei dias inteiros sem comer, nem dormir e nem tomar banho. Eu estava um trapo, não conseguia me reconhecer ao olhar no espelho. Eu me tornei uma sombra da pessoa que um dia fui. Por que desde que eu soube que você estava dentro de mim eu automaticamente me tornei "a mãe da Megg" e agora eu não era a mãe de ninguém. Eu não era mais ninguém.

O ponto máximo do meu desespero foi no dia do seu enterro. Eu queria com todas as minhas forças poder pegar seu corpinho gelado em meus braços e poder te reavivar com o meu amor. Existem pesquisas que dizem que isso é possível, sabia? Quando comecei a gritar, dentro da Capela Mortuária, dizendo que você estava viva e que eu te queria nos meus braços foi o ápice.

Então perdi meu emprego e me mandaram para a terapia. Naquela época eu achava que não precisava, mas quem é que sabe quando precisa, não é?

Mas falo disso na próxima carta. Sim, terá uma próxima carta. Vou escrever para você regularmente agora, ok? Agora está na hora da sua soneca da tarde.

Bons sonhos minha pequena flor.

Com amor, mamãe. "

Com amor, mamãe [Conto]Onde histórias criam vida. Descubra agora