Uma garota corria em minha direção. Ela tinha cabelos escuros, pele marrom claro e olhos bem verdes. Devia ter uns três anos apenas. Os cachos grandes de seus cabelos balançavam com o vento à medida que ela se aproximava, mas ela não me via. Ela corria de algo que a perseguia, a face aterrorizada, as mãos tremendo. Passou por mim, mas eu não estava ali. Estava observando-a. Senti medo por ela. Senti uma angústia forte, como se eu quisesse protege-la, mas não pudesse. Pois ela estava fora do meu alcance. Ela caiu por entre os galhos secos de árvores no chão e raízes das mesmas que saíam da terra. Tentei correr até ela. Tentei ajuda-la, pois uma parte de mim que abraça-la. A minha parte fraternal. Mas, alguém chega antes de mim e põe fim ao seu terror. Um homem com olhos verde-água e cabelos escuros, como os dela, segurou-a nos braços e alisou seus cabelos enquanto dizia palavras reconfortantes. O homem vestia camiseta havaiana, bermuda caqui e sandálias de dedo. Roupas que não cabiam com a cena daquele pesadelo. Uma mulher apareceu ao lado do homem e abraçou a garotinha. O homem levantou a mão para o alto e deu fim a o que quer que perseguia a garotinha. Depois disso, tomei um susto. Pois, os três olharam pra mim, como se só agora percebessem a minha presença ali. O homem esticou a mão em minha direção e disse palavras que eu não entendi. Mas, eu não sei o fim do sonho, pois alguém me acordou.
- Percy! Ainda está dormindo? - Minha mãe gritou no corredor, perto do meu quarto no nosso minúsculo apartamento. - Venha, temos que voltar ao acampamento. Anne já mandou uma mensagem de íris e eu fiquei muito desconfortável por ter que dizer que você ainda estava dormindo e não se preparou para voltar... - O olhar dela ficou tenso ao entrar no meu quarto e me encarar. - O que foi filho? Porque está suado e ofegante?
Eu nem tinha percebido que estava desse jeito.
- Eu tive um pesadelo. - Cocei os olhos, sentando-me na cama.
- Com a garotinha de novo? - Minha mãe me perguntou e sentou ao meu lado. - Seus sonhos podem dizer alguma coisa, certo?
- Eu não sei, mãe. Tenho medo de esse ser real. - Passei a mão pelos meus cabelos desgrenhados. - Se for, eu não entendo o que essa menina tem a ver comigo...
- Assim que chegar ao acampamento, vai conversar com Quíron e Annabeth. Vão saber o que dizer a você ou o que fazer diante disso.
- Certo. - Esse pesadelo me perseguia há meses. Ignorando os últimos resquícios do medo e temores do meu pesadelo em meus pensamentos, fui tomar banho. Não sabia o que fazer, mas voltar ao acampamento ia ser bom. Eu estava animado.
Porém, me senti culpado, pois não contei a minha mãe sobre o casal que salvara a garotinha. Não sei por que, mas senti que não deveria contar. E diante de todo esse drama envolvendo meu subconsciente, o que mais me assustou foi que eu conhecia aqueles rostos. Conhecia aquele casal, bem até demais.
E debaixo do chuveiro, perguntas me atormentavam: Quem era a garotinha? Do que ela fugia? Quem era o casal que a acolhia? Como eu os conhecia tão bem se nunca os tinha visto?
E porque estava sonhando com uma garota desconhecida?
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Lights In The Camp
FantasyUma garota misteriosa invade os sonhos de Percy. Ele não tem ideia do objetivo de tudo aquilo, mas sente que tem uma ligação com essa garota. Enquanto no Brasil, Júlia Martinez corre para sobreviver. De uma vida normal, ela cai em um mundo estranho...