Noite

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Paginas de um diário que pertenceu a um morador da cidade central .

[...]é a terceira vez que ele faz isso vem aqui sem pagar e acha que fica impune, essa cidade não tem futuro algum, as ruas estão lotadas de bêbados e veteranos, igual aquele que sempre fica na mesa ao lado do lampião, deve ser algum tipo de veterano pela sua estrutura corporal e postura, algum dia eu devo perguntar ele por que vem tanto ao meu bar.

[...]aquele homem de fato era um veterano porém bem jovem, coitado deve ter lutado bem novo na guerra, eu lhe perguntei por que sempre vem ao meu bar e ele disse por causa da música que minha trovadora toca, de acordo com ele são como pequenas faíscas que iluminam o local e aquecem o ambiente, eu pessoalmente acho que ele só está muito bêbado.[...]

[...]Ja se passaram 2 meses que ele não vem, estranho eu sentir falta da sua companhia apesar dele estar sempre em seu canto bebendo, uma vez eu estava servindo a mesa ao lado e pude ouvir ele chorar, me arrepio só de pensar que horrores ele viveu nessa guerra.[...]

Começo dizendo que fui salvo hoje por aquele veterano, era noite umas 2 ampulhetas para o fim do pico da lua, entraram 3 homens bem armados pareciam ser mercenários, pediram cerveja e diziam que estavam realizando um trabalho aqui na cidade, com o bar esvaziando e como de costume o veterano sempre no seu canto quase imperceptível se não fosse pelo lampião perto dele.

Quando os homens perceberam que estava vazio um deles se levantou e pediu que eu pegasse as moedas e lhe entregasse pois se não iria matar a trovadora e meu outro empregado, eu não podia alcançar meu machado que estava debaixo do balcão, olhei preocupado ao redor a porta estava bloqueada e o veterano tinha sumido, eu só podia pensar que ele estava observando o movimento para planejar esse roubo,sem opção faço o que eles pedem quando começo a entregar as moedas ouço um grito vindo do homem da porta, o veterano esta segurando o mercenário por trás, os braços dele estão presos entre as axilas do veterano, ele esta com um corte perto da garganta os mercenários se viram em direção a porta fazem um sinal para o amigo preso, o mercenário que estava nos braços do veterano se joga no chão quase puxando o veterano junto, enquanto isso os 2 mercenários avançam em direção a ele com suas espadas, o primeiro deles tenta acertar um golpe em seu ombro, porém o veterano não esta bem equipado quanto eles então tem uma mobilidade maior e consegue desviar, mas o segundo mercenário lhe perfura perto da cintura.

Ele segura a espada pela lâmina e olha nos olhos do mercenário, nesse momento eu percebi uma coisa, não tinha sangue, ele não sangrava nem na cintura nem nas mãos que seguravam a espada, acho que com a adrenalina o mercenário nem percebeu, enquanto um deles se levantava o outro ia para o segundo golpe, tentando furar o peito dele o bandido avança na direção do veterano, mas ele de novo desvia, inclinando seu corpo levemente para trás, nesse momento ele segura o bandido que acabou de lhe atacar e põe a faca no pescoço dele, o ultimo que estava no chão se levanta e pede para que solte seus amigos senão irá mata-lo lentamente, o veterano olha para o mesmo e solta uma leve risada e corta a garganta do bandido preso entre seus braços, no mesmo instante ele empurra a espada em sua cintura para fora e  rapidamente com a faca ainda suja enfia na lateral da garganta do segundo mercenário, o terceiro muito assustado tira um livro da sua mochila e fala pra ele se afastar, devia ser algum tipo de mago com suas tranqueiras, o veterano põe a mão para cima, com toda a distração acontecendo eu vi a minha oportunidade de ajudar, rapidamente consegui pegar meu machado e corri na direção do filha da puta que nos tentou roubar, ele se defendeu com o livro(que era bem grosso aliás), quando ele ia me perfurar com a sua espada o veterano segurou a mão dele e disse:

 -Não volte nesse bar novamente você irá sair daqui e se entregar para os guardas e se não fizer o que estou lhe pedindo eu tenho bastante tempo para te matar e eu vou te achar

Ele fez um corte leve no braço do bandido e o empurrou na direção da porta e saiu junto com ele, nunca tive a chance de agradecer ele direito pelo o que ele fez, mas espero que amanhã eu possa fazer isso.

[...]tem mais de 1 ano que ele não volta ao bar, me pergunto se ele ainda está vivo, chequei a prisão para ver se estava la, andei a cidade também não o encontrei, me entristece não poder agradecer o homem que salvou minha vida.[...]

[...]eu devo estar muito velho, mas hoje a noite veio um homem igual ao veterano e se sentou na mesa do lampião, porém tinha cabelos longos, a voz, expressão e até o jeito era muito parecido, não tem como ser ele, se passaram 32 anos desde aquela noite, ele estaria tão velho quanto eu, poderia ser só mais alguém qualquer, mas o que me chamou atenção foi o que ele deixou quando foi embora, uma faca e um saco de moedas, no mesmo valor que o veterano gastava toda madrugada.[...]

Registros de uma lendaOnde histórias criam vida. Descubra agora