Coração de Aço

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Páginas de um diário que pertenceu ao Coração de Aço, herói Demeriano da 3ª Era.

Meu nome é Rudhan, nasci em uma cidade no sul, desconheço minha mãe, diziam que ela era louca que iria me deixar morrer pois não sabia o que estava fazendo com uma criança, e ninguém sabia de quem era o pai, também nunca soube, fui criado num castelo por um escudeiro que me acolheu desde novo, agradeço ele mas estou decidido a descobrir quem são meus pais, tenho 17 só, juntei umas moedas que consegui trabalhando para pessoas do castelo e partirei em uma pesquisa sobre minha origem.

Cheguei na cidade onde nasci, é um local que parece ter sido esquecido pelo tempo, casas de pedras velhas e uma grande catedral em ruínas, ofereci para trabalhar no estabulo, posso dormir junto aos cavalos e todo dia ganho uma refeição, não preciso mais do que isso também.

Perguntei sobre alguma mulher louca e me indicaram a catedral, e os doidos que ficam no muro leste, conversei com todas as mulheres que tinham a idade para ser minha mãe, muitas delas não tinham noção do mundo ao redor e muito menos do que eu falava, a louca da catedral vivia em volta da fogueira no centro, sempre pegando alguns galhos e alimentando o fogo, que era bem protegido e muito mais quente do que o normal, suspeito que seja pelo ambiente meio fechado que estávamos, mas até quando pus a mão para me aquecer senti algo diferente, como se tivesse um abrigo real. Não consegui descobrir o nome da louca da igreja, se recusava a falar o nome, tudo que dizia era que sentia falta do seu amado e que roubaram tudo dela.

Se passaram 2 anos e até hoje descobri pouco sobre minha origem, uns dizem que meu pai era um bêbado qualquer, outros falam que era um soldado, tenho duvidas de se algum dia irei encontrar algo, mas suspeito que a louca da catedral possa ser minha mãe, as pessoas da cidade dizem que ela teve um filho uma vez mas que ele sumiu, as pessoas daqui dizem que ela era amante de um herói da região.

Algo muito estranho aconteceu comigo essa semana, fui assaltado na rua durante a noite e revidei os ladrões mas eu estava muito forte, como se algo dentro de mim estivesse produzindo habilidades que nunca tive, reparei que com o tempo fiquei mais forte mesmo sem exercícios ou trabalho pesado, não posso sonhar em contar isso a alguém, eu seria caçado por ser um mago e minha unica chance de saber algo é a louca da catedral, ela foi amante de um mago um dia.

Tudo faz sentido agora, eu achei meu lugar no mundo, cedo fui até a catedral, levei lenha e uns alimentos para a senhora que vive la, que agora eu sei como chamar ela, mãe. Sim, acho que no fundo eu sabia, por que sempre visitava ela quando passava pela catedral. Quando cheguei e expliquei pra ela que parecia existir uma chama dentro de mim, ela me olhou, pegou no meu rosto e olhou nos meus olhos, demorou mas ela percebeu que eu era o filho que lhe foi tirado, e explicou que o irmão dela achava que ela era algum tipo de possuída pelo Coração de Fogo, ela me contou como conheceu meu pai, um homem de cabelos grandes e pretos, possuía uma ombreira antiga com um simbolo de fogo encravado, era o homem das lendas das terras centrais, me contou como foi cercada por inquisidores num inverno junto com o meu pai, e quase morreram, ele aquecia ela a todo momento, mas o fogo era a fonte de vida dele, toda vez que ele a aquecia um pedaço dele ia embora, presos e sem como "abastecer" seu fogo, ele ia morrendo pouco a pouco pra salvar ela, ate que num ultimo momento ele a abraçou bem forte e pegou um pedaço de madeira e pôs fogo nele, nesse momento ele apagou, a chama em seu peito agora estava em um pedaço pequeno de madeira úmida, que ate hoje minha mãe tenta manter aceso. Todos esses anos que chamavam ela de louco pro manter uma pequena fogueira em um catedral era ela tetando manter o coração do meu pai aceso. Ela me deu a ombreira que pertenceu ao meu pai e a espada dele.

Hoje minha mãe faleceu, dormindo tranquilamente em seu quarto, agora eu quem cuidava do coração do meu pai, nunca fiz nada importante da vida mas decidi que irei fazer o que meu pai provavelmente faria, irei ajudar quem mais precisa, levarei a chama dele comigo sempre, darei um jeito.


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