O u t s e t

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Davenport, Kendra.

Maio
Binghamton, EUA.

"Christian, eu realmente acho que devemos terminar", A garota de olhos castanhos escuros falou para seu reflexo no espelho e bufou frustrada, porque não estava bom o bastante. Se ajeitou confortavelmente no banco em frente a penteadeira, abriu um sorriso e então repetiu: "Christian, eu gosto muito de você, mas é melhor terminarmos". O sorriso em seu rosto murchou, junto de seus ombros que tombaram em direção à madeira escura, apoiando a testa na mesma fechando seguidamente os olhos.

Kendra nunca se preocupou quando tivera que terminar relacionamentos, porque nunca rompeu com ninguém antes de Christian, pelo contrário, o coração a ser partido sempre era o dela. O namoro deu início no primeiro ano da faculdade, e ela era cegamente apaixonada no namorado. De vez em quando, - sempre - a lembrança do pedido oficial de namoro vagava por sua mente. Foi uma noite especial com todo aquele clichê que Ken tanto imaginou depois de assistir e ler a tantos romances: um vestido elegante, buquê de flores, um jantar romântico em um restaurante extremamente chique, com direito a foto na tela principal antes do término da noite.

Com certeza a noite estava entre suas lembranças favoritas, - incluindo quando perdera a virgindade -, ela sempre revivia o quão fofo e cavalheiro o namorado havia sido naquela noite. Além de carinhoso e compreensivo, respeitou seus limites deixando-a confortável.

Ela não poderia ter feito escolha melhor. Não somente pelo sexo, mas porque eles sempre se deram muito bem. Tinham gostos parecidos, ambos completavam um ao outro e nunca discutiam por coisas fúteis. O motivo de suas brigas sempre possuíam fundamentos, e nunca, - em hipótese alguma -, dormiam sem antes resolverem tudo, isso deixava qualquer outro casal com inveja. Só que as coisas pareceram mudar no dia em que recebeu a notícia que seria a oradora de sua turma, - a vida de universitária estava acabando - e enquanto Ken queria ganhar o mundo, Christian estava satisfeito com o que Binghamton tinha para oferecer. No fundo Kendra sentia que era injusto terminar com Chris quando tiveram tantos momentos bons, quando ele sempre fora um namorado invejável, mas... Ela não poderia mais continuar adiante, - aquele seria o dia para o declínio do namoro perfeito.

Ela levantou a cabeça respirando fundo, observando a própria imagem no espelho. Estava maquiada, pronta para sair dentro de poucas horas, e sua beca estava pendurada no cabide na porta de seu closet junto do capelo. Kendra seria muito mais que uma vaca em plena colação de grau, mas concentrou-se outra vez em seu reflexo, abriu um sorriso e proferiu mais uma vez: " Chris, nós precisamos terminar. "

"Eu sempre quis ouvir você dizer isso." A voz do seu melhor amigo a fez olhar para o lado. O modelo internacional estava parado na porta do quarto com um sorriso debochado no rosto. "Quantas vezes você já treinou essa maravilhosa frase?"

"Algumas vezes ", confessou indo até o amigo, pegando-o pela mão e sentando-se de seguida na cama. "Théo, eu não sei o que fazer."

"Hei." Ele a abraçou pelos ombros. "Você pode tentar assim: acabou, babaca." Ele deu de ombros. "São só duas palavras, é bem simples."

Kendra sorriu, deitando a cabeça em seu ombro. "Você pode, por favor, fingir ser o Christian?"

"Por mim tudo bem." Ele beijou o topo de sua cabeça.

"Okay!" Ela se separou do braço do amigo e se levantou ficando frente à Théo,  que permaneceu sentado, pois caso contrário a amiga encararia seu abdômen. Ken não sabia se odiava o fato dele ser tão grande ou de ela ser tão pequena.

"Vamos lá, baby, eu sou o Christian. Estou mais do que pronto para ser chutado, na verdade, foi o que eu sempre quis!"

"Não, Théo!" Ela o empurrou pelos ombros, fazendo o amigo dar risada de sua "seriedade."

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