Ainda somos os mesmos

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O tempo, sempre ele, nas divagações, devaneios, na vida real. Assuntos vêm e vão, viram pauta e passam, assim como o tempo também passa, mas nunca passa. O tempo não para. Das coisas da vida ele é o único que não espera de verdade, que não oferece uma segunda chance. Já dizia Heráclito, ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, quando um ser entrar nele pela segunda vez, o rio não será o mesmo, as águas não serão as mesmas, da mesma forma o ser.

Eu estou há quinze dias emperrado em duas músicas do Belchior, incrivelmente interpretadas por ele, mas magistralmente cantadas por Elis Regina. Fenomenal.

Agora vou tratar só da primeira, uma grande ode ao tempo e ao que fizemos a ele: "Como nossos pais". Uma música que até onde lembro sempre conheci, mas nunca prestei a ela o devido respeito, a devida atenção sem dúvida merecida.

Não quero lhe falar meu grande amor...Das coisas que aprendi nos discos...Quero lhe contar como eu vivi...E tudo o que aconteceu comigo...Viver é melhor que sonhar...E eu sei que o amor é uma coisa boa...Mas também sei...Que qualquer canto é menor do que a vida...De qualquer pessoa.

Por mais incrível que seus planos sejam, por mais longe que os filmes nos levem, por mais que uma música nos faça pensar (inclusive esta), nada, absolutamente nada é maior, nada é mais importante do que a vida de uma pessoa.

Tudo isso é criado por pessoas, pela incrível capacidade das pessoas, pode parecer a maior revolução já feita, mas saiu dos pensamentos de um simples e mortal ser. E essa é a importância da vida.

Sonhar é bom, sonhar é maravilhosamente bom, mas jamais superará experiências reais, o treino nunca simula perfeitamente o jogo.

Minha dor é perceber...Que apesar de termos feito tudo o que fizemos...Ainda somos os mesmos e vivemos...Ainda somos os mesmos e vivemos...Como os nossos pais...Nossos ídolos ainda são os mesmos...E as aparências não enganam não...Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém...Você pode até dizer que eu tô por fora...Ou então que eu tô inventando...Mas é você que ama o passado e que não vê...É você que ama o passado e que não vê...Que o novo sempre vem...

Mesmo diante do tempo que passa, diante de toda a evolução, ou revolução, que temos vivenciado, tanto cultural quanto tecnológica, ainda somos os mesmos, ainda vivemos como nossos antepassados viveram, temos os mesmo medos, as mesmas angustias. Não parece, é claro que não, o mundo já veste uma roupa nova, muito diferente da que vestia há 10, 20, 50 anos atrás, mas não se enganem, os problemas, bem no fundo, são os mesmos, são internos e não exteriores.

O tempo passa, às 24 horas de amanhã não serão as mesmas de hoje, da mesma forma que às 24 horas de hoje são diferentes das de ontem. O novo sempre vem.

Mesmo tendo feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos, não sem enganem


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