my new best friend.

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Lox deu tapinhas nas minhas costas e me levou para a enfermaria. Ficou comigo por uns cinco minutos, mas a enfermeira mandou ela ir pra aula. Mas é claro que ela não iria desistir tão fácil:

— Mas eu sou a única amiga dele! - protestou.
— Obrigado, Lox. Minha auto-estima precisava disso. - ironizei.
— Desculpe, anjo. Enfim, impossível eu deixar ele sozinho! - continuou.
— Olha senhorita, se não for pra sua classe agora, vou ter que chamar a diretora. O que a madame acha? - disse a enfermeira. Lox revirou os olhos e bufou.
— Não queria ter que fazer isso, mas se a senhora insiste.... - a mulher deu um sorriso vitorioso.

Mas o que ela não achava era que a Mahogany fosse sentar na cadeira do lado da maca.

— Chama a diretora. Já disse que daqui eu não saio.
— Lox, deixa de ser louca. Eu tô bem, juro. Meio fragilizado, mas bem. - eu disse.
— Ela vai te liberar, Shawn. Você vai ter que ir pra casa sozinho. Eu não vou deixar, vai que você passa mal no caminho, sei lá. - respondeu. Revirei os olhos pelo tamanho do drama. Foi só uma vomitada, caramba. - E isso seria TOTAL culpa sua! - apontou pra mulher, que nos olhava com cara de bunda.
— Olha moça, eu sei que a senhora não pode fazer isso, mas libera ela, vai. Eu já tô liberado, mas ela não vai parar de encher o saco até ser liberada comigo. Por favor, vai. - pedi a senhora, fazendo minha melhor cara de sofrido. A mulher nos olhou e bufou alto.
— Saiam daqui! - disse, por fim.
— Obrigado. - disse, saindo puxando a ruiva teimosa que eu chamo de amiga.

Saímos da sala e demos de cara com o casal que eu mais odeio. Se eles se beijarem de novo, vou vomitar meu fígado. Molly estava com uma expressão preocupada, e eu quase me esqueci que vomitei na frente dela. Quase.

— Você tá bem? - ela perguntou, vindo até nós.
— Sim.... Hm, você não tinha que tá na aula? - disse, continuando andando com Lox ao meu lado.
— É, mas eu queria saber como você tava. - tanto ela como o namorado, que não falou nada, estavam nos seguindo.
— Eu tô bem, obrigado. Agora eu vou pra casa, então pode ir pra aula. - disse, tentando me livrar da sua presença, que faz meu estômago remexer.
— Hm, não quer que eu te leve? Vai que você passa mal no caminho, sei lá. - perguntou.
— É por isso que eu tô aqui. Eu vou levá-lo, não se preocupe. Pode ficar aí com o seu namorado. - Lox disse. Molly até abriu a boca pra responder, mas a ruiva não deixou. - Vem Shawnzinho, vamos logo. - e me puxou.

Olhei para trás enquanto era arrastado e vi confusão no rosto da Molly. Olhei para Mahogany sem entender e ela respondeu, parecendo ler meus pensamentos:

— Não, eu não tô flertando com você. É que essa Molly já tá ligada que você gosta dela, e tá achando que pode brincar com os seus sentimentos. Viu como ela tava toda meiguinha com você e o namorado dela do lado? É uma abusada mesmo! - disse, indignada.
— É... olha, tanto faz. Depois de me ver vomitar, duvido que ela vai querer alguma coisa comigo. - falei, rindo do meu próprio desastre.
— Dúvido também. - riu comigo.

Fomos o caminho todo conversando, e, como esperado, eu não vomitei. Assim que chegamos na minha casa, convidei-a para entrar, até porque uma companhia legal nunca é demais.

Ao entrármos, minha mãe veio correndo em minha direção, vendo se eu estava com febre e falando sem parar:

— Ai meu Deus, eu sabia que era muito cedo pra outra escola. Eu disse pro seu pai! Como você tá, meu filho? Vomitou de novo? Tá enjoadinho? A gente tem que ir no médico!
— Mãe, eu tô bem. Foi só um mal estar. E a Lox veio comigo pra ver se eu vomitava no caminho, mas não vomitei. Relaxa. - disse. E só então ela reparou na ruiva ao meu lado, dando um sorriso fofo.
— Ah. Então você deve ser a Lox, certo? - mamãe perguntou.
— Sim, é um prazer conhece-la. Eu só quis vir com o Shawn porque, não sei, vai que ele passa mal no caminho, né? Além de que, é isso que amigos fazem. - disse Mahogany, dando de ombros no final. Ao ouvir a palavra "amigos" o rosto de mamãe se iluminou.
— Claro! Nossa, é muito bom saber que o Shawn arrumou uma amiga tão gentil. Você não quer um lanche? Eu posso fazer. Gosta de sanduiche de queijo? - claro que ela iria bajular a minha única amiga.
— Sim, se não for incômodo. - Lox sorriu.
— Claro que não, querida! Por que vocês não sobem, que quando o lanche ficar pronto eu levo pra vocês, hein? - minha mãe foi nos empurrando até a escada, sem esperar nossa resposta.

Subi com Mahogany até meu quarto e ficamos falando sobre o quanto minha mãe é louca, mas um amorzinho (segundo Lox). Depois de comermos, a ruiva foi avaliar meu quarto:

— Hm, nada mal pra um quarto masculino. Quer dizer, vou fingir que não vi umas cuecas jogadas por aí. - disse ela.
— Você vai ter que relevar, vai. Eu acabei de chegar de mudança! - pedi.
— Tá bom, tá bom... Um violão! - apontou para o meu, que estava encostado do lado do armário.
— Eu disse que tocava.
— Toca pra mim, Mendes. - pediu, já pegando o meu violão.
— Acho melhor não..
— Por que? - fez biquinho.
— Minha mãe não gosta do barulho do violão. Na verdade, ela não gosta que eu toque. Diz que isso não vai dar o futuro que mereço. - disse, coçando a cabeça, lembrando das milhares de vezes que mamãe me disse isso.
— Oh. Bom, então vamos lá pra fora. - resolveu ela, me puxando até a sacada do quarto.

Sentamos nas cadeiras e ela me deu o violão, que comecei a afinar enquanto pensava na música que iria tocar. Até então, a ruiva me olhava sorrindo, ansiosa.

Piarreguei e comecei a tocar as primeiras notas, ela se sentou mais ereta, disposta a ouvir melhor:

— Bom, antes de começar, preciso te dizer o que fala a música. Tem esse garoto, que é apaixonado por essa menina. Mas ele acha que ela é demais pra ele, e que tudo o que ele pode dar nunca vai ser o suficiente, pois ela merece mais. E na música, ele só quer ser honesto.

"Hey, how's it going?
Can you meet down on Eli street?
Can you talk for a moment?
There's no way to say this that easily"

Lox abriu a boca, parecendo admirada com minha voz. Continuei.

"And everything I said, I swear I meant it
I need to tell you that this isn't your fault
And I know that I'll probably regret
And it kills 'cause the worst by the phone"

Fechei os olhos, o refrão chegara.

"It's that I hate to hurt you
But I gotta be honest
I can't give you what you need, oh
You deserve more than I can promise
And I'm just tryna, I'm just tryna
Baby, I'm just tryna be honest
I'm tryna be honest with you
You know that I'm sorry
But I'm tryna be honest with you"

Parei a música ali. Abri os olhos. Lox me olhava encantada.

Bad ReputationOnde histórias criam vida. Descubra agora