Bad Reputation

the fight.

— É claro que eles têm que ficar juntos, você é louco?! — Mahogany exclamou.

Estávamos usando nosso tempo de almoço para discutir sobre a quarta temporada de Sherlock, que saiu alguns dias atrás na netflix e a gente passou o fim de semana todo vendo e revendo.

-— Eu só acho estranho Sherlock e o dr. Watson se casarem e o Holmes adotar a Rosie como filha. — disse, pela milésima vez.
— Você não sabe nada sobre amor!  — ela decreta, jogando uma bolinha do papel de seu sanduiche em mim.

Ri e balancei a cabeça, até porque por mais que eu queira discutir, é verdade. Eu não sei nada sobre o amor.

— Você vai lá pra casa esse fim de semana de novo, né? Porque minha mãe já tá perguntando, e provavelmente vai fazer um banquete pra você. — eu disse, mas ela claramente não prestou atenção.

Segui seus olhos e vi quando Jacob deu um beijo no rosto de uma das garotas que andam com ele e seu grupinho.

Ouvi Mahogany dar um suspiro triste, e levei minha mão até a sua, tentando lhe dar conforto. Quando eu ia falar algumas bobagens, só para fazê-la rir, a porta do refeitório se abre com um estrondo, e entram Molly e Skate discutindo e gritando um com o outro.

Todo mundo estava prestando atenção na briga e tentando entender o que estáva acontecendo.

— Eu não ligo, porra! Se você acha que pode sair e comer toda mulher que vê pela frente, e ainda achar que eu vou continuar com você, tá muito enganado! — ela grita.
— Qual é, Mollyzinha. Deixa de drama, foi só uma vez. — Skate diz, na maior calma.
— E daí, Nate?! Eu não sou a sua vadia, que você só fala quando quer foder! — Molly diz, e eu sinto meus olhos se escancarando.
— Tem certeza que não? — ele diz, dando um sorriso maldoso.

De longe consigo ver as marcas dos dedos dela em seu rosto, depois do tapa que ela lhe deu.

— Você tá louca?! Eu vou te matar, sua vadiazinha de quinta. — ele diz, com os olhos vermelhos de raiva (ou maconha).
— NUNCA MAIS ME DIRIJA A PALAVRA, SEU ESCROTO! — ela sai de perto dele e começa a andar atrás de uma mesa.

Skate dá de ombros e vai se sentar com seus amigos, que parecem chocados com a cena.

Sigo Molly com o olhar, e quando ela me vê, sorri e caminha em nossa direção.

— Me diz que ela não tá vindo pra cá. — Lox sussura para mim.
— Ela tá vindo pra cá. — sussuro de volta.

Em segundos a garota dos olhos mais lindos do mundo se senta em nossa mesa e diz:

— E aí.
— Hm, oi. — respondo.
— Tá perdida? — Lox diz, seca. 

Chuto sua perna debaixo da mesa e ela me olha feio.

— Não, só pensei que podia sentar com vocês. Sabe, conhecer meu novo vizinho e tal. — ela diz, sorrindo pra mim. Sinto meu coração dar uma falhada.
— Sério? E você só pensou nisso agora, um mês depois dele chegar? — Mahogany diz, ainda na defensiva.
— Tá, Lox. Relaxa. — digo, só porque não quero ver ninguém brigando.

A ruiva suspira alto, revira os olhos e lança seu olhar para o outro lado da cantina, se recusando a manter contato visual conosco.

Molly então decide puxar conversa:

— Então, vocês estavam falando sobre o quê? — ela pega uma das minhas batatas, enquanto espera a resposta.
— Hm, eu tava perguntando pra Lox se ela ia dormir esse fim de semana lá em casa de novo. — digo.

Mahogany enfim entra na conversa, arregalando os olhos e me dando um sorriso amarelo.

— Ah não, você prometeu! — digo, já sabendo o que viria pela frente.
— Eu sei, mas o Jacob me pediu ajuda nesse fim de semana pra um trabalho de Química. Desculpa, Shawn. — ela diz, pegando minha mão sobre a mesa. Suspiro alto.
— Ótimo, agora vou ter que falar pra minha mãe que você não vai, e ela vai dar um escândalo achando que eu só tenho você de amiga.
— Mais ou menos isso, Mendes. — ela brinca, e eu jogo uma batata em seu cabelo.
— Eu posso ir. — Molly diz.
— O quê? — eu e Mahogany dizemos juntos.

Ela não tá falando sério, tá?

— Eu disse que posso ir. Aparentemente, meus programas para o fim de semana foram cancelados. — ela diz, indicando com a cabeça o lugar onde Skate estava.
— Hm. Tá. — respondo. Não por concordar (mesmo achando isso a oitava maravilha do mundo), mas sim porque era a única coisa que eu consegui dizer.
— Beleza! — ela sorri animada, e eu não consigo não sorrir também.

Lox limpa a garganta querendo chamar nossa atenção e acaba deixando o clima esquisito.

Ninguém fala nada até Molly quebrar o silencio, perguntando:

— Então, o que vocês estavam conversando tão animados antes de eu entrar? — percebendo nossas caras assustadas, ela complementa — Dava pra ver do lado de fora.
— Eu tava falando que o Shawn não entende nada de amor. — a ruiva diz.
— E eu discordei, com a prova da música que você escutou. — respondo rindo, e ela me joga um pedaço de seu sanduiche. — Para de me jogar comida, cabelo de fogo!

Os segundos seguintes são preenchidos pela risada da Molly e duas caras confusas, minha e de Mahogany.

— Vocês nasceram pra serem amigos! Mas ei, você é cantor? — ela pergunta, com os olhos brilhando de interesse.

Minhas bochechas coram na hora e me amaldiçoo mentalmente por ter mencionado a música.

— Mais ou menos. — respondo.
— Ah não Peter, sem essa! Ele é um cantor incrível, e escreve ótimas músicas! — minha amiga diz animada, pela primeira vez desde que Molly sentou em nossa mesa.
— Sério? Wow. Isso é bem bacana, Peter. — a morena responde. Ela, por acaso, me chamou de Peter?
— Não chame ele de Peter. — e a Lox volta a ser a arrogante de sempre.
— Qual o teu problema comigo, hein garota? — Molly dispara, parecendo pronta para uma briga a qualquer momento.
— Só acho ridículo esse seu joguinho de usar as pessoas e depois descartar. Se você pensa que vai fazer isso com o MEU amigo, tá muito enganada! — Mahogany responde, com o rosto mais vermelho que seu cabelo, de tanta raiva.
— Cala a boca! Você não sabe nada sobre mim. — a morena rebate.

E eu? Assistia tudo de boca aberta, como se acompanhasse um jogo de tênis.

— Eu sei bem o que as histórias dizem. — Lox respondeu, lançando um olhar de desafio.

O clima ficou bem pesado depois disso, e eu não sabia o que fazer. Se as duas começassem a se bater ali, eu provavelmente iria sentar e chorar. Até que Molly deu um sorrisinho diabólico e disse, bem sínica:

— Bom, eu sinto muito se transei com o Jacob. Mas se você quer saber, ele fode bem.

Mahogany levantou num estrondo e saiu correndo, chorando. Eu me levantei, sem saber o que fazer. Vi que ela se trancou no banheiro e fiz a única coisa que poderia para ajudar minha amiga: confrontei Molly Bennet.