Capítulo 4

51 5 0
                                    

Eu já estava super arrependida por ter ido. Adorava ser aquele tipo de pessoas que quando dizem que não, é mesmo não, mas infelizmente isso com a Maria não resultava. 

Depois de quase uma hora, decidi falar.

- Ainda vamos demorar?- perguntei-lhe impaciente.

- Não, já estamos quase a chegar. Vá lá não te armes em difícil tu vais adorar ver os Bon Jovi ao vivo.- insistia comigo.

Oh sim, de certeza que eu ía amar este concerto. Rock, álcool, drogas, tabaco e outras coisas que nem vale a pena mencionar, tudo isto numa só noite para uma rapariga que mal saía de casa. Esta noite tinha de tudo para correr mal.

Assim que chegamos ao coliseu começámos a entrar e nem dois minutos tinham passado quando a Maria encontra o grupo de amigos dela da faculdade.

- Maria, esta é a Tânia, o Diogo, a Carla e o Bruno- apresentou-me rapidamente.

Sorri para eles e todos eles retribuiram o sorriso, exceto o primeiro rapaz que ela me tinha apresentado, acho que o nome dele era Diogo.

Qual era o problema dele? Ele era mesmo antipático, orgulhoso e arrogante. Também era bastante bonito e elegante, mas isso não é relevante.

- Boa! O concerto vai começar!- gritou a Tânia.

Rapidamente todos foram buscar bebidas e ainda mal o concerto ia a meio, eles já estavam todos bêbados, todos exceto o Diogo. Este rapaz também é sempre exceção em tudo.

Estava farta daquele ambiente, a Tânia e o Bruno de certeza que eram namorados, pelos menos era o que dava a entender com todos aqueles beijos e apalpões. A Maria tinha encontrado um rapaz que lhe ofereceu uma bebida e passados 10 minutos, já estavam a falar como se se conhecessem há anos. O Diogo estava tão farta daquilo como eu, infelizmente se ele não fosse como é eu provavelmente teria ido ter com ele e começávamos a falar, algo impossível neste momento. E todas as pessoas à minha volta já se encontravam bastante bêbadas para encontrarem o caminho para a casa de banho e acabavam por vomitar no chão, tudo acontecimentos que eu já tinha prevido que iriam acontecer.

Decidi ir-me embora, não estava ali a fazer nada. Comecei a romper pela multidão para conseguir chegar à rua, mas isso estava-me a parecer uma missão impossível. Apercebi-me de que a música tinha parado e parei também para perceber qual tinha sido o motivo.

- E agora dedico uma música a todos os casais aqui presentes e também àqueles que se encontram solteiros e procuram pelo amor.- anunciou o vocalista da banda.

A banda começou a tocar "Always", eu amava esta música, pois era bastante calma a comparar com todas as outras músicas deles. As pessoas começaram a formar pares e a dançar, admito que fiquei com pena de não ter ninguém com quem dançar, mas também não era assim algo muito importante.

Continuei a dirigir-me para a saída quando sinto um holofote apontado mesmo por cima de mim. A música volta a parar e as pessoas pararam de dançar e ficaram todas a olhar para mim. Eu não estava a perceber nada do que estava a acontecer.

- Bem, agora que já encontramos a donzela temos de encontrar um cavalheiro para dançar com ela.- informou o baterista da banda.

Tão a gozar, certo? Eu fui mesmo apanhada no "holofote do amor"? Eu só posso estar a sonhar, aliás a ter um pesadelo, eu vou ter que dançar com um desconhecido.

- Rapaz aproxima-te da rapariga!- gritou, rindo, o vocalista.

As pessoas abriram um caminho entre mim e ele. Fazendo com que ele viesse quase a desfilar até mim, ele ainda estava bastante longe para eu perceber como ele era. Ele foi-se aproximando e eu comecei a perceber quem era. Eu estou a sonhar, não é? É que só faltava mesmo isto. Lembram-se daquele rapaz, o Diogo? Pois foi mesmo esse que foi escolhido para dançar comigo, o orgulhoso.

Ele chegou ao pé de mim e agarro-me pela cintura e colocou as minhas mãos no seu pescoço. Ele estava a gozar comigo? Primeiro é arrogante e agora age como se fossemos namorados?

Começámos a dançar sem nos atrevermos a dirigir a palavra um ao outro. Bolas! Ele é mesmo giro, alto, moreno e olhos verdes, as feições angulosas e bem definidas. Não, não e não! Em que raio é que eu estava a pensar? Ele tinha sido muito rude comigo.

Senti o olhar de imensas pessoas sobre nós e olhei para ele. Ele estava a sorrir. Espera! Ele estava a sorrir? Que bipolar que este rapaz era.

A música já tinha passado e já tinhamos voltado ao rock característico dos Bon Jovi, mas eu nem sequer tinha reparado na mudança.

- Eu sei que sou super giro, mas acho que já me podes largar-  disse-me com um sorriso convencido.

- Que grande lata! Deves pensar que és assim muito bom para eu querer estar agarrada a ti durante toda a noite- refilei, ele punha-me fora de mim.

- Oh! Isso quer dizer que não gostas de mim?- perguntou-me.

- É claro que não, tu não passas de um mulherengo e um convencido de primeira!- apetecia-me dar-lhe um murro. O que é que se estava a passar comigo? Eu nunca fui uma pessoa violenta.

-Auch! Bem tu não tens papas na língua!- disse a rir-se.

- Claro que não tenho, eu não sou como as outras raparigas a quem tu piscas os teus olhinhos bonitos e elas ficam derretidas por ti.- gritei.

- Estás a dizer que eu tenho olhos bonitos?

Ele estava a gostar daquilo, e o pior é que lá no fundo eu também, mas eu jamais iria admitir uma coisa dessas. Continuava a achá-lo insuportável e decidi virar costas.

- Então, boneca? Já te vais embora?- disse com um sorriso irónico.

-Diogo, acalma-te! Ela não é uma das raparigas com quem tu brincas e deixas de lado, ela é minha amiga e eu juro que te dou um murro se a magoares- interferiu a Maria.

Ainda bem que ela chegou e e salvou deste pesadelo, juro que se ele continuasse a armar-se em parvo comigo eu provavelmente teria lhe batido.

Toda esta situação tinha sido a gota de água para mim, eu não estava habituada a este tipo de ambiente, o meu espaço de conforto era em frente à minha secretária e com os meus livros à frente. E foi desta que me preparei para ir embora.

Uma vida de porquêsOnde histórias criam vida. Descubra agora