Capítulo 8

29 5 0
                                    

Porque é que não sai nenhuma palavra da minha boca?

-Diogo, estás bem?- a Bárbara estava a ficar preocupada com a minha reação.

-Ham...eu...sim...- boa, engasgate mais um bocado, que isto está a correr lindamente- eu fiquei aqui em casa porque estava à espera da Maria, eu tinha mesmo de lhe dar um recado super importante.

O que é que eu estava a fazer? Eu não estava ali pela Maria, eu fiquei pela Bárbara, a miúda irritante e querida que eu estava apaixonado. Mas claro, não podia responder isso.

- Podias ter mandado mensagem.- uma voz atrás de mim fez-se soar, era a Maria, isto está a melhorar cada vez mais.

Não é por nada, mas ela estava assim com uma cara de quem se tinha divertido bastante e uma ótima noite. Toda borratada e despenteada. Mas também não ia ser eu a dizer-lho, com aquele feitio de gaja, nem o mais forte dos homens aguentava.

-Era mesmo super importante e eu tinha de ter a certeza de que recebias o recado.- até foi fácil livrar-me desta.

-Hum...então e qual é a mensagem super importante que tinhas de ter a certeza de que eu recebia?-questionou-me curiosa.

Boa, Diogo! Raios partam a rapariga, estou a ver que o álcool a torna inteligente e perspicaz ou será que era a presença da Bárbara que me fazia ficar confuso e distraído?

O meu telemóvel começou a tocar. Boa, salvo pelo toque. Olhei para o visor e tive uma ideia...

-Eu tenho que ir!! Isto é mesmo urgente, xau!- disse e esquivei-me.

Quando cheguei cá fora respirei de alívio, foi por pouco que me safei desta.
Na verdade ninguém me tinha ligado, tinha sido apenas o alarme a tocar, mas felizmente elas não sabiam disso.

------------------------------------------------------
Bárbara POV

- Bem nada estranho.-disse a Maria, dirigindo-se a mim.

-É, foi mesmo.-respondi-lhe.

Aquilo tinha sido bem mais do que estranho, ele primeiro leva-me ao colo para o apartamento e agora mal me dirige o olhar? Mas afinal o que é que eu fiz, para ele me estar a desprezar tanto?

Eu ía ter uma conversa com ele, não gostava de ser tratada assim sem qualquer motivos.

Olhei para o relógio e se não me despachasse em 20 minutos ía chegar atrasada.

Peguei nas chaves do meu carro e fui para as aulas.

Eu adorava aquela rotina, e não havia nada que me pudesse tirar do meu bom-humor.

-Ahhh! Tem cuidado por onde andas, entornaste café para cima de mim!!- disse furiosa, agora sim, tiraram-me o meu bom humor.

Tentei limpar o melhor que pude com um lenço, antes de encarar o olhar do "desaatrado".

Por fim, quando ía começar o meu sermão...

-Tu?!? Porque raio é que fizeste isto?- eu estava cada vez mais furiosa.

Quem é que era o "desastrado"? Oh sim, o Diogo!

-Hahaha, primeiro foste tu que vieste contra mim e depois devido ao choque não consegui evitar de entornar o café.- ele falava como se aquilo o divertisse.

-Não, não fui! Tu é que vieste contra mim!- eu estava irritada, não eu estava super irritada aliás mega irritada.

-Sabes...- ele começou a divagar- eu conheço esse tipo de miúdas como tu, fingem que vão acidentalmente contra o rapaz e depois acabam por conseguir levarem o que quer. Isso até era capaz de resultar se tu não fosses tão certinha e se fosse num sítio mais abrigado.

Ó meu Deus! Eu nem acredito que ele está a insinuar o que eu penso que ele está...

-Estás a tentar chamar-me alguma coisa? Eu não acredito, tu achas-te mesmo muito bom. Que nojo!- ele tinha-me ofendido mesmo muito.

- Eia calma, estou a brincar contigo!- ele disse assustado com a minha reação.

Oh! Então ele achava piada àquela situação...

-Pois fica a saber que eu não estava a brincar. Cada palavra que eu disse foi mesmo sentida.- eu não estava para brincadeiras, estava toda suja e tinha de ir a casa para trocar de camisola o que significa que tinha de perder a última aula.

Acabei a frase e virei logo costas, nem sequer esperei pela resposta dele.

- Bárbara! Bárbara! Bárbara, espera!- o Diogo vinha a correr atrás de mim pelo corredor inteiro, e eu simplesmente ignorava.

- Porra, espera!- ele disse quando já estava mesmo quase atrás de mim.

- O que é que tu queres?- estava farta da atitude dele, metia-me completamente fora de mim.

-Eu estava mesmo a brincar, nunca pensei que fosses levar a sério o que eu disse.- disse desculpando-se.

- Se é só isso que me tens para dizer, então adeus.- e voltei a virar costas.

Desta vez, ele não veio atrás de mim, ficou parado no meio do corredor a ver-me a ir embora.


Uma vida de porquêsOnde histórias criam vida. Descubra agora