Acordei com o barulho irritante do despertador. Será possível, depois da noite mal dormida por causa do maldito pesadelo, eu ainda tinha que ir trabalhar. Mas é assim mesmo, vida que segue
Me levanto e ficou dois minutos me olhando no espelho. Meus cabelos estavam compridos, de um jeito que eu nunca tinha deixado antes, eles tinha um tom de castanhos que em alguns momentos ao sol, dava reflexos ruivos. Eu precisava corta-los.
Tomei um banho rápido, me escovei e passei um pouco de maquiagem. Vesti uma calça colada, um blusa branca, calcei uma botinha, pequei o casaco e sai do quarto.
Juliette já estava na cozinha fazendo o café. O apartamento era bem pequeno devido nossa condição financeira. Somos grandes amigas e eu tenho sorte de ter ela em minha vida. A única família que eu tenho, na verdade.
- Valentina, você não está atrasada?
- Claro que não, ainda são...- olho para o relógio. Putzz. Estava mesmo atrasada, mas como? Eu acordei quando o maldito despertador tocou.
-Droga. Tô indo, beijo. Mas tarde a gente assisti um filme.- me despeço dela e vou correndo para o elevador.
Moramos no terceiro andar de um prédio de cinco andares. Dividimos o apartamento a três anos. Desde que saímos do orfanato e tivemos que nós virar sozinhas.
Cheguei a calçada e fui andando, meio correndo. Nova York era uma cidade linda, vibrante, porém muito apressada. Todo mundo está sempre correndo pra resolver alguma coisa, ou chegar à algum compromisso.
Já estava quase na rua do trabalho quando esbarro em um homem muito alto. Que derrama todo o seu café em mim. E meu Deus. Estava quente.
- Hoje é meu dia. Você não olha por onde anda??- finalmente levanto os olhos e dou de cara com o babaca que esbarrou em mim.
-Eu? Você que esbarrou em mim. Tá louca garota?- ele olha em meus olhos e meio que para. Sério isso existe? Esse homem era lindo. Alto, com os cabelos bem pretos e os olhos mais azuis que eu já vi na vida. Ele era realmente alto. Ele parecia um Deus grego, ou uma pintura renascentista.
- Você estava no telefone, com um café na mão. Devia prestar atenção. - sai do meu estupor, não podia deixar ele falar daquele jeito comigo, ele que derrubou café em mim. Não o contrário.
- Quer saber? Não quero brigar. Me desculpe.- ele diz com uma cara emburrada, mais ainda não tirava os olhos do meu rosto. Ele pega a carteira no bolso e tira uma nota de 50 dólares.- Toma. É pra comprar uma blusa nova.
Olho pra ele com o rosto começando a ficar vermelho.
- Guarde seu dinheiro, eu não quero. Me desculpe também.
Me viro e deixo ele parado no meio da rua, com a mão que tinha o dinheiro ainda esticada. E o senti quase furar um buraco nas minhas costas até virar a esquina.
~~~~~*~~~~~~*~~~~~
Cheguei ao trabalho, com uns 10 min de atraso. Era uma cafeteria bem elegante, no coração de nova York. Meu gerente já estava de cara feia.
- Está atrasada Valentina. Você sabe que eu odeio atrasos. Comece logo a trabalhar.
Fui até os fundo, guardei a bolsa tirei o casaco e peguei o avental. Meu gerente, Allan, era um homem bem bonito. No começo, quando comecei a trabalhar aqui, a uns 2 anos ele sempre dava em cima de mim. Mais parou quando viu que eu não queria nada. Ele não me tratava mal, mais sempre que eu me atrasava ele ficava uma fera. Nem que fossem míseros 3 mim.
- Oi karen.- digo cumprimentando minha colega de trabalho. Nós que preparávamos os cafés. Nós dávamos bem, nada de melhores amigas como a Juliette. Mas ela era uma boa amiga.
- Eii garota. O que houve com sua blusa? - Ela disse apontando para a mancha de café na minha blusa.
- Um babaca esbarrou em mim quando eu estava vindo pra cá.
-Queimou?- Ela perguntou com um olhar preocupado.
- Não. Mas estava bem quente.- Digo olhando para meu peito por dentro da blusa. Não queimou, mas como era branquinha estava um pouco vermelho. Iria passar logo. Já derrubei café em mim no trabalho antes. Eu era a pessoa mais desastrada que eu conhecia.
Comecei a trabalhar. Recebia pedidos, fazia os cafés e entregava aos clientes. Me peguei pensando naquela olhos umas duas vezes durante o decorrer do dia.
Na hora de fechar o café, eu estava esgotada. Antes trabalhava só meio período. E fazia faculdade de administração à tarde. Porém, tive que trancar. Meu dinheiro e o de Juliette, não estava dando para bancar as contas de casa. Então larguei meu emprego de garçonete de meio período, tranquei a faculdade e comecei a trabalhar na cafeteira.
Abri a porta do apartamento, a Julie ainda não tinha chegado. Tomei um banho, vesti uma calça de moletom, uma camiseta colada. Fui até a cozinha e fiz pipoca e chocolate quente.
Estava terminado quando a Julie entra na cozinha.
- Vou tomar um banho. Vai escolhendo o filme. Nada de terror.
- Okay. Não gosto mesmo.
Levo alguns minutos procurando o que assistir. Até achar um Romance " Querido John"
Nunca tinha assistido esse. Julie volta se senta ao meu lado e pega sua xícara de chocolate.
- Espero que esse filme não me faça chorar. Ainda não superei o término com o Peter.
Peter e Juliette namoraram por 6 meses, eles se conheceram no trabalho, e ingressaram logo em uma namoro. Porém a umas 3 semanas ele terminou tudo por que estava apaixonado por outra. Foi bem difícil pra ela, e eu a apoiei muito. Não sei de ela era apaixonada por ele, eu acho que toda essa bad é pelo fato de ter sido trocada e não do término em si.
Desde então alguns dias da semana fazíamos isso. Assistíamos filmes e comiamos pipoca. Nós crescemos juntas no orfanato. Eu a considerei minha irmã no momento em que ela me olhou com aqueles olhos mel esverdeados e me ofereceu um biscoito. Sem nem me conhecer.
- Se você quiser, posso procurar um de ação, com muito sangue e muito soco.- disse rindo e já me levantando
- Não sua boba. Eu tenho que seguir em frente. - ela disse com um sorriso de lado. Ela era linda. Tinha cabelos loiros e uma pele levemente bronzeada.
- Okay. Vamos lá então. - Dei play e o filme começou
O filme era maravilhoso, toda aquela história de moedas e o valor do amor mesmo a distância, mexeu comigo. Eu não era do tipo romântica incurável, mais o filme me fez chorar.
Olhei para o lado e Juliette estava com os olhos molhados também. Tomamos o chocolate quente e quando o filme acabou começamos a conversar besteira.
Fomos cada uma para o seu quarto. Eu me deitei e rezei para não ter aquele pesadelo de novo.
Acordei no meio da noite. Mas não foi pelo desespero do pesadelo, e sim pelos olhos que me atordoaram durante grande parte da noite, em sonho. Sim um sonho. Eu nunca tenho sonhos, só pesadelos. Hoje foi diferente. Sonhei com olhos azuis que me analisavam da cabeça aos pés e abraços fortes que me seguravam com bastante determinação. Na hora que iríamos unir nossas bocas em um beijo, eu acordei.
O que diabos foi isso? Encontrei com esse homem uma vez. Num esbarrão, em uma rua de nova York. Sabe quando eu iria encontra- lo de novo? Nunca.
Deus sabe como eu estava errada.
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Destinados
RomanceValentina era uma mulher solitária, que cresceu em um orfanato e não tem a mínima ideia de quem é. A única coisa que ela se lembra de sua antiga vida é um acidente do qual ela tem terríveis pesadelos. Agora ela se encontra no meio de um turbilhão d...