Estou sentado de frente para Cristian. Estamos bem adiantados, faltava ainda uns 40 min para o horário marcado.
O restaurante era perto da empresa, não sei pra que a presa. Não que eu esteja reclamando. Ficar com ele era um calmante para meus nervos, que não andavam nada bem por causa de, bem... Christian.
- Me conta um pouco sobre você.- diz ele com um olhar atento sobre mim.
- Não sou uma pessoa muito interessante.- Rebato. Tem assuntos sobre mim, que a única pessoa que sabe é a Julie, e eu não estava disposta a compartilhar com ele. Não agora. Não aqui.
- Duvido muito disso.
- Mais e você? Me conte de você.
- Fiz faculdade de administração. Comecei direito, mas tranquei. Bancar o mentiroso não era pra mim.- ele diz me incentivando a falar sobre mim. Bom uma coisinha ou duas não fazem mal.
- Eu comecei administração, mas tranquei. Pretendo voltar agora.
- Que bom. Assim você cresce na empresa.
- Esse é meu objetivo. E sua família? Como eles são?- eu pergunto e vejo ele se encolher um pouco. Touché. Tópico família também não era muito a dele afinal.
- Sou filho único. Meu pai é um grande homem, sempre foi muito ocupado mais tirava tempo pra mim mesmo assim. Nem que fosse pra jogar conversa fora em seu escritório.
Ele falava do pai com muita admiração e amor. Eu não tinha como saber qual era esse sentimento, mas devia ser incrível. Ele não fala da mãe. E eu não pergunto, ter esse homem se abrindo comigo nem que seja um pouquinho já é uma vitória e tanto.
Por fora ele parece ser tão reservado e autoritário. Coisa que ele deve se mesmo. Porém, comigo ele deixava a armadura um pouco de lado e era ele mesmo. Eu também podia fazer isso.
- Eu não conheci os meus pais. Cresci em um orfanato, só sai de lá quando fiz 18- digo dando um pouco de ombros. Ele me olha. Não com pena, como todos os outros fizeram. Ele parece um pouco triste na verdade.
- Não vou dizer que sinto muito. Você ja deve te escutado isso várias vezes. Vou dizer apenas que sinto pena dos seus pais. Que não puderam conviver com uma pessoa incrível como você.
Ele me observa com uma intensidade imensa e eu me pergunto qual o defeito desse homem.
- Obrigada pelas palavras Christian.
Um garçon chega e eu peço um pedaço de torta de morango.
- Você vai comer primeiro a sobremesa?- ele pergunta levantando uma sobrancelha.
- Uma coisa sobre mim. Sou louca por doce. E geralmente não aguento deixar a sobremesa para o final. - ele dá uma gargalhada gostosa e eu me perco um pouco.
- Ei, você não acha engraçado o fato de que nós nos encontraríamos em qualquer situação não?- pergunto e ele me fita.
- Sério veja. Se não fosse a tombada com o café, seria o encontro na cafeteria e se não fosse um dos dois. Eu acabaria sendo sua secretária de qualquer jeito.
- Tem algum conforto nisso, na verdade. Saber que acabaríamos nos encontrando.
- Pois é.- Digo dando um sorrisinho de lado na mesma hora que um senhor para em frete a nossa mesa.
Christian levanta ,estende a mão e a reunião começa. Conversa vai conversa vem. Voltamos para a empresa.
Christian vai para sua sala se preparar para a vídeo conferência e eu vou para a minha mesa. Marco alguns compromissos de Christian, e uma reunião para acertar os detalhes finais de um tal baile anual da empresa.Sr. Campbell: traga os documentos da compra das baterias solares aqui por favor.
Eu procuro nos arquivos do computador o documento, imprimo e vou até sua sala.
- A conferência começa daqui 20 min.- digo quando paro em sua mesa.
- Certo.
- Christian, vamos revisar os tópicos? - diz um homem ao entrar pela porta. Mais não é um homem qualquer, é o William.
- Oi Val.- ele diz se aproximando de mim e dando um beijo no rosto.
Ele trabalhava aqui, ele que me conseguiu o emprego, me admirei por que ainda não o tinha visto por aqui.
- Oi will.
- De onde vocês se conhecem? - Christian pergunta olhando de mim para o Will. Ele parecia que tinha tido o pé esmagado por uma bigorna.
- Ele é ...- namorado, amigo colorido, peguete?. Não sabia como especificar o relacionamento dele com a Julie.
- Eu estou namorando da melhor amiga dela. - ele diz e eu faço uma anotação mental pra interrogar a Julie mais tarde.
- Ele é meu primo Valentina.- Christian diz melhorando a expressão. Primo? PRIMO? Então foi ele que a Julie viu na boate.
- Vocês quase se encontraram na boate. Coincidência né?- William diz e eu olho pro Christian. Nós realmente nos encontramos. E coincidência tava mais parecendo destino pra mim.
- Certo vou deixar vocês. Boa conferência.
Saiu e deixo os dois sozinhos. William parecia ser uma pessoa incrível, espero que ele cuide da minha amiga. Ela é a única família que eu tenho.
Depois de um tempo a porta do escritório se abre e o Will sai.
- Até mais tarde Valentina.
- Até.- digo sorrindo.
- o Christian pediu pra você entrar.
Levando aliso a saia e entro. Ele está encostado na mesa com os braços cruzados, parece a visão do paraíso. Deus me segura.
- Então aquela moça que eu vi na boate é sua melhor amiga?
- Sim. Fomos criadas no orfanato juntas.- digo caminhando devagar, até fixar de frente pra ele.
- Espero que eu tenha causado uma boa impressão. - ele diz sorrindo de lado.
- Ela chegou em casa querendo dá uma de cupido. Mal sabe ela que a gente já se conhecia kkk.
Não sei por que disse isso. Está com ele me faz sentir que eu posso lhe contar qualquer coisa. Ele me transmite um sentimento de lar tão grande que as vezes é desesperador o desejo de estar em seus braços.
- Ela já ganhou pontos comigo então. - onde ele queria chegar com isso?
- Sabe Valentina, quando o William te chamou de Val, eu senti uma raiva tão grande. Seu nome é lindo demais pra alguém abreviar.- ele diz chegando mais perto e colocando um mecha do meu cabelo solto atrás da orelha.
- Mais na verdade eu acho que foi...- ele me olha com intensidade, desejo, medo, e ele tá chegando mais perto.- ciúmes.
E seus lábios estão nos meus, no começo eu fico estática, até o sentimento de lar me invadir e eu retribuir o beijo com intensidade.
Ele pega a minha nuca e a minha cintura, eu agarro seus cabelos e colo mais ainda nossos corpos. Sinto sua língua invadir minha boca quando ele me encosta em sua mesa. Meu Deus isso é uma perdição.
Um peso de papel cai no chão, fazendo nos dois dois nos afastarmos meio ofegantes. O que diabos eu estava fazendo. Era meu primeiro dia de trabalho e eu já estava beijando meu chefe?
- É hmm... eu vou - digo alisando a saia e passando a mão nos cabelos.- vou terminar uns relatórios.
- Valent...- ele chama mais eu já havia fechado a porta.
Certo ele era irresistível, e o destino parecia conspirar para que nós nos encontrassemos. Mais ele é meu chefe e eu não estou preparada pra deixar alguém entrar na minha vida agora.
Ja estou vendo que esse trabalho vai ser mais difícil do que eu imaginei.
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Destinados
RomanceValentina era uma mulher solitária, que cresceu em um orfanato e não tem a mínima ideia de quem é. A única coisa que ela se lembra de sua antiga vida é um acidente do qual ela tem terríveis pesadelos. Agora ela se encontra no meio de um turbilhão d...