Eles ficaram abraçados até uma enfermeira de cabelos grisalhos chegar com o almoço do Hoseok.
Pelo visto, eles passaram umas boas horas ali. Aproveitando.
– Desculpe pombinhos, mas esse menino tem que comer, a não ser que queira passar mais tempo aqui. – A enfermeira falou com um sorriso um tanto emocionado.
Os dois permaneceram em silêncio sorrindo de imensa felicidade. Daon se levantou devagar.
– Eu te amo. – Sussurrou apenas para Hobi ouvir. Ele sorriu.
Ela saiu do quarto muito feliz. Ela acreditava que o Hoseok não estava com câncer, mas sim com uma anemia mal tratada.
Coitada dela.
Algum tempo se passou enquanto ela esperava em pé ao lado da porta.
Era ouvida – sem parar – uma tosse seca, provavelmente era da Enfermeira.
Daon nunca foi das mais religiosas, mas desde que o seu pai morreu ela vem orando quase toda hora. Assim como fez pedindo para Hoseok ficar bem.
E deu certo.
Mais uma de suas orações foi interrompida por uma mão fria, que tocou seu ombro. Era o Hobi, ele estava em pé.
Daon se levantou surpresa e o abraçou rapidamente, mas sem força. Ele parecia extremamente fraco. Ele estava extremamente fraco.
Ele sorriu. Seu único poder. Mas ainda sim era a droga em que Daon alimentava seu vício.
Ela era completamente viciada nele.
– Daon! Você não sabe o quão feliz eu estou por você não ter desistido de mim! – Ele exclamou a apertando com a pouca força que tinha.
– Hoseok! Você é a minha droga, nunca desistiria de você, nem se eu quisesse. Eu dependo de você, Jung Hoseok. – Disse apertando-o também, mas ele soltou um gemido de dor, e ela o soltou.
– Eu te amo. – Foi a vez do Hobi falar isso. Em troca recebeu um selinho de Daon, era a primeira vez que eles se beijavam, mas era como se estivessem preparados pra isso desde sempre.
Depois de tudo isso, eles se separaram e Daon segurou as mãos de Hoseok.
– Você tem que me prometer que vai ficar tudo bem. – Ela disse sorrindo. Ele apertou suas mãos.
– Eu prometo. – Respondeu deixando um beijo em sua testa.
Então eles permaneceram parados se olhando, até Hoseok ter um ataque de tosse, muito parecida com a que Daon tinha escutado. A tosse era dele.
Ela ficou preocupada, então chamou a enfermeira, que o guiou até a cama e pôs nele uma máscara de oxigênio.
– Você prometeu. – Ela disse.
– Eu sei. Vou ficar bem.
– Espero que sim.
Então ele virou a cabeça e fechou os olhos, adormecendo.
Daon também dormiu, até acordar com o toque gritante de seu celular na bolsa. Era sua mãe avisando que ela teria que chegar antes da sete horas para o jantar.
Já eram cinco horas da tarde.
O sol estava se pondo pela janela do quarto. Tons alaranjados preenchiam tudo, combinando com o cabelo do seu amigo, que estava assistindo o jornal na TV.
– Jornal? É sério? – Ela perguntou se levantando e pegando suas coisas.
– É... O hospital não tem TV a Cabo, para assistir Game Of Thrones. – Respondeu bem humorado.
Eles ficaram fitando o repórter falar palavras rápidas e sem valor por um tempo.
– Olha Hoseok, desculpa mesmo, eu não quero isso, mas eu tenho que ir embora. – Ela disse com os olhos marejados.
– Daon! Não chore, se você quer ir. Vá. Eu vou ficar bem. – Respondeu calmo, dando seu famoso sorriso no final.
– Eu... – As lágrimas cortaram sua voz. – Eu não quero te deixar, não de novo. – Correu e o abraçou.
– Não chore... – Tentou consolá-la, mas acabou desabando também – Não chora Daon.
– Desculpa. – Deixou um beijinho na sua bochecha – Tenho que ir.
– Adeus, Daon.
– Isso não é um adeus, Hoseok, eu vou voltar. – Ela ainda estava chorando.
Saiu rapidamente sem olhar para trás, não queria ter uma memória de Hoseok em que ela estaria o abandonando, de novo.
Quando estava à poucos metros de distância da saída, foi abordada, pela enfermeira de cabelos grisalhos.
– Você é a namorada do sr. Jung não é? – Ela perguntou, escondia algo em mãos.
– UH... Não, sou só amiga dele.
– Tem certeza? Quando eu estava deixando seu almoço, ele deixou bem claro "Entregue isso para aquela garota, minha namorada". – Imitou-o. Isso fez os olhos dela lacrimejarem. A expressão emocionada da enfermeira aumentou, mas ela não se moveu, apenas entregou-lhe uma pulseira surrada e velha, com a frase em inglês.
" You're the most addictive drug of all, Daon".
Ela sorriu em meio as lágrimas.
Saiu do hospital.
Pensando nele.
Pegou um táxi.
Pensando nele.
Chegou na rodoviária e comprou a passagem.
Pensando nele.
Ela não conseguia parar.
Hoseok era uma verdadeira droga para Daon.
E Daon uma verdadeira droga pra Hoseok.
Eles se dependiam, sem completavam.
Não podiam se separar.
Então, ela pegou o ônibus.
Pensando nele.
E sentou em um dos assentos da frente.
Porém, durante o percurso, o ônibus misteriosamente capotou.
Todos morreram.
Sem excessão.
Daon morreu.
Pensando nele.
E algumas horas depois, enquanto o Jornal que Hoseok assistia do hospital transmitiu a reportagem do acidente. Ele reconheceu o rosto de Daon entre os cadáveres. E então, seu coração parou de bater, misteriosamente.
É. Eu fiz um ótimo trabalho.