pata de gato

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Ellen era uma garota de treze anos, que foi passar o uns dias na casa de sua avó, pois seus pais haviam viajado para Amsterdam, comemorar as bodas de zinco (dez anos de casado).
A garota olhava tristonha para rua, estava no quarto que um dia foi de sua mãe, quando foi mais nova. O motivo pelo qual Ellen estava zangada, era que sua avó não lhe deixava sair para rua, durante a noite. E a garota não achava justo, já que todas suas amigas estavam ali, conversando, brincando e rindo.
— Mas vó, eu só vou ficar um pouquinho. — Reclamou Ellen, fazendo bico.
— Já disse que não! — Bradou a vó. — Não quero minha neta lá fora essa hora da noite.
— São apenas 19:30. — A garota apontou para o relógio na parede. — Tem muita gente lá.
— Você pode brincar até a hora que o relógio fala tarde, quando ele diz noite é hora de entrar. — A vó caminhou mancando até mais perto da neta, olhou nos olhos da garota e disse. — São sete horas da...
— Tarde! — Gritou.
— Noite. — Corrigiu a vó. — Sete da noite.
— Minha mãe me deixa ficar até tarde na rua. — Provocou Ellen.
— Menina, já lhe contei como perdi essa perna? — A velha levantou o vestido, mostrando um toco na altura do joelho, onde ficava uma prótese. — Quando eu tinha sua idade, estava na rua até sete da noite, e foi quando vi aqueles olhos amarelos me olhando, ele rosnou para mim e corri em disparada. — A avó se sentou na cadeira mais próxima e continuou. — Mas foi tarde demais, ele me agarrou, e eu me segurei no portão, a força dos dentes dele rasgou minha perna no osso e cai dentro de casa apenas com o toquinho queimado, os cães infernais são feitos de fogo puro, e pelos pretos como carvão.
— Vó, isso é história para criança dormir, minha mãe sempre brincou na rua e está viva até hoje.
— Eles estão atrás de mim, se eu sair essa hora, eles estarão me esperando, nunca mais saí de casa depois do anoitecer. — A velha se levantou, checando o lado de fora pela brecha da janela, logo voltou a se sentar na cadeira.
— Então porque eles não entram aqui e te pega vó? — Perguntou Ellen relutante.
— A casa está protegida. — A velha mostrou as patas de gatos na porta e no topo das janelas.
— Como essas coisinhas protege a casa toda? — a garota perguntou com desdém.
— Gatos são criaturas simbolicamente magicas, e nos protegem dos demônios do inferno, depois que os gatos daqui de casa morreram, cortei suas patinhas e pendurei pela casa. — Respirou fundo, se lembrando dos que  morreram, lembrava de um por um.
— Mas isso.
— Chega Ellen, já disse que não vai sair de noite e pode ir dormir, não vou discutir já estou cansada. — Interrompeu a vó. — Vou me deitar e nada de sair de casa.
A menina bufou, vendo sua vó subindo as escadas para seu quarto.
"Eu vou provar para essa velha que esse negócio de cão não existe, ela está ficando lelé da cabeça só pode", pensou Ellen.
A garota esperou que tudo ficasse em silencio e tornou seu plano em ação, subiu em cima da pia e retirou uma patinha branca que estava no topo da janela, logo arrastou uma cadeira e retirou outra no topo da porta. Ellen foi retirando até não sobrar nenhuma na casa toda, deixando todas as patas em cima da mesa.
"Amanhã quando ela acordar vou provar que tudo isso é besteira, ninguém vai entrar aqui", pensou Ellen e caminhou para seu quarto.
  ⊙﹏⊙ 
Por volta da meia noite, a garota escutou um barulho vindo do quarto ao lado, se sentou na cama, mas como não ouviu mais nada voltou a se deitar.
Novamente o barulho estranho lhe desperta, Ellen caminha cuidadosamente até o quarto de sua avó e olha pela brecha da porta.
A garota segurou um grito, tapando a boca com uma das mãos, ao avistar o que parecia um cachorro gigantesco do lado da cama de sua avó, outro aparece e mais um, ficando três ali dentro com a velha.
Um dos cães rosna alto, fazendo a velha despertar, se deparando com as três bestas, todas possuíam olhos amarelados, pelos escuros e bafo de enxofre.
— Como entrara aqui? — Clamou a velha em desespero, olhando para as criaturas.
— Sua neta. — Falou um dos cães.
— Ela tirou as patas dos umbrais das portas e janelas. — Sussurrou o outro.
— Garota tola. — Gargalhou o que estava de frente para a velha.
E em alguns segundos, os cães estavam devorando a mulher viva.
Ellen ouviu os gritos de sua avó, e sentiu as lagrimas correndo pelo seu rosto, um pouco de medo e ressentimento bradava em seu coração. Ficou ali imóvel ouvindo o mastigar das bestas.
— Agora vamos para sobremesa. —  Ellen ouviu um dos cães falar, e os outros rosnaram concordando.
A garota corre.
Fim.

fonte:Azaffy histórias curtas de terror

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