Fevereiro
As poucas estrelas aparentes no céu da grande São Paulo foram perdendo o brilho quando os raios solares começaram a surgir rasgando as nuvens cinzentas. O nascer do dia era sempre feliz e em paz, até as 6:15 da manhã.
— Primeiro dia de aula — entoou Anna Luíza ao acordar, sentando-se em sua cama com olhos brilhando de animação.
Logo depois, jogou suas cobertas ao chão seguindo até sua cômoda, onde ligou o rádio no volume máximo, marchando depois até seu guarda-roupa, do outro lado do imenso quarto decorado. Com todas as portas escancaradas, ela começou a arremessar suas roupas para trás à procura de alguma combinação para se vestir. Anna Luíza nem percebeu a entrada de sua avó e, quase, arrancou-lhe dois fios brancos da cabeça quando arremessou um sapato para trás.
— Pronto! A vizinhança inteira já sabe que você está acordada e provavelmente já estão muito preocupados — falou Dona Carla, desligando o rádio e encarando sua neta.
— Bom dia para você também, vovó! — Anna Luíza se tornou a sua senhorinha preferida. — E sabe de uma coisa, eles deveriam estar mesmo, ainda mais depois do sonho que tive.
— Cavalgando em um unicórnio de novo?
— Não. Sonhei que tinha explodido alguma coisa no colégio. Acho que era a sala do Diretor.
— Sei que isso ficará apenas em seu sonho, Anna Luíza. E que bagunça é essa? — Dona Carla apontou para a pilha de roupas que se acumulara desde que Anna começou arremessá-las.
— Não estou vendo. Sou míope.
— Não é não! E você possui um guarda-roupa justamente para guardá-las.
— Eu sei! Mas, vó, é o primeiro dia de aula. Tenho que ir com uma roupa decente e estou procurando uma. A senhora sabe muito bem que nessas férias não pude comprar nenhuma.
— E você também sabe o motivo disso. O que fez em sua formatura no ano passado não foi legal, Anna Luíza. É humilhante ser expulsa de um lugar.
— Eu sei, já fui expulsa de vários — respondeu ela. — Mas você e o papai não têm senso de humor? Não pode fazer nada para se divertir?
— Claro que pode, desde que seja dentro da lei. — Dona Carla sorriu para sua neta percebendo quem ela realmente era. — Você se parece muito com sua mãe.
— Papai fala isso também. Que me pareço no jeito de falar, pensar e deixá-lo constrangido.
— E ele está certíssimo! Agora vá se arrumar ou chegará atrasada no seu primeiro dia de aula.
Dona Carla lhe beijou na testa e partiu, abandonando-a confiante em encarar a montanha de roupas e com uma ideia em mente.
Tal ideia, levou-a a aparecer na sala de jantar de sua casa vestindo uma camiseta rasgada com manchas de graxa, combinando com uma saia preta já bem gasta, meias coloridas velhas e um sapato desbotado. Dona Carla segurou seu queixo para não encostar ao chão. Já o pai de Anna, Marcos Alencar, que dava um gole em seu café amargo e lia o jornal da manhã, bufou encarando-a de cima a baixo.
— O que significa isso, Anna Luíza? — Ele jogou o jornal de lado cravando seu olhar profundo nela.
— Esta é a roupa mais nova que eu tenho — respondeu a menina, sentando-se à mesa.
— Por que você gosta de me irritar?
— Não estou fazendo nada! Só estou sentada tomando meu café.
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TURMA 101
Teen FictionA Turma 101 narra as histórias de 8 adolescentes que acabaram de ingressar ao ensino médio de e um colégio na cidade de São Paulo.Nossa protagonista, Anna Luíza Alencar, é quem conduz a história, pois seu jeito explosivo, gênio forte, impacta na vi...