Capítulo 01 - 2º Parte

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Na sala da diretoria, do outro lado do colégio, o senhor Diretor andava bem preocupado e, por isso, ele encarava sua funcionária que tremia as pernas.

— Ouça bem o que irei te dizer. Quero que você siga a Anna Luíza por todo o colégio.

— Sim, senhor — respondeu Leci, como se estivesse à frente de um general.

— Não quero vê-la aprontando nada por hoje. Vamos dar um basta nas confusões dessa menina.

— Devo usar a força bruta, se preciso? Como sabe, sou filha de lutadores e grande admiradora do Jack Chan.

— Eu não sabia — confirmou o Diretor, nada interessado.

— Pois bem — continuou ela, gabando-se —, papai me ensinou alguns golpes, como o martelo, bico-de-...

— Não podemos bater nos alunos, Leci — disse o senhor Diretor, cerrando os dentes.

— Mas eu sei como não deixar marcas.

— Mesmo assim. Só quero que você fique ligada.

— Sempre — respondeu a vice-diretora em tom forte.

— Então vamos ao trabalho — finalizou o Diretor, confiando no engajamento de seu braço direito.

Leci deixou a sala rapidamente exalando uma ansiedade incontrolável. Já o senhor Diretor, enterrou-se em sua cadeira giratória onde passava a maioria do tempo.


Enquanto isso, o clima na sala da Turma 101 começava a esquentar. A voz autoritária da professora Silva quebrou o silêncio que se instalara desde a chegada de Matheus.

— E você quem é?

— Matheus Moreira.

— E onde você estava que não chegou no horário? — continuou ela, cruzando os braços e batendo seu pé direito, freneticamente.

— Com o senhor Diretor — respondeu o menino, e arrancou uma gargalhada da professora.

— Essa eu já ouvi antes. Não tem outra desculpa para contar?

— Mas estou dizendo a verdade. — Matheus encarou a sala que o observava, todos apreensivos. — Eu estava com ele porque me perdi e fui procurar por ajuda. O senhor Diretor acabou me fazendo um mapa para me ajudar a localizar a sala.

Matheus retirou de seu bolso uma folha A4 com um desenho da escola, mas que não dava para identificar nada. Na verdade, o mapa foi feito de lápis de cor e parecia ter sido feito por uma criança de três anos.

— Gostei dessa desculpa. Tem até ilustração — reagiu a professora, sarcasticamente.

Anna Luíza, hipnotizada pelo olhar de desespero de Matheus por não convencer a senhora Silva, sentiu uma lâmpada acender acima de sua cabeça.

— Tudo bem, professora, vou contar a verdade — murmurou a garota.

Silva desviou o olhar de Matheus para ela. A turma toda passou a observá-la também, esperando a tão aguardada verdade.

— Eu e o Matheus estávamos juntos até agora. O sinal tocou e não ouvimos. Por isso estamos atrasados.

— Mentira — explodiu o garoto. — Eu nem conheço essa menina, professora.

— Conhece sim! Você trombou em mim e deslocou uma das minhas costelas — afirmou Anna Luíza, muito convincente.

— Queria ter tido essa sorte.

— Já chega! — pronunciou-se Silva com um tom forte. — Os dois para fora agora! E só venha a minha aula, se for para chegar no horário ou para me trazer algum presente. Agora saiam! — terminou ela apontando a saída aos dois.

TURMA 101Onde histórias criam vida. Descubra agora