capítulo 02

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Não tinha aula hoje, então decidi ir à biblioteca. Era como se fosse minha segunda casa; o aroma dos livros empoeirados e o silêncio acolhedor sempre me faziam sentir bem. Enquanto caminhava, passei pelos corredores repletos de estantes altas e iluminadas, cercadas por um brilho suave que filtrava pela janela. Chegando à seção de biologia, peguei um livro grosso e denso, tentando me concentrar, mas a imagem do misterioso garoto não saía da minha mente.

Sentei-me em uma mesa isolada, tentando absorver as palavras no papel, mas a imagem dele, com aqueles olhos azuis penetrantes, insistia em interromper meu raciocínio. Mordi o lábio inferior, forçando-me a me focar, mas a mente vagava.

De repente, uma mão suave passou pelo meu cabelo. Virei-me rapidamente, mas não havia ninguém ali. Meu coração disparou, e antes que pudesse processar o que havia acontecido, escutei o som de uma cadeira sendo puxada. Olhei para frente, e meu coração parecia querer saltar pela boca. Um formigamento começou em minhas pernas.

— Olá, Megan — ele disse, com um sorriso que iluminou o ambiente.

— Oi — respondi, tentando parecer tranquila, mas a minha voz saiu mais aguda do que eu esperava.

— Como você disse que era mesmo seu nome? — ele perguntou, com um olhar divertido que me fez sentir um misto de nervosismo e excitação.

— Eu não disse, mas mudando de assunto, como você está? — Tentei manter a conversa leve, mesmo que meu coração estivesse a mil.

— Bem, eu já te agradeci por ter salvado minha vida? — perguntei, tentando parecer despreocupada.

Ele soltou uma risadinha.

— Eu acho que não. Mas se você disse, eu não me lembro.

— Obrigada! — disse, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, sentindo-me um pouco envergonhada.

— Tudo bem — ele respondeu, sua expressão ainda divertida.

— Posso fazer uma pergunta? — falo, torcendo para que ele diga sim, já que estava realmente curiosa para saber quem ele era.

— Tecnicamente, você já está fazendo uma, mas eu deixo você fazer outra — ele disse, arqueando uma sobrancelha enquanto esperava minha pergunta.

— Quantos anos você tem? — perguntei, minha curiosidade crescendo. E a família de quem você é? Qual é seu nome?

Ele soltou uma risada de lado e respondeu, olhando diretamente nos meus olhos.

— Você faz muitas perguntas.

— Só te fiz três perguntas, e você não me respondeu nenhuma! — eu protestei, com uma leve frustração na voz.

— Vou escolher apenas uma das suas perguntas e responderei. Pode ser? — Ele parecia divertido com a situação.

— Tá, uma é melhor que nada. — Respondi, torcendo para que ele escolhesse uma que realmente quisesse saber.

— Meu nome é Eron — ele disse, com um sorriso que me fez sentir uma onda de alívio.

No fundo, eu sabia que ele escolheria a pergunta mais fácil. Estendi a mão e falei:

— Oi, Eron.

— Oi, Megan — ele completou, e logo começamos a rir, o que resultou em alguns olhares de desaprovação dos outros na biblioteca.

— Você vai à festa da família Stark? — perguntei, tentando mudar de assunto.

— Sim — ele respondeu com seriedade.

— Você conhece a família? — perguntei, tentando entender mais sobre ele.

— Não. — A resposta dele era direta e um pouco intrigante.

— Se você não conhece, o que vai fazer lá? — questionei, arqueando uma sobrancelha, e bufando de leve.

— É uma longa e chata história. — Ele balançou a cabeça, como se quisesse se livrar da conversa.

— Você pode me contar essa história qualquer dia, que tal? — Eu estava meio atordoada, ele estava me convidando para um encontro. Meu coração pulou.

— Tá! — respondi, tentando esconder a animação.

Ele então puxou a cadeira para mais perto de mim, e passei a sentir o calor da proximidade. Ele passou a mão nos meus cabelos, e a simples ação fez meu coração acelerar.

— Você vai dançar uma música comigo na festa? — ele perguntou, e um rubor tomou conta do meu rosto.

— Sim — respondi, mal conseguindo olhar em seus olhos, completamente envergonhada.

Então, ele sorriu e deu um beijo suave na minha bochecha, sussurrando um tchau.

— Tchau, Megan. — E, ao se afastar, senti meu coração disparar, como se eu estivesse flutuando nas nuvens.

Interrompendo meu devaneio, meu celular vibrou no bolso. Era uma mensagem de Irina:

"Megan, já está na hora de você vir se arrumar, está muito tarde."

Olhei ao redor e percebi que o tempo havia passado voando enquanto conversava com Eron. Rapidamente, peguei minhas coisas e fui para casa. Ao chegar, notei que Letícia e Irina já estavam prontas. A pressa tomou conta de mim, e Irina veio me ajudar a me arrumar.

Ficamos em frente ao espelho, e enquanto ela penteava meu cabelo, disse:

— Você está linda, Megan!

— Você acha mesmo? — perguntei, um pouco insegura.

— Lógico, você sempre foi bonita. — A confiança em sua voz me fez sentir melhor.

— Obrigada, Irina. Você sempre tão boa comigo. — Eu sorria, sentindo uma onda de gratidão.

Ela soltou uma risada suave.

— Você é como se fosse minha filha.

Nesse momento, papai entrou no quarto e exclamou:

— Nossa, vocês estão lindas mesmo!

— E eu, papai? — reclamou Letícia, entrando pela porta, com um olhar de indignação. — Todas estão lindas, mas estão atrasadas!

A energia na sala era animada e caótica, mas eu não conseguia deixar de pensar em Eron e no que a noite poderia trazer.

Megan Stern  A PrometidaOnde histórias criam vida. Descubra agora