capítulo 06

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Hoje recomeça a escola, depois de uns dias sem aula. Levanto, me arrumo com cuidado e visto roupas bem quentes, já que o frio da manhã está intenso. Faço uma trança no meu cabelo ruivo escuro, e Irina diz que fica lindo em mim. Ela sempre foi atenta aos detalhes, mesmo com suas próprias preferências alimentares, que não incluem comida normal.

Ao chegar na cozinha, o cheiro doce de panquecas com calda de chocolate e mel invade meu nariz. Irina, que normalmente se alimenta de sangue, fez questão de aprender a cozinhar para me agradar. Quando saí de casa, Irina estava dormindo, então só encontrei Letícia, que já estava acordada e ansiosa.

— Anda, Megan!!! — reclama Letícia, como sempre. Ela detesta chegar atrasada, mas, como é o primeiro dia de aula, eu sei que ela vai relaxar depois.

— Vamos, Letícia, aaa...! — digo, bagunçando seu cabelo.

— Até que enfim! Né, dona Megan?! — Ela faz uma careta, mas no fundo está animada.

Saímos de casa, e a escola não é muito longe, nem muito perto. O caminho é cheio de árvores que começam a perder suas folhas, e o ar é fresco. Assim que chegamos, avisto Margareth na porta, com um sorriso radiante. Ela é minha melhor amiga, sempre pronta para me animar.

Margareth e eu somos bem diferentes. Ela é o tipo paz e amor, sempre rindo e feliz, enquanto eu me sinto mais confortável em casa, cercada por livros. Ela é vegetariana, e suas cores favoritas são verde, azul e branco. Tem cabelos escuros e cheios de sarnas no rosto, além de ser alta e magra. Seus olhos castanhos brilham sempre, especialmente quando fala sobre a natureza.

— Oi, Megan! — diz Margareth, com um abraço apertado.

— Oi, Margareth, acho que estou sem ar! — respondo, tentando não rir.

— Desculpa! Estou tão feliz hoje!

— Me fala uma vez que você não está feliz?

— Quando estou dormindo! — Ela solta uma risada alta, e eu não consigo evitar a contagiante alegria.

— Vamos entrar, Margareth? — sugiro, sentindo a expectativa do novo semestre.

— Vamos! — Ela concorda, e juntas, caminhamos para a sala.

A primeira aula é de matemática, e a professora tem um nariz enorme e fala cuspindo. Meus colegas na frente têm que se proteger, e eu, que gosto de prestar atenção, me sento no meio da sala. Depois vem a aula de química, onde me destaco, já que a professora é super animada e usa nomes engraçados para os elementos. Sinto que estou em casa, mesmo rodeada por fórmulas.

A terceira aula é de educação física, onde o professor é bem crítico. Após a aula, somos liberadas porque um dos professores estava doente e outro não apareceu. Enquanto saímos, avisto Jeson encostado em um carro.

— O que aquele garoto tá fazendo aqui? — pergunto, um pouco desconfiada.

— Você conhece aquele gato, Megan! — responde Margareth, piscando para mim.

— Conheço, mas ele não me suporta.

Nos aproximamos dele e, antes que eu possa mudar de ideia, Margareth me empurra levemente.

— Olá, Megan! — diz Jeson, com um sorriso que não revela muito.

— Oi — respondo, um pouco nervosa.

— Eu vim te chamar para jantar.

— Não posso — digo rapidamente, quase como um reflexo.

— Por quê? — ele pergunta, e percebo que não ficou contente.

— Meu pai não quer que eu saia sem avisar! — explico, tentando não parecer muito defensiva.

Enquanto conversamos, Margareth observa com curiosidade.

— Eu já falei com ele! — diz Jeson, dando uma olhada rápida para Margareth.

— Então, essa é Margareth, minha melhor amiga. Margareth, esse é Jeson.

— Oi — diz Margareth, com seu sorriso radiante.

— Oi — responde Jeson, sem demonstrar emoção.

— Tchau, Megan, já estou atrasada! — diz Margareth, afastando-se.

— Tchau! — respondo, mas, em vez de seguir Margareth, Jeson abre a porta do carro.

— Você vem. — Ele faz um gesto para eu entrar.

— Você poderia ter sido mais educado com Margareth. — digo, entrando no carro.

Ele fecha a porta sem uma palavra, e o silêncio domina a viagem. O carro é um pouco apertado, e eu sinto a tensão crescer entre nós. O que ele está pensando?

Quando chegamos ao restaurante, Jeson parece relaxar um pouco. O lugar é aconchegante, com mesas de madeira e luzes suaves. Um cheiro delicioso de comida envolve o ambiente.

— Então, o que você gosta de comer? — pergunta Jeson, olhando para o cardápio.

— Eu... não sei. O que você recomenda? — digo, nervosa.

Ele sorri levemente, como se estivesse pensando em algo.

— O hambúrguer é ótimo aqui. — Ele fala, e eu não consigo não notar como seu sorriso é atraente.

O garçom se aproxima e, enquanto fazemos nossos pedidos, não consigo parar de pensar sobre o que aconteceu mais cedo com Eron. Será que Jeson percebeu? Aquele pensamento me deixa inquieta.

— Ei, você está bem? — pergunta Jeson, quebrando meu devaneio.

— Ah, sim, só pensando... — respondo, desviando o olhar.

O jantar segue com algumas conversas desconfortáveis, e eu não consigo evitar de sentir que as coisas estão apenas começando. O que mais o futuro pode reservar?

Megan Stern  A PrometidaOnde histórias criam vida. Descubra agora