capítulo 05

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Na loja de gibis

Megan narrando

Assim que chegamos à loja de gibis, Alan começou a vagar pelos corredores, seus olhos brilhando com a variedade de capas coloridas. A loja era pequena e acolhedora, com prateleiras cheias de gibis de todos os tipos: super-heróis, aventuras espaciais, histórias em quadrinhos de carros e até gibis antigos que pareciam ter uma história própria.

— Alan, você não vai passar o dia inteiro escolhendo, vai? — pergunto, rindo enquanto observo ele passar de uma prateleira para outra.

— Ah, Megan, tem tantas opções! — ele responde, sua voz cheia de empolgação. — Olha só este aqui! O Homem-Aranha! E aquele ali, com carros de corrida! Eu preciso de todos!

Sorrindo para a sua animação, deixo que ele escolha à vontade. Alan é um ótimo garoto, mas também muito bagunceiro e preguiçoso, como toda criança. Ele finalmente decide por cinco gibis: dois de super-heróis e três sobre carros, empilhando-os nos braços como se fossem tesouros.

— Pega seus gibis, Alan — digo, segurando as capas que ele entregou a mim.

— Espera, só mais um minuto! — ele diz, olhando para o último corredor. O garoto estava totalmente absorto, e o tempo parecia voar.

Depois de um tempinho, percebo que meu celular ainda estava em cima da mesa da sala. Um frio na barriga me atinge ao pensar que eu poderia ter deixado meu celular por lá.

— Alan, volta lá e pega meu celular que eu esqueci! — ordeno, sentindo a urgência.

— Ah, ah... Megan, tá muito longe! — reclama, fazendo uma careta.

— Alan, sério! — insisto, sabendo que é uma necessidade. — É importante!

— Mana, olha, eu vou para casa e você volta lá e busca. Ótima ideia, né? E, além disso, o celular nem é meu! — ele resmunga.

— Tá bom, mas pega seus gibis! — digo, entregando os gibis a ele. Alan sai correndo para casa enquanto eu retorno à loja.

Ao entrar na loja novamente, um garoto está no balcão.

— Moço, você achou algum celular por aqui? — pergunto, buscando ao redor.

— Sim, moça, está aqui — ele responde, estendendo meu celular. Agradeço e saio, mas antes de fechar a porta, ouço uma voz conhecida.

— Sério, você gosta desse tipo de leitura?

— Eron! — exclamo, surpresa. Nunca imaginei reencontrar Eron tão perto de casa.

— É, eu sou Eron. Já esqueceu de mim, Megan? — ele pergunta, mordendo os lábios, o que me deixa desconfortável.

— Não! — respondo, tentando manter a compostura enquanto saio da frente da loja.

— Então você não parou de pensar em mim? — Eron diz com um sorriso sarcástico, pegando minha mão.

— O que!!! — exclamando, puxo minhas mãos nervosamente. Ele dá uma risadinha, o que me deixa ainda mais envergonhada.

— Você fica ainda mais linda quando está nervosa, sabia? — Eron diz, passando a mão em meu cabelo e em meu rosto. Sinto meu rosto aquecer, como se eu fosse um tomate.

Ele se aproxima, e então, para minha surpresa, me dá um beijo na testa. Nossos olhares se encontram, e ele repete o gesto, beijando a bochecha perto da minha boca.

— Tchau, linda. Espero te ver novamente — diz ele, antes de se afastar.

— Tchau, Eron. — As palavras saem como um sussurro, eu me sinto paralisada, não conseguindo articular mais nada. Meu coração acelera e a sensação de frio na barriga é intensa.

O Caminho para Casa

Saio da loja ainda atordoada, pensando em tudo que aconteceu. A imagem de Eron, com aquele sorriso encantador e olhar intrigante, não sai da minha mente. Ao caminhar de volta para casa, sou interrompida por Alan, que aparece correndo, segurando seus gibis com um sorriso enorme.

— Megan, peguei os gibis! — ele grita, ofegante, e me conta rapidamente o que aconteceu em casa enquanto eu estava fora.

— E aí, o que você fez? — pergunto, tentando voltar à realidade.

— Fiquei assistindo TV! O papai estava lá, e ele disse que a festa da escola vai ser na próxima semana! — Alan exclama, pulando de alegria.

— Que legal! E você vai me levar com você, certo? — brinco, dando um leve empurrão nele.

— Claro! — ele responde, rindo. — Mas só se você me deixar escolher os doces!

— Combinado! — digo, e continuamos conversando sobre as aulas e a festa enquanto caminhamos.

Ao chegarmos em casa, a porta se abre e Irina aparece, com uma expressão de preocupação.

— Por que demorou tanto? — pergunta, os olhos fixos em mim.

— Eu encontrei uma amiga da escola que me disse que amanhã as aulas vão voltar ao normal — respondo, tentando disfarçar o nervosismo.

— Ah, tudo bem então. — Irina sorri, mas eu percebo que ela está prestando atenção demais. Sigo para o meu quarto, tentando entender tudo o que aconteceu mais cedo.

Enquanto me sento na cama, a lembrança de Eron e seus gestos carinhosos me invade. Será que ele gosta de mim? Posso realmente confiar nele, ou ele está apenas brincando com meus sentimentos? E por que Irina mandou eu ficar longe dele?

Essas perguntas dançam em minha mente enquanto me preparo para a volta às aulas. O que o dia de amanhã trará?

Megan Stern  A PrometidaOnde histórias criam vida. Descubra agora