Louis já havia deixado a via expressa e agora dirigia por uma estrada sinuosa da montanha. O aquecedor do carro estava desligado, mas Lanay sentia-se confortavelmente bem.
-- Quanto tempo ainda falta para chegarmos?
-- Achei que, a estas horas, já estaríamos lá. Começo a achar que pegamos a estrada errada...
-- Quer que eu verifique o mapa?
Como Louis fez um aceno afirmativo com a cabeça, Lanay inclinou-se para a frente e tirou o mapa do porta -luvas. Acendeu então a luz interior e rapidamente investigou o lugar onde deveriam estar.
-- Esta é a estrada de Llandranog -- assegurou com firmeza.
-- Droga! Por que não sinaliza melhor as estradas? devemos ter andado uns vinte quilômetros desde que eu vi a ultima placa.
-- Podemos não ter visto as placas...
Lanay apagou a luz do carro e mergulhou mais uma vez no silencio. Minutos depois ela viu lues logo adiante e falou, animada:
-- Será que é a vila?
-- Não parece. Parece mais uma casa isolada.
-- Bem, pode ser Llandranog! -- comentou Lanay, encolhendo os ombros -- de acordo com o mapa...
Foi ai que viram uma entrada lamacenta, com um grande portão e uma placa bem acima del. Louis parou o carro e falou:
-- Vou ver o que diz a placa! -- abriu a porta e pulou para fora. Imediatamente sua bota de camurça entrou até o tornozelo na lama e Lanay o ouviu praguejando antes de bater a porta e sair se equilibrando no chão escorregadio até o portão. Lanay teve vontade de rir, mas se controlou. A ideia de Louis pisando descuidadamente na lama de repente parecia irresistivelmente cômica.
Quando Louis voltou, disse?
-- Você tem alguma ideia do que está escrito na tabuleta em cima do portão? -- perguntou, a luz iluminando seus traços duros.
-- Diz, adivinhe só... Llangranog! a fazenda Llangranog! não Llandranog!
Lanay pegou o mapa e Louis perguntou:
-- Há quantos quilômetros saímos de nossa rota?
Lanay olhou o mapa atentamente e disse:
-- Uns... uns vinte quilômetros.
-- Ok! vamos voltar!
-- Eu... eu sinto muito. Não pensei que pudesse existir dois nomes tão parecidos!
-- Nem eu. -- Louis deu um sorriso. -- E não é sua culpa. Nós dois olhamos o mapa...
Lanay sorriu, sentindo tesão se dissipar. Louis girou a chave para dar partida no motor. Mas, quando engatou a marcha e soltou a ré, mas novamente as rodas giraram em falso na lama.
-- Parece que temos problemas... -- ele sussurrou, de maneira meio cínica. Lanay sentia a tensão domina todo seu corpo. Não podia deixar de reconhecer sua culpa e gostaria de poder ajudar de algum modo. Louis abriu de novo a porta, saiu do carro e disse para Lanay:
-- Sente-se no banco do motorista, Lanay, e solte o freio. Ponha na marcha e pise no acelerador quando eu manda, ok?
-- Ok.
-- Pronto! -- gritou, Lanay, soltando a embreagem, pisou firme no acelerador. Mas as rodas giravam no mesmo lugar e ela ouvia a exclamação de raiva de Louis antes de ele rgitar:
-- Chega! Chega! desligue
Lanay se inclinou-se na janela e viu Louis vindo em sua direção. Estava coberto de lama, da cabeça ao pés, e o risinho tolo que ela tinha engolido antes explodiu, incontrolável.
Louis parou ao lado da janela, olhando como cara de zangado para ela.
-- Está achando muito engraçado, não é?
Lanay meneou a cabeça, mal ousando falar.
-- Você... você está todo coberto de lama, Louis -- falou, muito sem jeito. -- Sinto muito, mas você está realmente engraçado.
-- Ah, é? -- Louis passou as mãos molhados no rosto. -- Muito bem, beleza, tente você, então!
-- Eu? -- Lanay olhou para ele, incrédula. -- Não pode estar falando sério!
-- E por que não? Estamos junto nessa embrulhada!
-- Não vou me atolar na lama só para você pode rir também! -- disse ela, voltando para seu lugar.
Louis hesitou. Depois, olhou para o caminho que ia até Llangranog e que ainda estava com as luzes acesas.
-- Talvez o dono da fazenda possa nos ajudar a sair daqui. Depois desta ultima tentativa estamos completamente atolados.
Lanay ficou tão aliviada por ver que ele não ia força-la a empurrar o carro, que apoiou a ideia entusiasticamente
.
-- Oh, sim talvez! Quem sabe ele tem um trator, uma corda, ou coisa parecida. Ele podia nos puxar para fora. Oh, é uma ótima ideia!
-- Bom -- falou Louis, abrindo a porta do carro. -- Achei que iria gostar muito da ideia. Vá até lá e fale com ele!
-- Eu?
-- Sim! -- Louis acendeu uma cigarrilha. -- Ficarei aqui, para o caso de aparecer alguém.
Lanay mordia o lábio.
-- Mas não posso ir até a fazenda -- insistiu. -- É muito longe! Oh, você não pode estar falando serio ! -- Lanay olhou para ele, esperançosa. -- Está dizendo isso para me assustar!
-- Falo serio, Lanay. Não posso ir lá todo sujo! Você vai.
-- Pois me recuso! -- disse Lanay, e levantando a cabeça teimosamente.
-- Se recusa? realmente se recusa?
Louis inclinou-se sobre ela, abriu a porta e empurrou-a para fora. Então, bateu a porta e trancou-a por dentro para que ela não pudesse entrar.
Lanay estava horrorizada e começou a bater freneticamente nas janelas
-- Louis, deixe de ser miserável! Deixe-me entrar! estou ficando completamente encopada!
-- Corra até a fazenda, então! -- gritou para ela. -- Vá em frente! O exercício vai lhe fazer muito bem!
Lanay sentiu-se extremamente humilhada e ao mesmo tempo humilhada com a atitude de Louis. Mas se ele pensava que iria castiga-la, estava muito enganado ! Respirou fundo e começou a andar na direção da fazenda.
