Ela olhou pela janela de mais de 400 anos e mal podia descrever tudo o que viu pelo pequeno buraco na parede.
Tanta história que achei que ela não fosse capaz de falar.
Mas a Senhorita Sabe-Tudo desgrudou os lábios cheios de gloss de cereja e deixou a voz sair:-Quando a missa em homenagem à padroeira do forte era realizada, todos os soldados compareciam e não havia ninguém que pudesse vigiar a entrada e a saída dos navios. Pensando nisso, eles construíram o altar dessa capelinha neste ponto exato, de propósito. Dali, o padre podia olhar por essa janela e ver absolutamente qualquer um que tentasse entrar ou sair sem permissão. Pelo menos uma vez no ano, ele era a única pessoa capaz de 'proteger' o forte inteiro. Sem seu alarme, eles poderiam ser atacados e destruídos.
A voz da Senhorita Sabe-Tudo ecoava pelas paredes do corredor estreito que abrigava a janela de onde o padre vigiava o fluxo do porto do Forte Santa Cruz da Barra.
-Devia ser barra pesada ter a segurança de uma base militar inteira em suas mãos. Ser visto como um grande protetor quando, na verdade, você era só um padre. -comentei.
Ela não se dignou a olhar para mim. Com os olhos vidrados no mar além da janelinha, Senhorita Sabe-Tudo disse:
-Carregar um rótulo pode ser realmente muito duro.
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[A]ntipatia
PoesíaDevaneios de uma 'eu' um pouco menos caótica do que a que vos fala. __________ Dá pra ver que as fotos no início dos capítulos são de minha autoria (porque são ruins). __________ Atualizações: sempre que tiver coisa nova. __________ 29/03/17 - #10...