Capítulo 9

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Liam continuava encarrando a ruiva de forma fria, ele não entendia, todas as suas pesquisas apontavam para uma garotinha fraca, mas a garota que ele vê é diferente. Quando estava perto dela, sentiu a sua essência o atraindo, sentiu uma parcela do poder que ela emite. Mas ele estava receoso, uma garota poderosa e sem treinamento é arriscado, para ele e para todos que convivem com ela. Ele ficou sabendo por August que ela mora com a tia, será a mulher das histórias? E porque ela não foi treinada? Liam estava confuso, precisava saber mais.

Já incomodada com os olhares de Liam sobre si, Saphira caminha para a cozinha, na mesa encontra-se vários petiscos, ela pega um e começa a mordiscar, deixando seu copo intocado no balcão, ela segue a procura de água , e encontra uma garrafa no alto do armário, com a ponta dos pés ela tenta alcançar a garrafa.

- Procurando algo? - Liam está encostado na parede, com os braços cruzados e com as suas inseparáveis roupas pretas.

- O que você quer? - Saphira observa Liam, e o imita cruzando os braços. Ele levanta uma das sobrancelhas se divertindo com a reação da garota.

- Eu vim ajudar uma garotinha pegar uma garrafa no alto. - Com uma piscadela, ele se aproxima da garota enfurecida, ele se diverte com seu rosto todo ruborizado, e a tentativa falha de parecer intimidadora. Ela ajeita a postura e o olha nos olhos. Por um segundo Liam fica apreensivo, não sabe se a garota entende dos seus poderes. Ela pode mata-lo com um piscar de olhos.

- Eu não lembro de ter pedido a sua ajuda.- Saphira estava fula, quem ele pensa que é, para gozar da sua altura? Ela queria tirar esse sorrisinho zombeteiro do seu rosto de qualquer maneira.

- Então como você vai pegar essa garrafa se não alcança? Pretende voar? - Apesar de estar se divertindo no embate com a garota, Liam estava começando a se irritar com a petulância da menininha.

- Ainda bem que existe bancos, não é mesmo? - Ela olhou ao redor, e no cantinho da parede, estava um banco, ela foi até o banquinho e o pegou, deixou na direção do armário, e subiu. Ela fazia tudo com calma e elegância. Pegou a garrafa no alto, desceu com um pulinho e passou pelo colega.

- Eu não preciso da sua ajuda. - Piscou para Liam, e seguiu para a festa. Sentia-se vitoriosa, ela nunca pediria ajuda para um arrogante como ele. Precisava encontrar as meninas, tinha que ir embora daquela ....

Saphira estava tão distraída que deu um gritinho de susto quando foi parar no chão, um adolescente totalmente bêbado trombou com ela, derramando toda a cerveja. O garoto repetiu inúmeras desculpas e saiu envergonhado, mas sem antes xingar baixo pela cerveja perdida. Ela estava no chão, toda molhada, e escutou risadas atras dela, já sabendo quem seria, ela se virou e deparou-se com Liam rindo baixo.

- Acho que você está precisando da minha ajuda... - Ele estende a mão para ajudar a garota a levantar do chão. Mas antes que Saphira pudesse dizer algo, Camille vem correndo na sua direção.

- Saphira! Você está bem?! Venha cá, eu te ajudo. - A colega chegou já levantando Saphira pelo braço, como a ruiva é pequena e magra, foi uma tarefa fácil. Ela nem percebeu Liam revirando os olhos de divertimento.

A ruiva olhou para Liam com todo o orgulho que ainda possuia e abriu um sorriso de vitoria;

- Touché. - Saphira foi puxada pela colega para o banheiro da casa, ela precisava se secar, e tirar aquele cheiro de bebida de si.

- Se divertindo? - August estava parado ao lado de Liam, ele achava o colega muito calado. Liam não conversava muito sobre a sua vida particular, mas gostava da companhia do garoto.

- Sim, bastante. - O filho do diretor observou o olhar do garoto para a ruiva, ele não a olhava com interesse, ele a olhava com curiosidade, como se quisesse estuda-la. Desde que chegou ao colégio, ele a rondava, fazia perguntas sobre as suas amizades, e a sua família. Mas não parecia perguntas amistosas, ele queria alguma coisa da ruiva. E o senso de investigação de August se aguçou para descobrir o que o novato queria com ela. E os dois ficaram lá, cada um com os seus pensamentos.

Depois de se limpar no banheiro, com a ajuda de Camille, Saphira decidiu ir embora, Allison queria acompanhá-la, mas estava se divertindo, e Saphira não queria acabar com a alegria da amiga.
Saindo da festa, ela seguiu para a sua casa, já imaginando outra discussão que teria com a tia. Quando dobrou a esquina, Saphira escutou gritos, uma garota falava alto e com certa urgência, ela parecia amedrontada, Saphira prestou mais atenção nas palavras da garota e seguiu para o som.

- Eu não quero, por favor, me solta. - A garota estava com a voz embargada, lutava com um homem para se soltar, mas ele era mais alto, mais forte, e ela tremia. Sem sequer pensar no que estava fazendo. Saphira gritou;

- Solte a garota agora. - O garoto se virou, ele estava bêbado, e segurava o braço da menina de forma dura. Ele olhou para Saphira com desdém.

  - Vá embora menina, isso não é da sua conta. - Ele abanou a mão, e voltou a sua atenção novamente na garota, ela olhava para Saphira com pânico, suas lágrimas rolavam por todo o seu rosto.

  - Eu disse para soltá-la, se não... - Saphira estava ficando nervosa, ninguém passava na rua, ela estava só.

  - Se não o que? Você vai me bater? Olhe para mim, eu sou o triplo do seu tamanho. - Saphira estava se irritando, sentiu as suas mãos começando a ficar trêmulas, uma sensação já familiar. Ela encarou o homem, precisava fazer algo, ela olhou ao redor e só encontrou um caixote cheio de sacos de lixo, seria pesado o suficiente para dete-lo? Ela sentiu uma dor atrás dos olhos, e de repente, um caixote de lixo que estava próximo ao homem, foi lançado, o jogando para longe das garotas. A menina correu para o lado de Saphira, abraçando a ruiva e chorando.

Quando estava mais calma, Saphira acompanhou a menina que se apresentou como Angeline até a sua casa;

- Muito obrigada Saphira, ele me atacou do nada, eu não esperava, eu fiquei com tanto medo. Obrigada - Angeline ainda estava nervosa, suas lágrimas tinham cessado. Mas ela tremia. Saphira pegou as suas mãos e a apertou gentilmente.

- Não precisa agradecer, já passou. Você está segura agora. - A ruiva estava nervosa, aquela situação foi surreal, ela arremessou latas de lixo em um homem, ela tinha feito aquilo. Não sabia como, mas fez.




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A História Das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora