Capítulo 7

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– Não Annie. Espera! – Poncho diz.

– Ai seu bobo. Haha. Eu quase fecho a porta na sua mão. O que você quer? Eu tenho que me trocar, mas entre...

Nem deu tempo de saber o que estava acontecendo. Em dois segundos chegou perto de mim, segurou meu rosto...

E me beijou.

Não foi como eu imaginei que seria. Não foi um beijo terno. Foi melhor. Foi perfeito. Exatamente o que nós dois precisávamos. Apaixonado, desesperado diferente.

Diferente das mil vezes que antes tínhamos nos beijado. Isso era só para ele e para mim. Não havia telespectadores nem publico presente como testemunha.

Nos separamos só o tempo suficiente para tomar ar. Nenhum de nós dois queria fazer pausas grandes que pudessem apresentar arrependimentos ou sentimentos de culpa. Me assustei com o que estava sentindo por Poncho. As coisas passam por algo e acontecem justo quando tudo estava subindo a tona. De repente, me vieram mil perguntas na cabeça. E Dulce? E a banda? Não se supõe que eram só questões de hormônios? Mais uma vez, ninguém me avisou o que o coração iria sentir. Assim, me assustei, e sei que ele também. Os dois preferiam deter o que estava passando nesse lugar. Mas no lugar de nos sentirmos incômodos, foi tudo ao contrário, como se nossa relação tivesse passado para outro nível. Agora sim já éramos algo a mais que amigos. Já não tinha nada atrás e as coisas seguiram seu rumo. Havia um entendimento entre nós dois e era algo secreto, outro mais. Me sentia sua cúmplice e isso me encantava.

Apenas recordações. Tinha que não pensar nessas coisas, mas continuo mal, continuo triste e agora, mais que nunca, quero continuar minha história com ele.

O concerto de Rumania foi estranho. Fazia muito tempo que não acontecia algo assim. Tratei de agir normal e não mostrar minha fúria pelas mudanças dentro do show. Ia fazer meu maior esforço para que as pessoas desfrutassem do concerto e ver que Poncho e eu, seguimos sendo os mesmos. Mas não foi assim. Ali não houve conexão. Ele quase nem me olhava, não chegava perto, cantava pra mim como se não fizesse consciente que era eu quem estava na frente dele. Não tem nada mais humilhante e cruel que se sentir excluída pelo garoto que você adora. E o melhor, seria me mostrar um poço de orgulho e não me quebrar na frente dele. Não falaria. Pagaria na mesma moeda. Eu não posso. Pra fala a verdade, já nem vontade de ficar brava tinha... Só queria seguir chorando, me escondendo de todos.

Mas o trabalho, tinha que continuar. Falei o necessário com ele durante a gravação do novo vídeo. Procurava não ficar sozinha com ele em alguns lugares, e então sempre estava junto com o resto dos garotos; os tinha como proteção. Tínhamos outro concerto: Valladolid. Outro concerto quase sem ele. Já não agüentei. Desabafei com quem mais me conhece: Meus fãns. Quando gravei minha musica, jamais pensei que fosse chegar a me sentir assim ou que ia me identificar tanto com ela. Algún dia. Algum dia espero relembrar de todo este sofrimento e saber que valeu a pena. Algo bom tem de vir de tudo isso. Quero pensar que é só uma prova a mais. Mas que tamanho de prova, caramba! Sinto muito por ter me desfeito daquele jeito no palco. A emoção me ganhou e saíram as lagrimas. Sabia que ele estava me escutando lá atrás e sabia que havia captado minha mensagem.

Você vai sentir minha falta, cara. Eu sei que vai sentir minha falta.

Nos colocaram distantes. Era necessário e obrigatório que as águas se acalmassem. Eu estava na completa depressão e nem o consolo dos meus amigos me ajudavam. Necessitava da minha família a sobretudo, queria o Poncho por perto. O meu Poncho de sempre. O mandaram para um país a uns dias e eu fui com o resto da turma para outro. Se ajudou? Claro que não. Por mais que me fizesse de desinteressada, tratava de escutar as conversas por telefone, de Chris com ele, ou ficava sondando pra ver se Mai ou Dul estavam lendo algum de seus e-mails. Necessitava saber dele. Foram só alguns dias e eu sentia que tinha sido uma eternidade. Morria de vontade de voltar a Madri e vê-lo. De qualquer maneira, estava sofrendo. Assim, qual a razão de ter ele tão longe? Melhor sofrer por perto, não? Sim, minha situação havia chegado a esse grau.

Totalmente masoquismo. O típico "Me pega, mas não me deixa", que vergonha. Mas quem entende as mulheres? No final, já o tinha em minha frente, comendo no lobby comigo e com todos outros do grupo. E agora não queria vê-lo. Não sabia como me comportar e queria saber o que ele pensava de mim, o que sentia por mm. Terá notado pelo menos minha presença? Se por acaso não a notou, Pedro o fez notar, porque nesse momento ele armou uma grande. Nosso querido chefe/pai/guiador etc, nos explicou o que estava acontecendo com os fãns durante os dias que nos deram descanso. Como era de se esperar, e tal que o adverti, se armou uma revolução por tirar os beijos dos concertos. E me da vergonha, mas tenho que confessar que uma parte de mim se sentia tão orgulhosa das traumadas com sua reação e que sentiam o que estava passando comigo e com Poncho. Estávamos conectadas e já não me sentia tão sozinha. Seguinte passo, Pedro nos sugere que voltemos com os beijos nos show. Afinal de contas, era o publico que queria. Dulce e Chris não tiveram problemas, eles se ajustavam ao que nós dois decidíssemos.

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