Capítulo 11

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Já basta e isso não esta me ajudando. Continuo igual. Já necessito de um pouco de paz. É desgastante estar assim. Já não me sinto só triste, agora estou doente. Outra vez minha garganta. Não posso me descuidar. Não posso me descuidar da minha gente. Eles não tem culpa de nada. Não merecem me ver assim. Necessito tomar uma decisão. Posso continuar chorando e ver como ele se afasta mais e mais. Ou posso só continuar chorando, (Porque a quem engano? Sou a mais chorona, e também, isto ainda não esta tão superado) mas ao mesmo tempo, fazer um esforço de se não der para reconquista-lo, ao menos não perde-lo.

Mas e se o motivo de andar com ela, na verdade foi algo que eu fiz? Devo me sentir culpada?

Não acordei uma manhã sabendo que estava apaixonada pelo Poncho. Digamos que foi algo que foi captando com tempo. Coisas que melhor dizendo, se tornam habituais e sem importância, e de repente você descobre que são vitais para você, que sem essas coisas não poderia viver. Como fosse dar conta em uma casa, que se sente só sem ele, ou buscar seu cheiro impregnado em minha almofada. E rápido descobre que apesar de conhecer-lo e ter tanto tempo convivendo juntos, as mariposas no estômago nunca desaparecerão e o mais importante de tudo, é que descobre que é a única pessoa que pode odiar com a mesma intensidade com que pode amar. Odeio ele por fazer tanto efeito em mim e ao mesmo tempo amo que eu o tenha.

Agora que estou doente, ele tem se comportado divinamente comigo. Fica comigo, checa se já tomei as pastilhas, procurar fazer com que eu não fale muito para não me desgastar. Assim é ele que faz toda a conversa, obviamente evitando temas incômodos. Me conta de todas as burradas que fez em Londres, me empresta seu iPod para ouvir as canções novas que baixo, ou simplesmente fica comigo em silêncio ou me obriga com os olhos a terminar a comida. Não necessitamos dizer nada, simplesmente se ficarmos perto um do outro, é reconfortante.

E odeio isso. Odeio que com esses gestos, me faça esquecer o triste que tenho estado e odiar que morro porque me abraça, ou fique comigo em meu quarto enquanto eu durmo, mas não posso. Como não amar? Ele tem cuidado de mim, como uma princesa. Sempre está me vendo, me consola quando choro pela importância de não poder cantar ao máximo. Como não amar suas atenções? Tudo natural, já não tem nada forçado. O que ele faz é porque tem vontade. Não posso evitar uma apreensão cada vez que olho pra ele e ele me vê.

Mas quem assegura que vamos continuar assim? Me sinto tão insegura. Aparentemente as coisas estão estáveis, mais me restam poucos dias " sozinha " com ele. Dentro de alguns dias, vamos para Espanha, e em uns dias ele vai voltar pra ela. E eu? Não sei se eu vou poder suportar. Me tranquiliza estar aqui porque eu tenho alguns passos de distância, sei o que faz e onde vai. Mas no dia em que voltarmos para o México, fora de nossos compromissos, eu não vou ver ele. Me encantaria pensar aqui, que com certeza chegando, ele termina com ela e tudo volta ao normal. Mas não sei porque me faço de tonta, ele nem sequer me diz nada. Mas não sei o que ele pensa. Todas as minhas conclusões são baseadas no que eu sinto relação ao seu comportamento.

Não sei se devo enfrentar e falar com ele de uma vez por todas. Acabar com tantas perguntas que eu tenho feito em toda a viagem, ou deixar as coisas assim e esperar ver como avançou relação com Cláudia.

Já até dou risada da ironia de tudo. Se tivessem me dito, o que me esperava, não sei se eu teria acreditado. Agora eu me arrependo de ter essas atitudes que eu tive e decisões mal tomadas. Devia ter achado de lado, o rolo com a Dulce, da questão de não querer magoa-la. Ela queria entender entender o que passou comigo e com Poncho. Sei que não foi tão fácil digerir, mas era algo que eu já ia ver isso. Se ela que era a principal afetada, nos apoiava, O que importava o resto do mundo? Creio que até ela foi a mais surpreendida quando contei que não havia aceitado andar formalmente com Poncho. Erro meu. Feito esta. Outra mais? Não devia deixar a relação começar a se tornar tão aberta. Sei que o que passava com nós dois não era só paixão. Havia e creio que ainda há um sentimento forte entre a gente. Assim eu me pergunto: por que compartilho meu garoto, quando o podia ter só pra mim? Tantas cenas de ciúmes que poderíamos ter evitado pelas duas partes. Também, feito esta. Devia, devia, devia... Bla, bla, Bla... Já nem importância, tem me lamentar.

Mas apesar de tudo, tem algo de que eu não me arrependo. E isso é ter entregado a ele, tudo de mim. Meus sonhos e minhas realidades. Meu corpo e meu espírito.

Não sei o que nos espera quando voltarmos. Mas quando ele ver ela, desejo com todo o meu coração, que ao menos um segundo, ele se lembra de mim. Se lembra da nossa história.

Comprovado. O tempo não ajuda. Impossível arrancar alguém de dentro do seu coração. E quem disse que podia, mentiu.

Está legal! Já passou bastante tempo desde o acontecido. Bastante tempo, bastantes viagens e um montão de tentativas. Na verdade, eu mereci a porrada que levei alguns meses atrás. Mereci por ser muito confiada, por ser pretensiosa, por querer mudar meu destino.

Já não me lembro bem da primeira conversa a sós que tivemos depois que se acabou. Depois de tudo isso. Como quando não se tem uma vantagem de saber algo e se você se concentra nas palavras chaves, nessas que nos fazem sentir conformados. E assim foi. Afinal o que lembro dessa conversa é:

"- Any, terminei..."

E com isso fui feliz, e não nos falamos mais.

Na realidade nem fazia falta. Era bastante óbvio o que ele sentia. Trazia uma cara de perdedor porque não pode estar com ela e a odeia, a odeia por fazê-lo se sentir assim. O odiei mais, por ele ser retardando, caprichoso, e por querer também mudar seu destino.

Agora me lembro dele, e isso me comove muito. Me dá uma vontade enorme de ir correndo abraça-lo e consola-lo. Apesar de que é estranho, porque é algo bastante superado. Mas nesse momento como uma boa garota ciumenta, me sentia feliz, satisfeita. Ver ele com o " rabo entre as pernas " e eu provocava, bombardeava ele com comentários para fazer-lo saber - obviamente na frente de todos - o pouquinho que havia durado o capricho.

Mas não aguentei. Sim, sou fraca com ele. Sou o que queria que fosse. Me converto no que dá vontade a ele. Nada mais que esses olhos e três palavras bastaram para que eu perdoasse ele. Meu coração, meu estômago e algo mais me pediu aos gritos para estar com ele e sentir ele perto.

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