Capitulo 12

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Mas não. Me ganhou algo, não sei de onde... dentro de mim, mas não sei se foi quando lembrei a inchação que me deu nos olhos depois de ter chorado tanto, ou me dar conta que apesar de que estava descobrindo e reconhecendo o meu amor por ele, e com tudo isso também descobrir que tem uma Anahi mesmo disposta a apaixonar-se e enfrentar as consequências que isso leva. Também podia se deixar quebrar assim por alguém, por algo. Sou dona de mim, nada mais.

E bom, também tem a outra parte.

Ele... Ele estava doido. Se arriscou e falhou. Isso conta muito. Seguiu sendo mesmo romântico e conquistador de sempre. Continuou com os jogos e seus carinhos, mas havia algo que nos marcava o limite. Havia algo que não sabíamos o que era. Não tinha um nome, mesmo que procurássemos. Sempre com uma vontade de querer estar perto, e ao mesmo tempo longe. E ninguém dizia nada, ninguém fazia nada. E eu enquanto isso... Imaginando, sonhando acordada que o beijava como antes, como nunca. Isso não me atormentou, não me preocupou. Melhor desfrutar das maravilhas do meu dia-a-dia, comer um chocolate, ver um rapaz bonito, sonha com a praia, uma tarde de desenhos, conversa com a minha irmã, um fã cantando minha canção...

Estou bem. Sempre, ao final das contas, seguimos bem.

É uma etapa a mais. Um passo a mais que me faz entender que eu vou querer ele para sempre, como nunca quis alguém.

Tem vezes que já não posso mais. É muita pressão, muito movimento, constate stress, nunca paro. E adoro o que faço, mas de verdade, eu tenho que pensar nessas três anos. Creio que se vão passando como um filme adiantado. Eu não sei se tenho realmente tempo de processar o sonho no qual estou vivendo. Me dá medo de acordar. Me aterroriza não saber se vou seguir existindo, uma vez que esse movimento pare. Tenho tantas ideias revoando em minha cabeça. Nem dormindo deixo de me mover. Sempre adiante, planejando, imaginando e desenhando.

Mas esse sentimento não é permanente. Poucas coisas da minha vida são. Agora posso sentir que me afogo, mas daqui a pouco já estou rindo de uma piada de Christian ou jogando a que Peter e eu criamos o conto perfeito.

Acabo de saber que cancelaram uma turnê que já havíamos começado. Por que? Não sei... São causas além de nós. Na realidade 90% são das coisas que estão fora de nosso alcance. Nós somos como marionetes. Nos movem como querem e nós não podemos fazer nada contra isso.

O que foi em mim e dói a eles. Eles que movem fronteiras para ver a gente. Eles que com sacrifico pagam um ingresso e eles que simplesmente nos amam e nos querem ter por perto.

Se nós seis pudéssemos, já teríamos nós dividimos em pedacinhos para estar em cada parte do mundo, de cada país que gosta do que cantamos. Desde o país que nos viu nascer, até o que aprende o idioma por amor.

Mas é impossível. Não posso me dividir em pedaços, nem pisar em cada lugar. Tentamos. Temos tentado estes anos. Cumprir, retribuir pelo menos um poço do amor de cada sorriso, cada grito, cada coro cantando. Mas não se pode e por isso me sinto assim. A ponto de explodir. Não sei se de impotência, de agradecimento, de cansaço, ou das três coisas, ou de nenhuma.

Mas vem com coisas novas. Vamos começar do zero. Voamos muito alto e muito. Necessitamos todos tocar o chão, voltar a sentir a emoção dos primeiros concertos, a emoção das primeiras canções, e recarregarmos a energia das primeiras vezes de tudo.

Mas isso não quer dizer que eu me esqueci ou deixe por menos tudo o que vivemos juntos. Cada erro e cada acerto. Jamais trocaria esse jantar no Chile cheio de confissões e perdões entre os seis. Nem esse concerto chuvoso na Colômbia. Ou da primeira vez que enchemos um estádio no México. As lágrimas de uma fã no Brasil. O abraço de um fã na Espanha...

Jamais trocaria sentir seu beijos na praia de Miami, sua boca em Porto Rico ou suas carícias na tarde em Salvador. Simplesmente não imagino viver tudo isso sem ele.

– Any. Vem, corre. Veja essa vista, está impressionante.

Deus. Havia visto tantos entardeceres antes, em diferentes praias, com diferentes pessoas... Mas jamais havia me maravilhado como dessa vez.

– Não brinca Poncho. Até me arrepio...

E ali, parados sozinhos nesse balcão de hotel em Cancun, ficou atrás de mim e me envolveu em seus braços. E assim, os dois em silencio, seguimos admirando como o azul do mar se perdia com o azul do céu, enquanto se ia fazendo a noite.

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