Capítulo 117

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Maju narrando:
Acordei com o barulho do rádio do C4 apitando de uma forma desesperadora e logo depois algumas explosões.
Eu não sentia mais os braços dele ao redor da minha cintura, lembrei do meu sonho e levantei assustada.
O C4 me encarou rápido e pegou o rádio encima da mesinha.
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                      Rádio
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C4]: AGUENTA AS PONTA E MANDA SOLDADO PRA CÁ PORRA!
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Ele jogou o rádio na cama e começou a andar de um lado pro outro.
Meu coração se apertou e foi aí que eu entendi o que tava acontecendo.
Escutamos um estrondo, começou a ser lançado pro céu, folgos e mais fogos, clareando o quarto inteiro.
Os barulhos foram aumentando, dava pra ouvir os gritos dos moradores, a chuva parecia aumentar mais e mais, os relâmpagos eram cada vez mais altos.
Meu corpo tava paralisado enquanto minha bebê não parava de chutar, foi quando veio uma vontade louca de chorar.
C4: Maju? Morena? (ele segurou meu rosto entre as mãos)
Suas mãos tavam geladas, mais a sua expressão era firme.
Maju: Eles tão invadindo? (perguntei nervosa)
Maju: Amor... (choraminguei)
Ele me encarou e levantou da cama rápido, pegou um colete à prova de balas dentro do guarda-roupa, colocou ele e vestiu um casaco preto pôr cima, fechando o mesmo e botando o capuz na cabeça, calçou um tênis e entrou no quartinho que tinha de frente pro nosso quarto.
Saiu de lá com duas armas enormes, uma atravessada nas costas, a outra pendurada no ombro esquerdo e uma pistola cromada na mão direta.
Minhas lágrimas escorreram e ao mesmo tempos, alguns tiros foram disparados fazendo eu levar um susto.
Eles se misturavam com os barulhos dos relâmpagos, dos folgos e dos estrondos causados pela a chuva.

ERA UM INFERNO!

Eu chorava descontroladamente.
C4: Morena! Escuta! (ele se aproximou)
C4: Você vai ficar aqui dentro! Segura! Vai proteger os nossos filhos e não vai sair daqui de casa pôr nada!
Maju: Não... (chorei)
Maju: Fica! Por favor amor, fica aqui! Comigo! Com os seus filhos! Por favor... (alisei o rosto dele nervosa)
C4: Vai ficar tudo bem amor, faz o que eu tô falando. Facilita morena! Facilita pra mim, tô ficando mais nervoso! (me abraçou)
Os ruídos que saiam da minha garganta eram tão altos quanto os tiros lá fora.
Abracei ele com força e tentei me acalmar, mais parece que o desespero só aumentava.
C4: Olha pra mim morena! (pediu)
Eu neguei com a cabeça, não queria olhar porque eu sabia que depois que eu olhasse, ele iria embora.

E eu não queria que isso acontecesse!

Ele levantou minha cabeça com calma e me encarou com aqueles olhos pretos.
C4: Morena! Eu prometo que vou voltar e que a gente ainda vai se ver! Tudo vai ficar bem! Mais pra isso acontecer, você precisa se proteger! A gente não passou pôr tudo isso à toa, né não!? Olha...você foi a mina mais incrível que eu já conheci, você foi o fiozinho de luz no meio do breu que tava a minha vida. Brigado nega! Brigado pôr alegrar meus dias! Brigado pôr ficar comigo! Brigada pôr me perdoar! (ele falou e eu chorei mais ainda)
C4: Eu te amo Maria Júlia Albuquerque!
Maju: Eu também te amo meu bandido! (chorei)
Ele me puxou e me beijou, eu abracei ele mais uma vez e a gente foi se separando aos poucos.
Ele deu um beijo na bochecha do Mateus que ainda dormia e eu vi uma lágrima escorrer no seu rosto.
C4: Papai te ama vencedor! (sorriu e limpou a lágrima)
O rádio dele começou a apitar de novo e ele pegou ele firme.
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                      Rádio
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C4]: Tô partindo mano! Seja o que Deus quiser!
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Ele olhou pra mim, deu um último beijo na minha testa e saiu do quarto.

Os tiros não paravam!

Muito pelo o contrário, eles pareciam aumentar junto com a chuva.
Meu coração batia rápido e minha barriga se contraia, fazendo minha filha ficar inquieta como se ela tivesse sentido a mesma dor que eu.
Escutei alguém me chamando num grito, levantei da cama depressa e desci as escadas com cuidado, os tiros só ficaram mais altos.
Xxx: MAJU! (gritaram de novo)

...Mari!

Abri a porta da sala e fui correndo até o portão, abri ele desesperada e ela entrou rápido.
Me abraçou, fechou o portão atrás dela e me levou pra dentro de casa de novo.
Maju: Ele...ele saiu Mari! Ele não pode me deixar! Não pode!
Mari: Vai ficar tudo bem minha flor! (fez carinho na minha cabeça)
Lembrei do meu sonho de novo e fechei os olhos com força.
A parte do C4 levando um tiro era nítido e isso só me deixava ainda mais nervosa.
Minha filha não pode perder o pai antes de conhecer ele.

Não! Não! Não!

Foi aí que eu tomei uma decisão.
Maju: Mari fica com o Teteu lá encima! Porfavor...Cuida dele! Eu vou ficar bem! (falei segurando o choro)
Ela me olhou preocupada e concordou com a cabeça.
Deu um sorrisinho de lado e se afastou, subindo as escadas.
Eu esperei um pouco e subi atrás, entrei no quartinho do C4 e tentei ser rápida.
Peguei um colete a prova de balas, coloquei ele pôr cima do meu moleton e respirei nervosa.
Me aproximei das armas e peguei uma pistola, sai do quarto em passos largos e desci as escadas sem fazer barulho.
Corri pra fora de casa e segurei firme no trinco do portão.

Pela a minha família!

Naquele momento eu surtei...
Esqueci de tudo e de todos, abri o portão e sai pra rua.
Minha barriga doía muito e minhas pernas tremiam, mais eu não ligava.
Os soldados tavam tão atentos nos inimigos, que nem me perceberam.
As lágrimas que escorriam pelo o meu rosto, se misturavam com as gotas de chuva e a cada relâmpago meu corpo se encolhia enquanto eu resava pra Deus acabar com aquele inferno.
Os barulhos dos tiros eram ensurdecedores e ficavam cada vez mais intensos.
Sai andando escorada pelas paredes dos becos, minha barriga se contraia cada vez mais e eu não conseguia me controlar de dor.
A paredes chapiscadas me fizeram vários arranhões, mais mesmo assim eu respirei fundo e continuei andando.
As ruas tavam vazias e só se ouviam os tiros, foi quando eu entrei em um dos becos e vi o meu bandido...

AM♥R DE FACÇÃO - Onde Tudo Começou...Onde histórias criam vida. Descubra agora