Capítulo 3 - Não fique tão perto de mim

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Um ano havia se passado desde que eu tinha perdido a minha Mãe e meu namorado, eu estava morando com meu Pai, que ainda não se desculpava, por ter bebido naquele dia, por ter feito aquelas piadas, por ter estressado a minha Mãe, e desde então, ele havia parado de beber, foi um choque para todo mundo, ele não era alegre como antes, eu também não era, eu faltei o colégio por um ano, porque toda vez que eu descia e ficava pronto, eu esperava a buzina do carro do Jake tocar, a minha Mãe insistir para que eu levasse a lancheira, mas isso não iria acontecer mais, nunca mais.

Um ano atrás

- Luke, você não vai mais estudar? – pergunta meu Pai. – Sei que você está triste, eu também estou, mas largar os estudos não vai...

- É, eu sei. – digo. – Mas o colégio tirou o primeiro ano médio, lá agora só é segundo e terceiro ano médio.

- Então comece o segundo ano médio. – diz meu Pai. – Oque você não souber, você estuda em casa.

- Hum. – digo.

Eu ainda não havia contado ao meu Pai sobre a minha sexualidade, mas agora, definitivamente, não era a hora certa. Eu comecei a trabalhar na parte da noite em uma loja de calçados, já que antes, era minha Mãe que trabalhava, então...estávamos precisando de dinheiro.

Havia um cara que estava afim de mim no trabalho, mas eu não estava com cabeça para ficar ou namorar com alguém, mesmo que já tivesse se passado um ano, ainda era recente para mim, sempre vai ser.

- Você nunca mais me falou da Jaqueline, filho. – diz meu Pai.

- Não vou ao colégio há um ano, ela deve ter arrumado outro. – digo.

- Hum. – diz meu Pai. – Certo.

- Certo. – digo.

- Como é andar à pé até o colégio? – pergunta meu Pai.

- Pai, para de me fazer lembrar do passado, por favor. – digo.

- Ah, desculpa, vou...vou ali. – ele diz.

Estávamos sem carro, já que o antigo bateu no caminhão e o ônibus escolar não chega na minha rua, que aliás, eu odeio, odeio calor, odeio essa cidade. Eu tinha que sair quase uma hora antes do que eu costumava sair para chegar no colégio e ainda chegava atrasado, era difícil, mas era algo que eu tinha que me acostumar, de um jeito, ou de outro. Chego do colégio e vejo meu Pai na sala de estar assistindo TV e tomando...refrigerante.

- E aí, filhão, senta aqui com o velhote. – diz meu Pai.

Escutar aquilo me trouxe uma nostalgia, dos momentos felizes, quando percebi já estava chorando, então subi as escadas e me tranquei no meu quarto.

- Luke, filho, desculpa se eu disse algo errado. – diz meu Pai, batendo na porta. – Eu fiz a janta, vem comer, fiz o bolinho que sua...vem comer.

Depois de uns trinta minutos, desço as escadas e vou em direção à cozinha, meu Pai está sentado na mesa, com o prato vazio, olhando para mim.

- Demorou hein, campeão? – diz meu Pai. – Estava brincando com as mãos?

- Pai...eu... – digo.

Meu Pai estava '' feliz '', aquele era o momento certo para contar, não...meu Pai estava feliz, não era o momento certo de contar.

- Eu estava fazendo a tarefa. – digo.

- Hum. – diz meu Pai. – Os assuntos estão fáceis de entender?

- É, da para se virar. – digo.

Good Luke [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora