Capítulo 6 - Ambos

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Vamos falar sobre coisas estranhas? Essa é uma dessas. Como assim em 1968? Nem cara de velho eu tenho, aliás, estamos conversando por um rádio, não dá para ver meu rosto, eu acho.

- O quê você quer dizer? – pergunto, confuso.

- Exatamente oque eu disse. – diz Jake. – Faz quatro anos que você sumiu e...

- E? – pergunto.

- Luke, você está aqui. – diz Jake.

- Estou aqui, não aí. – digo.

- Não, você está aqui. – diz Jake, com a voz tremula. – Na minha frente.

- Com quem você está falando? – pergunta uma voz, exatamente igual a minha. – Olá, quem és tu que conversas com meu namorado?

- Certo, talvez eu não fale como um Português de Portugal. – penso.

- Olá? – diz a voz novamente.

- Luke, vai parecer estranho, mas estou falando com você do futuro. – diz Jake. – Mais especificamente, você do ano 2016.

- O mundo não acabou no ano dois mil? – pergunta, pergunto, pergunta, pergunta o Luke de 1968.

- Isso não é importante agora. – diz Jake. – Eu...quem é você?

- Como assim quem sou-

- Luke, tem alguém aqui, ele está com uma faca no pescoço do Luke. – diz Jake. – No meu Luke.

Não sei porque aquilo me doeu.

- Certo, quem é que está aí? – pergunto. – Pode descrevê-lo?

- Olá, Luke.

- James? – pergunto. – Espera, há dois James também? Onde está o James daqui?

- Eu sou o James daí. – James diz. – Só há um James, você realmente esquece das coisas, não é, Luke?

- Luke de 2016, ele vai matar meu Luke. – diz Jake. – Por favor, me ajuda.

- James, eu não estou entendendo o porque de você estar fazendo isso. – digo.

- Pelo simples motivo de você ser meu. – diz James. – Se eu não posso te ter, ninguém pode, e eu matando você do passado, você do futuro não existe.

- Então me mata. – diz Jake. – Eu não existo no futuro do Luke, então não vai fazer diferença.

- Foi o Jake de 2014 que morreu, não você. – digo. – Se ele morreu no futuro, você não desaparece, se você morrer, ele não irá voltar, e eu não quero ficar sem você de novo.

- Você percebeu que você tecnicamente se declarou para o avô do Jake, não é? – pergunta James.

- Se o James de 2014 não nasceu, o James de 1968 não é avô dele. – digo.

- E nem seu namorado. – diz James, se aproximando do microfone. – Já existe uma versão sua aqui, que está prestes a....

Ouço uma batida.

- O quê aconteceu? – pergunto. – Oi?

- Eu bati no James. – diz Jake. – Ele desmaiou, ele está com uma foto na mão, ele aaaah...

- Jake?

- Olá...

Jake estava na minha frente, cabelo bagunçado, vestes antigas, falando comigo usando palavras formais, era o Jake de 1968.

- Como você veio parar aqui? – pergunto.

- Eu apenas toquei na foto. – responde Jake. – Você sabe quem são esses na foto?

- É uma foto preto e branco, são meus pais. – digo.

- E por quê ele estaria com uma foto dos seus pais? – pergunta Jake.

- Porque eu lembrei. – respondo.

- Lembrou do quê? – pergunta Jake.

- Responda, Luke. – diz James, no rádio.

- Eu lembrei o nome do meu pai. – digo.

- E qual é? – pergunta Jake.

- James.


Good Luke [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora