Capítulo 4 - Como se começa uma história de quase-amor

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Naquele momento, vários pensamentos, várias emoções, estavam passando na minha cabeça, eu não sabia oque fazer, continuar correndo parecia certo ao mesmo tempo que parecia muito errado, eu apenas continuei correndo, como se tivesse feito algo errado, como se eu...fosse o culpado.

Cinco meses antes

Eu acordei deitado no banco da cantina da minha escola, alguém me chamava, dizendo que eu iria perder a primeira aula.

- Por quê você não veio para a festa de Dia das bruxas ontem, mas tá vestido com essa camisa ensanguentada e essa tesoura na mão? – perguntava um cara, que parecia me conhecer bem.

- Onde eu estou? – pergunto. – Como eu vim parar aqui?

- Festa de Dia das bruxas ontem, você me ligou, disse que não iria vir e agora de manhã você aparece com sua fantasia de assassino em série, acho. – diz o cara.

- Ah...certo. – digo. – Obrigado...Qual teu nome?

- James. – ele diz. – Você não é bom em decorar nomes, não é?

- Mais ou menos, por quê? – pergunto.

- Não, nada não. – responde James. – Vamos para a aula.

- Espera. – digo. – Em que mês estamos?

- Hoje é 02/10/2016. – responde James. – Por quê?

- Porque Dia das bruxas é no final do mês. – digo.

- Você tem Alzheimer? - pergunta. – Não lembra que as provas finais são no final de Outubro, em Novembro tem recuperação e em Dezembro, as férias? Aliás, as últimas, nem acredito que já estamos no fim do terceiro ano.

- Terceiro ano? – pergunto, confuso. – Estamos no terceiro ano?

- Poxa, você tá precisando mesmo visitar aqueles médicos da cabeça. – diz James.

- Mas não lembro dos oito meses anteriores. – digo.

- E pelo jeito, nem de mim. – diz James. – Mas deve ser efeito da bebida.

- Eu bebo? – pergunto.

- E pelo jeito, fuma, se droga, cheira, e engole também. – diz James. – Enfim, vamos.

- Certo...Vamos. – digo.

Os dias se passam e logo chegam as provas finais, apesar de não lembrar dos assuntos do ano todo, nem ter estudado, eu consigo passar de ano e terminar o ensino médio, mas quando penso que está tudo acabado, a diretora nos diz que teremos mais uma semana de aula extra para os aprovados, aula de despedida, e na mesma semana, será a semana de recuperação para os quase reprovados. É, isso é confuso, mas pelo menos, estou enfrentando isso pela última vez.

Um mês foi o suficiente para eu pegar ódio de praticamente todos daquela sala de aula, e até mesmo de outras, os professores também não eram legais, era estranho, o fato de eles me ignorarem, mas citarem meu nome, mas enfim, tenho coisas mais importantes com que me preocupar.

Era o dia mais quente que eu tinha presenciado em meus 20 anos de vida, eu estava estressado, tudo e todos me irritavam, barulho de buzina, pessoas gritando na rua, tudo, até um simples pernilongo me irritava, mas tentava não transparecer isso, era meu último dia de aula, eu iria entrar de férias e nunca mais iria ver aqueles rostos insuportáveis outra vez, e isso me deixava um pouco feliz.

Eu morava em uma cidade quente, onde a chuva não adiantava em nada, onde não nevava, onde um picolé não durava dez segundos no palito, por fome? Claro que não, por calor! E meu sonho era viajar para uma cidade próxima, um lugar frio, onde bonecos de neve poderiam ser construídos e ficar lá por praticamente um ano, mas era só um sonho mesmo.

Eu ia atravessando a rua, quando um cara me empurrou, impedindo que eu fosse atropelado, ele era daquele tipo de cara gentil, mas que irritava, que não parava de pedir desculpa, não por ter me salvo e sim por ter derrubado meu milk-shake.

Ele se ofereceu para levar meu milk-shake onde eu estudava, mas eu decidi faltar o último dia de aula e ir com ele, tomar milk-shake, descobri que seu nome era James, que ele tinha 20 anos e que morava só, e ah, que ele era trabalhava naquela sorveteria, ou seja, não iria gastar '' me pagando '' um milk-shake. Tinha começado a chover, ele disse que eu podia passar uns dias na casa dele, e sim, ele disse isso, porque eu contei sobre oque havia acontecido comigo.

Uns dias haviam se passado, ele tinha sido legal comigo esse tempo todo, e disse que eu poderia ficar lá o tempo que eu precisasse, eu não queria me aproveitar disso, mas concordei, ele me arrumou um emprego na sorveteria, e com isso, cada um comprava oque precisava para a casa, parecíamos um casal, mas só parecíamos mesmo.

- Ei, quer arrumar o sótão comigo? – pergunta ele.

- Sim, sim, sempre se encontra coisas legais ou assustadoras lá. – digo, sorrindo

- É...mas acho que não tem essas coisas no meu sótão, é um sótão simples. – diz ele, são sorrindo.

- Tá bem. – digo.

Fomos arrumar o sótão dele, que parecia pequeno por fora, mas era grande por dentro, haviam várias coisas velhas lá, desde álbuns de fotografia à eletrônicos. James me contou que eram coisas dos pais e avós dele, que deixaram como um tipo de herança para ele, porque sabiam que ele amava essas coisas antigas, continuamos arrumando as coisas lá, e não esperávamos encontrar nada de valioso lá, até que encontramos um radioamador, cheio de poeira, era um radioamador da época do avô dele, que trabalhava com essas coisas, terminamos de arrumar as coisas e decidimos testar, e...ele ainda funcionava.


Good Luke [ FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora